Só sei dançar com você - Isso é o que o amor faz

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- Quem você pensa que é para me chamar de mentiroso? – Pronto. Eu havia acabado de perder o pouco de paciência que me restava. – Eu amei muito o Alexander, amei profundamente, mas o amor que eu sentia por ele acabou. Ele está feliz com seu restaurante e eu feliz por voltar a minha vida antiga, simples assim... Então eu sugiro que você saia da minha casa e não volte nunca mais. Nós não temos absolutamente nada para conversar. – Fui até a porta e esperei que ela saísse, mas Maryse continuou sentada observando cada passo que eu dava.

- E eu sugiro que você pare de tentar mentir para mim, você não é bom nosso. – Retrucou cruzando as pernas. Uma óbvia declaração de que ela não iria a lugar algum.

- Diferente de você, eu suponho!

- Sabe, Magnus.... Um pouco antes do nascimento da Isabelle, eu estava lendo uma matéria no jornal sobre distúrbio de personalidade e...

- E você descobriu que era uma psicopata fria e calculista? – Dei uma gargalhada.

- Estou mais para uma sociopata. – Disse como se fosse a coisa mais normal do mundo. – Eu sou uma sociopata fria e calculista. É isso o que eu sou, Magnus. – Foi até a janela. – Mas até mesmo eu tenho um coração, e o meu se partiu quando viu o Alexander sentado em um canto escuro olhando para uma foto sua. – Virou-se, e eu pude ver lágrimas em seus olhos. - Ele diz que superou o que aconteceu entre vocês, mas passa as noites acordado olhando para uma foto sua.

- Mas esse não era o seu maior desejo? Me ver a milhas de distância do seu filho. Pensei que você estivesse dando pulos de alegria.

- E era. Mas pela segunda vez em minha vida, eu vi o meu maior sonho se tornando o meu pior pesadelo. – Sorriu sem emoção.

- O que mudou, Maryse? – Perguntei fechando a porta.

- Como?

- Ele sofreu quando estava no hospital e você impediu a minha entrada, sofreu quando você me mandou para a cadeia e quando o mandou para a Inglaterra com uma passagem só de ida. Por isso eu pergunto... O que mudou? Porque até onde eu sei, ele também sofreu nessas ocasiões e em nenhum momento você se importou com isso. Na verdade.... Você se sentia feliz com o nosso sofrimento. Por isso eu te pergunto... O que mudou? Porque você começou a se importar?

- Eu não sei o que aconteceu comigo, Magnus. – Voltou a se levantar. - O Robert morreu implorando que eu voltasse a ser a Maryse que ele conheceu no primeiro dia de faculdade. A menina doce, carinhosa e altruísta por quem ele se apaixonou. Mas por mais que eu tentasse, meu coração continuava frio igual a uma pedra. Mas no mês passado, eu decidi ir visitar o Alexander e o encontrei sentado em um canto escuro da casa olhando para uma foto sua. – Virou o rosto para que eu não visse suas lágrimas. – Meu filho estava chorando enquanto olhava para a sua foto. Foi ali que tudo mudou.... Quando me dei conta, eu já estava lhe abraçando e chorando tanto quanto ele. – Virou-se. Seus olhos estavam vermelhos e sua maquiagem borrada. – Foi naquele momento que eu percebi o mal que havia feito com o meu próprio filho. – Segurou minhas mãos e me olhos nos olhos. - Eu sei que não tenho o direito de te pedir absolutamente nada depois de tudo o que eu fiz, mas eu estou desesperada. – Fez menção de se ajoelhar, mas eu a impedi. – Por favor, o Alexander precisa de você para ser feliz.

- Maryse, eu sinto muito.

- Não venha me dizer que você não o ama mais porque eu sei que é uma grande mentira.

- Não, não é uma mentira. Eu sinto muito!

- Sabe qual é o pior sentimento que existe, Magnus? – Perguntou enxugando as lágrimas.

- Hum!

- É o arrependimento. Eu passei a vida toda lamentando o que aconteceu comigo e acabei negligenciando o homem maravilhoso que esteve sempre ao meu lado. Você não faz ideia do quanto eu me arrependo de não ter aproveitado cada segundo em que ele esteve ao meu lado. Me arrependo de não ter dito mais vezes o quanto o amava e o quanto ele era importante na minha vida. – Foi a cadeira em que estava sentada e pegou sua bolsa. – Eu espero do fundo do meu coração que você nunca passe pelo que eu estou passando. - Pediu que eu estendesse uma das mãos. – Esse é o endereço do Alexander. Não deixe que a magoa te impeça de ser feliz. – Sorriu sem jeito e saiu de cabeça baixa.

Assim que a porta se fechou, minhas pernas começaram a tremer e eu senti uma vontade enorme de voltar para a cama e chorar até o outro dia. Quem aquela mulher pensa que é para vir até a minha casa e acabar com a minha estabilidade emocional? Mas eu não irei cair em seu jogo, meu coração não pertence mais ao Alexander e eu estou pouco ligando para o que ele está sentindo ou deixando de sentir.

Eu precisava de uma bebida. Precisava esquecer tudo o que havia acontecido naquela manhã. Liguei para a Catarina, minha amiga de bebedeira e marquei mais uma de nossas noites de bebedeiras. Eu precisava da amnesia que somente o álcool conseguia proporcionar.

- Ela afirmou que eu ainda sou apaixonada pelo Alexander. – Lhe contava o que havia acontecido.

- E você não ama?

- Claro que não, Catarina. – Afirmei. – O Alexander está no passado, ponto final.

- Jura? – Debochou. – Não é o que parece.

- Eu virei a página e você sabe bem disso. – Fechei a cara.

- É verdade? Então porque você não vai conversar com aquele gato sentado no bar? Ele está te secando a noite toda.

- Ele não faz o meu tipo. – Dei de ombro.

- Desde quando, morenos altos e bonitos não fazem o seu tipo, Magnus? – Deu uma gargalhada. – A Maryse estava certa quando afirmou que você ainda é apaixonado pelo Alexander. Aceita que dói menos, meu amigo.

- Não sou. – Me levantei a fui até o homem no bar.

Minutos depois, nós estávamos na pista de dança. Ele era bonito, inteligente e educado. Era o meu tipo de homem. Mas havia alguma coisa nele, alguma coisa que não se encachava, alguma coisa que me repelia. E quando ele me beijou, eu soube exatamente o que estava errado naquele homem, ele não era o Alexander, o meu Alexander. Lhe dei um empurrão e sai correndo do bar.

Abri a porta do meu quarto, mas não consegui deitar em minha cama, ela havia se tornado grande demais para mim. Voltei para a sala, imediatamente me lembrei da carta que o Alexander havia me enviado após o nosso termino. Eu a rasquei como se fosse um pedaço de papel inútil.

Deitei no sofá e chorei. Deixei que as lágrimas que estavam guardadas por tantos meses saíssem de dentro de mim, e pela primeira vez em muito tempo, eu me senti eu mesmo.

- Eu te amo. – Disse em meio as lágrimas. – Eu sempre vou amar você.

Chorei tanto que acabei adormecendo.

Acordei no dia seguinte morrendo de dor de cabeça. Levei as mãos até o rosto e o endereço do Alexander ainda estava escrito em minha mão.

Maryse estava certa quando afirmou que eu ainda era apaixonado pelo Alexander, mas eu também estava certo quando disse que as vezes, o amor não era o suficiente para continuar juntos. Alexander.... Porque te amar é tão complicado?


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"Eu estou com uma vontade nadada de te entregar todos os beijos que eu não te dei. Eu estou com uma saudade apertada de ir dormir bem cansado e de acordar do teu lado para te dizer.... Que eu te amor. Que eu te amo demais. "

Um grande beijo no coração!

Nosso céu Particular ( Malec )Onde histórias criam vida. Descubra agora