Capítulo 148

21.9K 1.6K 150
                                    

- os alunos tiveram duas semanas para transmitirem para o quadro sua interpretação das minhas palavras, cada dupla teve um tema diferente e espero que vocês gostem das telas. - Tunner se aproxima da cesta e a segura, olhando para Scott em seguida. - eu peço para que os alunos da turma 32B venham até aqui e retirem um envelope com a senhorita Tunner.
Uma fila começa a se formar e logo Andrew me puxa pela mão direita em direção ao aglomerado de alunos, vasculho o lugar com os olhos, procurando Sammy e Brandon. Os encontro parados na frente da fila já pegando os envelopes com a senhorita Tunner, quando me aproximo deles, cutuco o ombro do meu amigo.
- sabe aonde está o seu quadro ? - sussurro em seu ouvido.
- não tenho a mínima ideia, e você ?
- também não sei, mas espero que esteja no começo ou no final.
- se formos olhar pelos pedidos individuais que ele fez para cada dupla, claramente vai deixar elas separadas.
- faz sentindo. - pego o envelope que a senhorita Tunner me estende.
As unhas pintadas em um rosa bem claro, quase que imperceptível, ao contrário do azul escuro ou o preto que sempre costuma usar. Desvio logo meu olhar, sem querer ser repreendida novamente por essa mulher consideravelmente grosseira. Volto para o lado de Andrew, percebendo seu olhar fulminante sobre Raven e pego em seu queixo, fazendo com que ele vire o rosto e me olhe nos olhos.
- por que está olhando para ela desse jeito ?
- estou tentando adivinhar como ela me deixou na tela, como fez meu retrato. Scott deixou bem claro que era para destacarmos o que vemos de superficial no outro. - seus olhos transmitem raiva, uma raiva na qual eu não sabia ser tão grande. - eu destruí aquele quadro que fizemos e não quis te contar, mas não aguentei ter de colorir aquela desgraçada.
- por que você não me contou ?
- não queria te fazer pensar que eu quebrei a tela porquê não gostei do desenho. Eu quebrei aquela merda por não querer dar cor as formas que você havia criado. Então, três dias depois de termos feito aquela primeira tela eu a refiz do meu jeito. - uma de suas mãos parou sobre meu antebraço esquerdo.
- como você o fez ? Sem cor alguma ?
- não, eu só usei apenas quatro cores.
- okay Andrew.
- ruiva, eu só queria te dizer que ela pode ter me feito um monstro naquele quadro, ainda mais do que aconteceu com vocês duas na festa no Jason.
- Andrew, ela esqueceu da gente depois daquele episódio da festa, acredite.
- não ruiva, se eu um dia a conheci, sei que ela está guardando o melhor para o final.
- o que quer dizer ?
- Raven não esquece das coisas facilmente ruiva.
Seu verde fica mais escuro, as pílulas dilatadas ao ponto de eu querer saber tudo o que esses olhos ainda escondem.
- peço aos convidados para não tocarem na tela e em qualquer papel ou etiqueta que esteja colocada nela, caso isso aconteça a apreciação livre será cancelada para o publico. - ele deixa o microfone pendurado no bolso traseiro da calça. - tudo bem turma, vamos para a primeira tela.
Volto minha atenção para o jovem professor de camisa branca.
- peço aos convidados que dêem espaço para os alunos visual com os trabalhos dos colegas. - assim ele sai de trás das mesas e anda elegantemente até o primeiro cavalete, esticando a mão esquerda para segurar a barra do tecido vermelho. - nos envelopes entregues pela senhorita Tunner estão trinta etiquetas com os nomes de todos os alunos que participaram desse projeto. Eu vou revelar a tela e vocês irão pegar a etiqueta com o nome de quem acham ser o autor, com esse papel em mãos, vão escolher uma das duas pernas frontais do cavalete e colar a etiqueta com o nome de seu colega. Claro, quem fez a tela irá esperar com que todos tenham dado seus lances e só irá se revelar ao colar a etiqueta com o próprio nome na parte superior da moldura. Entendido ?
Com uma sequência de acenos positivos ele espera a senhorita Tunner se posicionar ao seu lado e os dois puxam o tecido vermelho juntos. O rosto de Lindsey se mostra em uma bela mancha de cores quentes, os cabelos castanhos caindo pelos ombros e encontrando um mar de flores coloridas em laranja, roxo e vermelho. Os lábios envolvidos por uma cor de rosa e o sorriso exposto, o resto da tela em uma explosão de verde, azul e branco.
Tem alguma coisa que Sam seja ruim ?
Ah claro ! Em ser discreto.
- façam suas apostas. - Scott retira um bloquinho do bolso traseiro da calça e apanha a caneta em seu bolso da camisa.
Seus olhos estudam o quadro, avaliando cada traço que foi criado e cada uma das cores usadas. O uso de sua caneta metalizada é breve, levando junto o bloquinho para o bolso, agora, da camisa branca. Pela primeira vez durante todo o tempo no qual cheguei na escola vejo Daniel se aproximar. A camisa azul marinho, calça jeans escura e um tênis preto nos pés. Ele estica a mão direita e escolhe a perna esquerda do cavalete para colar sua etiqueta.
Samuel G.
Cerro os olhos, pensando em como ele poderia saber que a tela foi feita por Sam e ao me virar para ver a expressão do meu amigo, confirmo meu pensamento. Como eu, Sammy está com os olhos cerrados, um pequeno bico formado nós lábios e as sobrancelhas um pouco franzidas. Com o passar dos segundos, o resto da turma começa a ir até o cavalete e depositar suas etiquetas.
- tudo bem, vamos dar uma olhada em quantos acertos tivemos. - Scott se inclina levemente para frente, olhando as etiquetas com calma. - peço para que o responsável por essa tela se identifique.
Com um olhar carinhoso de Brandon, Sam se aproxima com a etiqueta nas mãos. Scott sorri sem mostrar os dentes e voltar a pegar o bloquinho em seu bolso, arrancando uma folha do bolo amarelo.
- parabéns senhor Gonzalez, apenas duas pessoas colaram seu nome e admito que fiquei impressionado com a técnica usada. Aqui está a sua nota. - então, após Sam dar um passo para trás depois de colar seu nome na parte superior da moldura, Scott cola a folha amarela ao lado de sua etiqueta. - você merece.
O número nove escrito em uma caligrafia bonita é motivo para que meu amigo comemore ao se jogar nos braços de Brandon.
- vamos para o próximo pessoal.
Tunner segue os passos de Scott, quase como uma ajudante, e isso só afirma minha teoria de que algo está acontecendo entre os dois. O professor para ao lado do tecido dourado, esperando que todos os alunos se aproximem para o jogar para trás. A pintura que surge é totalmente diferente do primeiro, as cores são frias e foscas, os desenhos que simulam o vento para movimentar os fios escuros são tão parecidos com pequenos feixes de luz. A mistura de tons como o índigo, naval e branco fazem o fundo, deixando com que o preto permaneça nos cabelos, sobrancelhas e na parte superior da camisa. Os olhos são o que mais chamam a atenção, o verde é o ponto que rouba toda a luz do retrato, além dos lábios feitos em cima de uma base vermelha e rosa. Com toda a certeza, Raven deixou Andrew bem mais sombrio do que ele realmente é e esse foi um dos motivos que me faz olhar em sua direção. Ela me parece tranquila, parada ali ao lado de Samantha com sua habitual face sem expressão. Sinto Andrew apertar minha mão ao fechar os dedos ainda quando estão juntos aos meus.
- está tudo bem ? - pergunto baixo ao notar seu olhar fixado na tela como que a qualquer momento pudesse fazer a mesma entrar em combustão.
- bem pior do que eu imaginava.
- uau, essa tela é bem sombria. Quem gostaria de ser o primeiro a tentar ?
Quando Samantha se aproxima com uma etiqueta nas mãos noto que Raven ergue o queixo, como se soubesse qual seria o nome que a amiga vai depositar em uma das pernas do cavalete. Ao virar o rosto para encarar sua escolha, deixo com que um suspiro pesado saia de meus lábios ao ler o nome da etiqueta.
Mia P. Collins.
Rolo os olhos, não sabendo se Samantha colocou meu nome lá por conta da amiga ou porque realmente não sabe quem pintou a tela. O resto da turma demora um pouco para colar os nomes e sorrio ao ver que Sam colocou o nome de Raven logo nos pés da perna esquerda do cavalete.
- Andrew, só falta você. - digo baixo, após colar o nome de Raven no lado contrário que Sammy colou sua etiqueta.
Ele apenas respira fundo e da alguns passos para a frente, o punho esquerdo cerrado e o maxilar trincado. Com toda a ignorância de seu ser, Andrew cola a etiqueta logo em cima do meu nome, olhando de forma insignificante para a morena.
- pelo que vejo tivemos mais de quatro acertos e suponho que muitos deles são consequências da falta de discrição em quanto ao sigilo das duplas. - ele retira mais uma folha do bloquinho após escrever sua nota. - se identifique pintor.
Raven logo ultrapassa a barreira de corpos e exibe suas curvas em um vestido marrom claro apertado, ela cola seu nome na moldura preta e cruza os braços, virando se para o senhor Scott.
- essa é a sua nota e espero que fique feliz. - ele estende o braço esquerdo, colando o papel amarelo com um nove ponto três.
- nove ? Sabe quanto trabalho eu tive para fazer esse quadro ? Eu quero um dez, não nove ! - sua voz sai um mais fina do que o normal, fazendo com que eu leve minhas mãos levemente até os ouvidos.
- eu posso imaginar senhorita Sinclair, mas essa nota se deve ao número de pessoas que acertaram sua autoria. Se estiver insatisfeita, culpe sua mania de se vangloriar por tão pouco.
Raven apenas se virou e saiu andando, sem nem mesmo esperar por suas lionesses antes de sair.
- okay, esqueçam isso e vamos para o próximo.
Tunner avança suavemente para frente, andando com calma em cima de seus grandes saltos agulha. Os cabelos caindo como cascatas sobre as costas. Com poucos passos chegamos até o próximo quadro, Scott e Tunner puxam o pano vermelho para cima e o jogam para trás, revelando uma imagem que ninguém esperava. Raven está totalmente diferente, os cabelos castanhos cobertos por um cinza sem vida, os olhos claros não passam de poços de águas escuras, a pele está em um branco sem brilho e os lábios, somente os lábios estão desenhados por um preto vívido. A peça na qual ela usa, o que me parece uma camisa, é de um preto fosco e sem graça, a moldura em madeira branca e lisa, além do fundo chamuscado e com gostas de cinza e preto.
- é um belo quadro, até agora foi o segundo que mais me impressionou. - Scott olha a pintura, quase levando a ponta dos dedos até a tela. - podem colar as etiquetas.
Melissa é a primeira a se aproximar, com poucos passos ela se abaixa em frente a tela e cola sua etiqueta.
Rachel K.
Vasculho meu envelope a procura do nome de Andrew e quando o acho dou três passos até o cavalete, colando a etiqueta na parte superior da perna direita.
Andrew G.
Esperando que um Simon cole a última etiqueta para que seja revelada a nota e o nome do autor, sorrio ao perceber que não há nenhum papel com o nome de Andrew.
- muito bem, essa é uma tela bastante curiosa, os tons usados expressam muito mais do que posso notar e espero que isso seja explicado a mim na próxima aula. Bom, identifique se autor.
Andrew ergue a cabeça e solta minha cintura, caminhando com confiança até a tela e colando seu nome na moldura. Scott olha para ele com uma certa dúvida no ar, acho que, assim como eu, ele percebeu que a relação entre a tela dele com a de Raven não esteja bem explicada.
- muito bem senhor Grayson, devo admitir que estou curioso com a sua tela. Não só pelo uso de cores frias e foscas, mas por sua dupla também não ter seguido as instruções que dei a vocês.
- posso te dizer que eu segui suas instruções e trouxe o que o senhor me pediu. - a sobrancelha esquerda do senhor Scott se ergue levemente.
- quer me explicar como ?
- Raven não tem nada de bom, aquela garota é movida pelo interesse próprio e não se incomoda em passar por cima dos outros para se sentir melhor e conseguir o que quer. As cores que eu usei mostram como eu vejo ela, sem graça, sem vida e principalmente, sem nada por dentro além de sombras. - a voz dele sai mais grossa do que o habitual, as mãos enfiadas nos bolsos frontais do jeans.
- se esse é o seu pronto de vista, obrigada por dividir ele conosco. - ao escrever a nota no papel amarelo Scott logo a cola na moldura. - mereceu um nove ponto três senhor Grayson por ter deixado os sentimentos o guiarem para a confecção da tela, além de ter dois acertos sobre sua autoria.
- obrigada.
Ele volta para o meu lado, um sorriso torto nos lábios. Seguimos o professor até o próximo quadro, a tela está coberta por tecido dourado. Mordo o lábio e olho para trás de relance, vovô e Verônica estão observando as pinturas penduradas nas colunas.
Parecem dois adolescentes.
- vamos lá. - Tunner joga o tecido para trás, expondo meu quadro e fazendo com que meu coração se acelere.
Novamente viro o rosto devagar, sentindo o olhar de Daniel sobre mim como facas entrando em meu peito. Os olhos azuis como o céu queimando minha pele, fazendo com que meu sangue fluísse tão rápido pelas veias que chega a ser torturante.
- pela técnica usada pelo pintor já podemos claramente saber quem é a pessoa na tela, se não fosse pelo tom curiosos dos olhos e cabelos seria como uma fotografia. - Scott escreve algo em seu bloquinho e o esconde sobre a palma da mão. - palpites de quem seja o autor ?
Por mais que eu me sentisse em pânico por ter entendido de outra maneira a forma com que deveria realizar o trabalho, eu sei que aquele seria o único jeito no qual eu conseguiria fazer essa tela. Rachel é a primeira a chegar perto da tela, os cabelos curtos em um tom de cereja. Ela deixa a etiqueta na parte central da perna direita do cavalete de madeira polida e se levanta para voltar ao seu lugar.
Ashley Y.
A bile se nega a molhar minha garganta, o que me força a enfiar as mãos na bolsa a procura de alguma coisa para mastigar. Encontro um chiclete de melancia e o coloco na boca sem pensar duas vezes, deixando a embalagem em um dos bolsos internos. Sam se aproxima, o sorriso simples estampado nos lábios ao colar a etiqueta com meu nome na mesma perna do cavalete em que Ashley colou a dela. Daniel, logo se coloca para frente, dando duas passadas longas até a tela e colando outra etiqueta com meu nome.
Acho que já perdi um ponto.
Apertando a alça da bolsa com os dedos da mãos esquerda, noto a mão de Andrew se firmar em minha cintura, me puxando para perto. Fecho os olhos por um momento quando seu queixo para logo ao lado do meu ouvido, deixando os lábios pressionados contra meu cabelo.
- não precisa ficar nervosa, ele não vai te questionar aqui na frente de todo mundo.
- eu espero.
- senhor Grayson, falta você. - a voz da senhorita Tunner me faz voltar a encarar a tela, sentindo o calor em meu quadril se apagar quando Andrew retirou sua mão.
Molho os lábios com a ponta da língua brevemente, o gosto de melancia se espalhando pela minha boca. Ele olha dentro do envelope, procurando meu nome em meio ao de tantos alunos da nossa turma e quando o encontra, o cola vem perto da moldura, mas na perna esquerda do cavalete. Ao voltar para o seu lugar, sua mão volta a apertar e acariciar meu quadril, transmitindo afeto e confiança com um simples toque.
- identifique se autor.
Olho para Andrew e ele sorri, indicando com a cabeça que eu deveria ir logo colar meu nome na moldura. Respiro fundo, me soltando dele e dando poucos passos para frente, esticando a mão direita e colocando a etiqueta na moldura escura.
- senhorita Collins, eu não paro de me surpreender com você. - Scott abre um sorriso de canto, analisando as etiquetas nas pernas do cavalete. - tivemos três acertos aqui e devo dizer que ao contrário do que pensava, você conseguiu atingir o objetivo do trabalho, por isso, merece essa nota.
Com um movimento simples e rápido ele cola o papel amarelo com um belo nove ponto cinco na madeira escura. - parabéns senhorita Collins, foi a nota mais alta até agora.
Ainda meio abalada com suas palavras volto ao meu lugar, pensando em como eu posso ter atingido o objetivo do trabalho se nem mesmo me senti segura com o resultado. Scott está indo rápido, mas não rápido demais, ainda faltam vinte e seus telas para serem examinadas. Indo para a próxima, Tunner arranca o tecido vermelho ao notar o aceno de cabeça por parte do colega de trabalho, exibindo a tela de Daniel com louvor. Grande parte da turma fez um barulho perceptível, no qual me fez entrelaçar os dedos na mão de Andrew para tentar amenizar os efeitos maléficos que a imagem consegue trazer para sua mente.
- acho que essa tela também já deixa bem quem é a pessoa que foi desenhada, mas vocês tem algum palpite de quem a pintou ? Podem começar a colar as etiquetas.
Rachel é a primeira a tentar a sorte, colando o nome de Jason Ross. Acaricio os dedos de Andrew, notando o seu desconforto ao ver a tela na qual eu sei, que ele odiou. Com os lábios ainda úmidos deposito um beijo rápido em sua nuca, roubando as atenção da tela para mim. Os olhos verdes amendoados estão como uma tempestade, sem saber o que fazer em meio a uma onda de sentimentos ainda pouco conhecidos por ele.
- vamos juntos colar as etiquetas amor.
O puxo até a tela devagar, olhando em seus olhos para fazê-lo se concentrar em mim ao invés de quase devorar o quadro com os olhos. Enfio as mãos nos envelopes, retirando o nome de Daniel e entregando uma a ele, que me olha com dúvida se deve ou não aceitar colar o papel. Com a mão meio relutante, Andrew pega a etiqueta de minha mão e logo a cola sem cuidado algum no cavalete.
Daniel J. Carter.
Faço o mesmo, rezando para que ele não resolva destruir esse quadro logo após a exposição.
- identifique se autor.
A falação começa, todos já perceberam que sou eu naquele quadro e que não foi Andrew quem o pintou. A expectativa de que tenha um triângulo amoroso acontecendo chega a deixar Andrew com o maxilar trincado e as sobrancelhas arqueadas por alguns segundos. Daniel da um passo adiante, a cabeça erguida sem parecer se importar com os burburinhos sobre ele estar desejando a namorado do ex melhor amigo e pelo que esse povo é capaz, não duvido nada que logo, logo apareçam boatos de que eu estou ficando com dois ao mesmo tempo.
Isso seria o fim da minha vida.
- estou intrigado senhor Carter, como pode ter feito algo tão perfeito sem nem ao menos ter frequentado minhas aulas ? - Scott cruza os braços, desviando o olhar entre Daniel e a tela.
- eu também não sei senhor Scott, eu simplesmente deixei minhas mãos trabalharem e quando dei por mim, já estava feito. - Ele coça a nuca, olhando a tela antes de se gostar para o professor.
- temos três acertos aqui senhor Carter. - Scott da um passo a frente. - espero que comece a frequentar minha aulas, temos que explorar esse seu potencial artístico que até então era desconhecido.
Para a minha surpresa, Scott cola o papel na moldura do quadro com um belo nove ponto oito.

No fundo do refeitório, após todas as telas serem avaliadas o pódio que foi montador permaneceu assim : Daniel J. Carter em 1° lugar ; Mia P. Collins em 2° lugar e Andrew G. E Raven S. Em 3° lugar.
A decisão de deixar Andrew e Raven em terceiro se deve ao fato de ambos terem tirado a mesma nota. Deixando Andrew conversando com os garotos do time caminho até o senhor Scott, aproveitando o fato de que Tunner saiu de seu lado para ir buscar alguma coisa na sala dos professores.
- senhor Scott, posso te fazer uma pergunta ?
Ele para o que está fazendo e direciona o olhar para mim, os braços apertados pelo tecido da camisa.
- claro.
- como eu pude ter atingido o objetivo do trabalho se nem mesmo o entendi ?
Scott balança a cabeça em negativo, sorrindo rapidamente antes de me responder.
- Mia, a sua tela me mostrou isso. Sei que antigamente Daniel costumava fazer brincadeiras que não tinham graça alguma cotra a sua pessoa, os apelidos eram a pior parte e eu via como você ficava insegura com toda aquela situação. - ele faz uma pausa, ajeitando o microfone desligado sobre a mesa. - a ideia de juntar vocês dois em um trabalho não foi só no intuito de desmanchar essa imagem que um tinha do outro, mas também para fazer ambos verem que a nem todo mundo consegue se expressar do jeito que quer. Quando eu vi a sua tela fiquei chocado com as mudanças que fez na aparência dos olhos e do cabelo de Daniel, mas você só trocou algo que já te fez mal por algo que está te fazendo bem. O sentimento de segurança só apareceu aí dentro de você quando você ei deixou mais parecido com alguém que significa algo para você. Então, não se preocupe, você fez um ótimo trabalho e com toda a certeza, entendeu o objetivo do trabalho ao deixar seus sentimentos se dissipar do seu interior.
- obrigada.
- não me agradeça Mia, creio eu que você mesma já sabia disso.
Me viro, andando ainda meio tonta pela resposta que acabei de receber. Noto Andrew se aproximar, me abraçando forte aí ponto de fazer meus pés saírem do chão por um momento.
- tem noção do quanto é bom saber que você é só minha ?
- não, mas eu tenho noção do quanto é bom saber que você é só meu.
- então isso já nos deixa quites.
- com certeza.
E ali, em meio ao resto dos convidados que ainda não foram embora ele me beija, provando o sabor de melancia dos meus lábios enquanto eu fecho os olhos, esquecendo dos problemas e focando apenas nele.
No quanto ele pode ser mais do que o menino mal dos Grayson's.
No quanto ele pode ser o meu menino mal.
O meu Andrew Grayson.

GraysonWhere stories live. Discover now