Capítulo 132

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- já fazia um tempo que eu não via você usando essa jaqueta. - sorrio fraco ao sentir uma de suas mãos em minha nuca.
- o técnico meio que nos obrigou a usar, disse que não nos deu isso para deixar de enfeite no guarda roupa. - ele rola os olhos verdes e aperta as mãos ao redor da minha cintura.
- você fica bem com ela. - mordo o lábio inferior rapidamente.
- que bom que você gostou. - Andrew me olha malicioso e molha os lábios, passando a língua devagar pela pele avermelhada.
- podemos entrar ? - Sammy pergunta rápido, quase que percebendo a tensão sexual no ar.
- claro, vamos. - digo rápida, sentindo minhas bochechas queimarem.
Estico os braços e a mão gelada de Andrew toca na minha, ele entrelaça nossos dedos e me guia para a entrada do prédio.

" "

Com o lápis preso em meio aos dentes da frente, mordi a madeira macia enquanto observava cegamente o senhor Smith e toda a sua maneira nojenta de ser ao explicar uma matéria ao mesmo tempo em que seus olhos secam as pernas de uma garota sentada na primeira fileira. Os fatos da segunda guerra Mundial se tornam totalmente insignificantes quando explicados por esse idiota, no qual as aulas são obrigatórias, caso contrário, sua sala estaria cheia de pó e revistas pornôs de falsas adolescentes. Me vejo com a garganta seca, me segurando ao máximo para não jogar todo meu respeito para o alto e xingar de todos os nomes possíveis esse ser desprezível.
Como alguém como ele consegue um emprego como professor ?
O cara está quase comendo a pobre garota com os olhos.
Retiro o lápis da boca ao perceber o sinal do intervalo tocando e guardo meu material o mais rápido possível, querendo deixar a sala tão rapidamente ao ponto desse babaca não ter tempo de analisar minha bunda. Assim que passo pela porta, um suspiro de alívio sai bruscamente de meus lábios. Não estar no mesmo ambiente que o senhor Smith é libertador, agarro a alça esquerda da mochila e me coloco a caminho das escadas para o segundo andar. Mordo o lábio firmemente quando uma garota esbarra em meu ombro, quase causando minha queda e provavelmente, se eu não tivesse agarrado o corrimão vermelho, a quebra de um dos ossos do braço. A garota não parou ao me ver quase cair, mas sim continuou a descer os degraus como se nada tivesse acontecido. Rolo os olhos violentamente por conta da falta de educação da garota loira e arrumei meu equilíbrio, fixando os pés do degrau e apertando os dedos ao redor do ferro redondo. Continuo a sua subir as escadas tentando evitar de encostar em mais alguém e de até mesmo ser culpada por algum encontrão.
Aumento a velocidade dos passos no corredor e entro na segunda sala do lado esquerdo, passando por dezenas de alunos nos quais não quero chocar meus ombros.
A sala ainda está vazia, as cadeiras abandonadas e as mesas solitárias. Me sento logo ao lado da janela, jogando a mochila sobre a mesa e enfiando a mão em um dos bolsos frontais, retirando meu celular. Transferi as fotos do dia da praia para a galeria, aonde eu as possa ver toda hora, a todo momento em que sentir saudades daquele dia.
Um dos melhores fins de semana da minha vida.
- sabe que celulares são proibidos na sala senhorita Collins. - a voz aveludada e quase hipnótica do senhor Scott invade meus ouvidos.
Levanto os olhos e o encontro com um olhar sério, os cabelos perfeitamente arrumados e a camisa, como sempre, justa ao corpo e com os primeiros botões abertos. Ele deixa a bolsa sobre a mesa de madeira clara e a abre, removendo uma pasta de capa preta e a deixando sobre a madeira.
- desculpe, achei que estava sozinha. - molho os lábios e guardo o celular por debaixo da coxa direita.
- me diga Mia, como anda o seu trabalho ? - ele cruza os braços, expondo os músculos marcados pela camisa.
Os olhos fixos nos meus, diria que esses olhos conseguem enxergar muito mais do que deveriam.
- bem, na verdade eu e minha dupla já terminamos as telas. - desvio o olhar dele e abro a mochila, vendo meus dedos puxarem o zíper.
- vejo que o sorteio não foi de todo mal, acabou que você ajudou, incentivou o senhor Carter a mergulhar de cabeça nessa matéria. - as palavras saem de sua boca como a água flui em uma nascente, cristalinas e puras. - realmente, a mudança em Daniel não foi só superficial, foi de dentro para fora. Confesso que estou curioso para ver os trabalhos de vocês dois.
Os outros alunos começam a entrar e antes que eu possa responder o belo professor, Sam entra na sala com uma expressão afabada no rosto, diria que até surpresa. Os cabelos caídos sobre a testa e os olhos baixos, minha testa se franze automaticamente e eu me viro para o lado, esperando para que ele se sente na carteira ao lado da minha e me explique o que está acontecendo, o por que de não ter um sorriso safado ou malicioso estampado nos lábios.
- o que aconteceu ? - pergunto com receio, vendo seu olhar tão focado em mim.
- se eu disse que vi algo que não deveria ter visto, você iria querer saber o que eu vi ? - seus olhos desviam de suas mãos nos joelhos para mim.
- Sam, pode contar.
- okay, acabei de ver Daniel com uma garota atrás do ginásio.
- e o que tem demais nisso ? - pergunto confusa por toda essa situação.
- Mia, meu amor. E se ele fazer com aquela garota o mesmo que fez com você ?
Tudo bem, agora eu entendi aonde ele quer chegar.
Certamente, eu nunca deixaria Daniel livre se tivesse alguma chance dele tentar agarrar outra garota ou fazer coisa parecida.
- Sammy, a garota parecia não querer ? - perguntei baixo ao perceber que o senhor Scott já começou a escrever algo no quadro negro.
- não, pelo contrário, parecia que iriam transar a qualquer momento.
- então não há o que temer, Daniel continua sendo atraente para as outras garotas e ele tem direito de ficar com quem quiser. - mordi o lábio de leve. - o que aconteceu entre nós está apenas entre Andrew, você, obviamente Brandon por você ter contado a ele, e eu. Ninguém mais sabe disso ou teríamos problemas por ter escondido algo tão sério.
- você tem certeza de que ele não irá fazer aquilo com outra garota ? - uma de suas mãos pega na minha, acariciando a palma com os dedos.
- certeza eu não posso ter Sammy, mas sinceramente, acredito que Daniel possa ter aprendido uma lição naquele dia, a perda do melhor amigo e do apoio de metade do time pode ter influenciado na sua decisão de vir me pedir desculpas e de ter parado com seus apelidos de mau gosto. Fora que enquanto fazíamos o trabalho eu pude perceber que ele não é ruim, apenas confundiu rejeição com desafio naquela noite. A popularidade ainda o acompanha, a fama de beijar bem também. Eu dei a ele uma chance de continuar sua vida sem uma mancha em seu histórico escolar e policial, agora cabe a ele decidir o que vai fazer com essa chance.

GraysonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora