Capítulo 42

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Eu e Andrew tinhamos aula juntos com a senhora Rubin então caminhamos de mãos dadas até a sala, os olhares das líderes de torcida e de alguns alunos me deixam com vontade de me encolher e de sair correndo mas Andrew mantém a cabeça erguida como sempre e aperta forte minha mão, me olhando tranquilo e como se dissesse " ninguém vai fazer nada contra você ". Sorrio de fraco e me pergunto aonde Sammy está, não o vi desde que cheguei e ele não me ligou ou mandou mensagem pedindo carona, deve ter vindo com Brandon. Paramos do nada e ao erguer meus olhos vejo o rinque de luta preparado. Andrew e Daniel frente a frente se fuzilando com os olhos, entro no meio e cutuco o peito de Andrew que mesmo assim não me olha.
- Andrew, por favor, vamos. - peço baixo.
- é só ele sair da minha frente primeiro.
A roda de alunos a nossa volta começa a aumentar e o meu nervosismo de não conseguir separar uma provável briga entre esses dois grandalhões me embrulha o estômago. Me viro para Daniel e ajeito meus óculos, deixo a mochila cair sobre meus pés e cutuco seu peito .
Eles tinham que ser tão altos ?
- Daniel, por favor, nos de licença. - quase imploro.
- desculpa mas não vou me rebaixar a ele. - ele me responde grosso e sem me encarar.
Os olhos azuis brilhantes por cogitar a ideia de devolver a surra que levou outro dia.
- por favor, os dois parem com isso. - as lágrimas começam a ganhar forma em meus olhos. - parem agora com isso, por favor.
- se ele sair do caminho não vai se machucar. - Andrew diz com a voz zombeteira.
- quem vai se machucar aqui é você se continuar com isso. - Daniel diz com as sobrancelhas arqueadas.
- tá okay, se vocês querem dar uma de criança fiquem a vontade. - limpo as lágrimas. - eu que não vou ficar aqui pra ver quem é mais babaca.
Pego minha mochila e saio de lá andando o mais depressa possível sem olhar para trás. Encontro a sala da senhora Rubin ainda vazia por conta dos mexeriqueiros só observando o empasse entre Andrew e Daniel e me sento no lugar de sempre.
Pego meu material e ao coloca lo sobre a mesa vejo uma mão extremamente bonita e com as unhas pintadas em um azul oceano.
- não ficou pra ver a briga ? - ela pergunta calma.
- não gosto de brigas. - a olho rapidamente e pego o trabalho em meu caderno. - aqui está, meus sentimentos descritos em um papel.
- vou lê-lo agora, tudo bem.
- claro .
O silêncio que fica é constrangedor, ainda não ouvi nenhum grito ou aviso sobre o início de alguma pancadaria então suspiro aliviada e observo os alunos entrando na sala. A senhora Rubin está focada em minha síntese, seus olhos agora sobre um óculos de leitura parecem absorver cada palavra em seu maior estado de inspiração. Ao terminar ela para por um instante e retira os óculos.
- você acabou de me deixar sem palavras senhorita Collins, realmente eu não sei o que dizer sobre a leitura que acabei de ter.
- se gostou ou não já ajudaria. - digo.
- eu amei, o jeito com que você usou as palavras e escreveu sem ter medo de demonstrar o que sente é maravilhoso. Simplesmente maravilhoso. Esse é o seu trabalho ou apenas é o esboço?
- é o meu trabalho.
- já conseguiu um dez por ele.
Ela sorri e sai rebolando até sua mesa, pegando uma grande caneta vermelha e escrevendo um grande e belo dez no canto da folha.

" "

Saindo pelas portas principais da escola enfio as mãos e o celular no bolso único do moletom e caminho devagar até meu Fusca, Andrew não me procurou depois da confusão no corredor e muito menos eu tornei a ver Daniel. Jogo a mochila para frente e pego no pequeno bolso lateral a chave do carro. Destravo o mesmo e antes que eu pudesse entrar uma mão me puxa me fazendo virar e dar de cara com um Andrew muito irritado.
- é verdade ? É verdade que você o desculpou ?
- sim, mas por que você está bravo com isso ? ! Não é nada de mais.
- como assim nada de mais ? Aquele imbecil tentou agarrar você. - então ele pega em meu pulso esquerdo, me trazendo para mais perto do seu corpo.
- Andrew, me solta. - digo baixo.
Os olhares a nossa volta começam a se tornar mais curiosos e eu me encolhi de vergonha.
- por que você desculpou ele ? Por acaso cederia a ele se eu não tivesse chegado?
- o que ? Você ouviu o que está dizendo? Sério isso.
- sério, muito sério. - um de seus braços rodeia minha cintura, me deixando a milímetros do seu rosto. Meus olhos focados nos dele. - deixou ele se aproximar de você depois de tudo o que aconteceu.
- Andrew por favor, pare com isso.  - meu pedido faz com que ele respire fundo e retire uma mecha do meu cabelo da frente do meu rosto.
- por que desculpou ele ruiva?
- eu não queria ficar remoendo o que aconteceu naquele dia, ele veio me pedir de desculpas e eu senti sinceridade no que ele falou. Não foi por ele, foi por mim.
Seu rosto não esconde sua decepção, talvez seja por minha causa ou por ele simplesmente não ter sido gentil no começo da nossa conversa. De qualquer forma,  retiro seu braço da minha cintura e coloco as mãos em seu peito, o afastando devagar.
- se seu ataque de fúria já passou eu preciso ir pra casa.
Seu olhar fica triste e sem dar chances para Andrew pensar em desculpas entro no Fufu e dou partida. Ele permanece ali, parado.
Saio do estacionamento da escola e ao invés de ir pra casa me coloco a caminho de um lugar especial pra mim, um lugar que ninguém me encontre até eu me sentir inteira novamente.

Vovô, estou indo ao meu lugar. Não se preocupe, chego em casa antes do jantar. Alimente Charlie por mim. Amo você.
M .

GraysonWhere stories live. Discover now