Pietra Bertolazzi é uma agente especial do FBI consagrada por resolver os casos mais complexos de Chicago, conhecida como a melhor da sua área foi designada para um difícil caso recém chegado ao departamento: cassinos clandestinos, empresas fantas...
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∆CEMITÉRIO∆
Pietra passou levemente as mãos sobre o vestido preto tentando desamarrotar-lo, ao se olhar no espelho toda aquela dor retornava novamente. Ela vasculhou o guarda roupa procurado por seu cardigan, na esperança de que ele amenizasse a aparência deplorável, e desejava, muito, que ele a tornasse invisível durante toda a cerimônia.
Porventura ela encontrou um chapéu preto que lhe caiu bem, e de certa forma desviava a visão direta as olheiras e a cor pálida da Agente. A notificação vinda do celular acalmou alguns nervos irritantes dela, Erick lhe trouxe uma boa notícia em meio aquele clima deprimente que pareceu ter se instalado por todos os lados da vida de Pietra.
Uma equipe seletiva está nesse momento interrogando Chloe na sede do FBI, e o supervisor garantiu ao menos prisão perpétua. Toni desejava muito poder encarar mais uma vez aqueles olhos petulantes e malcriados, e poder despejar sua raiva e medo naquele rosto angelical e falso. Porém, depois do ataque de fúria que ela teve e acabou agredindo fisicamente a secretária, Evans não a deixou sequer chegar perto da sala de interrogatório.
As próximas 14 horas após o falecimento de Lise, foram um verdadeiro pandêmonio silencioso e inquieto na vida do casal. Ben estava exausto, e não demorou a dormir agarrado a Agente. E mesmo que Toni tivesse ouvido alguns resmungos chorosos dele durante a madrugada, ela preferiu deixá-lo quieto, e apenas confortar o rapaz com sua presença.
Toni mal havia pregado os olhos ao longo da madrugada. Toda vez que os olhos imploravam para fechar e poderem descansar por um instante, a imagem de Lise deitada no chão ensanguentada e a sensação apavorante de sentir o último suspiro da jovem garota, retornava mantendo-a desperta e assustada.
Pietra calçou os saltos baixos, e prendeu os cabelos pretos na tentativa de evitar a sensação de sufoco que pressionava sua garganta. O sentimento de afobação, e queimação intensificou quando Ben entrou no quarto visivelmente abatido, e sentou ao lado da moça deixando um beijo demorado nos cabelos dela.
Os dois, em completo silêncio, desceram as escadas do prédio. Toni foi obrigada a parar no andar de seu antigo apartamento remoendo as dores e ver as lonas pretas mexerem pelas correntes de vento e encobrirem a entrada destruída.
O rotineiro carro preto de luxo estacionado em frente ao prédio a espera dos dois, deu a Pietra o pressentimento de que nem tudo estava melancólico e arruinado. Contudo, as esperanças de se alegrar por um minuto esvaiu lentamente ao avistar Bernardo cabisbaixo e distante.
Toni mal podia imaginar a dor que o CEO sentia. Lise era uma das pessoas mais maravilhosas que ela havia conhecido. O tom autêntico, forte, feliz e sincera; qualidades das quais mais chamaram sua atenção. Pietra adorava a forma como Lise sempre se expressava em situações que achava desconfortável , ou equivocadas sem medo.
Uma alma persistente e convicta de seus pensamentos e ideologias. Um verdadeiro encontro incomum de espíritos coincidentemente semelhantes. Mas, tudo lhe pareceu vago agora, Lise está morta, e Pietra reconhecia não conseguir manter aquela versão forte e destemida de si mesma.
