Autumn Leaves Part2

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Maryse não conseguiu segurar as lágrimas ao escutar o nome do filho mais velho.

- Sim. – Confessou com a voz embargada. – Depois da minha última tentativa nós conversamos e decidimos que o colocaríamos para adoção assim que ele nascesse.

- Depois que o Jace nasceu o Robert não deixou que você o colocasse para adoção? – Deduziu.

- Fui eu quem não quis mais colocá-lo para adoção.

- Você? – Perguntou incrédulo.

- Ele nasceu com os olhos da minha mãe. – Baixou a cabeça. - Era a mesma cor e o mesmo olhar. Eu não podia me desfazer da última lembrança da pessoa que eu mais amei na vida.

- O que aconteceu com ela?

- Ela faleceu um pouco antes do Jace nascer.

- Eu sinto muito.

- Obrigada. – Sorriu sem emoção. – Quando o Jace nasceu eu decidi que iria esquecer de tudo de ruim que havia me acontecido e que iria construir uma família ao lado do meu filho e do homem que eu amava. Nos mudamos para o Rio de Janeiro e começamos a nossa pequena grande família. Eu tinha uma bela casa perto da praia, um marido amoroso que realizava todos os meus caprichos e um filho tão bonito que chamava a atenção por onde passávamos. Eu tinha tudo para ser feliz, mas não era. Mesmo com tudo aquilo eu me sentia morta por dentro. Eu estava morta desde que aquele desgraçado bateu na minha porta.

- Eu sinto muito. – Disse sincero. - Nenhuma mulher deveria passar por esse tipo de violência.

- Infelizmente, a primeira vez que eu me senti viva depois do que me aconteceu foi quando eu quebrei o braço do Jace quando ele tinha cinco anos de idade. – Confessou cheia de arrependimentos.

- Porque você fez isso? – Arregalou os olhos.

- Ele insistia em escrever com a mão esquerda. O Marco também era canhoto e eu não suportava ver aquela característica no meu filho. Uma tarde, eu acabei perdendo o controle e quebrei o seu braço em um ataque de fúria. – Cobriu o rosto com as mãos. – Eu me senti um verdadeiro monstro por sentir prazer no sofrimento do meu filho. Então peguei um avião e fui para São Paulo.

- E o que você foi fazer lá?

- Eu fui descontar a minha raiva em quem realmente merecia.... Depois que eu acabei com o Marco ele teve que sair do Brasil usando apenas a roupa do corpo. – Sorriu. – Aquele desgraçado pagou muito caro por tudo o que fez comigo e com muitas outras mulheres.

- Essa vingança te trouxe a felicidade que você tanto buscava?

- Não. A única coisa que eu consegui com aquela vingança foi matar a última célula de bondade que havia dentro de mim. Eu voltei de São Paulo essa mulher cruel e desprezível que você conhece e que provavelmente odeia.

- Eu não te odeio. O que eu sinto por você é pena. – Foi até a lareira e pegou a foto que a sua sogra estava admirando a alguns minutos atrás. – Eu pareço muito feliz nessa foto, não pareço?

- Sim. – Concordou.

- Pois esse foi um dos piores dias da minha vida. – Lhe entregou o porta-retratos. – Era o meu aniversário de sete anos e meu pai apareceu completamente bêbado me chamando de assassino na frente dos convidados. Ele dizia que a minha mãe havia morrido por minha causa. Gritava que eu deveria ter morrido e não ela. Até então eu acreditava que a minha mãe havia morrido em um acidente de carro.

- Eu sinto muito.

Foi até a lareira e trouxe consigo outra foto. Nela, ele estava sorrindo ao lado da sua avó e do seu padrinho.

Nosso céu Particular ( Malec )Onde histórias criam vida. Descubra agora