Capítulo 45.1

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A legista caminhou sossegada e despreocupada até a mesa de metal central, ambientada com o clima frio e aterrorizante do necrotério

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A legista caminhou sossegada e despreocupada até a mesa de metal central, ambientada com o clima frio e aterrorizante do necrotério. A desconhecida puxou as luvas de látex reajustando-as nos dedos e pegou o gravador no balcão, antes de caminhar ao som da música clássica até o corpo coberto pelo tecido longo e branco.

_ Vítima aparentemente possui entre 25 e 30 anos- ela anunciou cutucando desajeitadamente o rosto pálido- Raça branca. Causa da morte ferimento no peito, lado esquerdo. Uma bala de 8 centímetro perfurou atingindo o ventrículo direito. Nome do vítima...

[ 8 horas antes - Casa dos Holfward's - 01:39 da manhã ]

Pietra piscou duas vezes antes de atordoada olhar em volta a procura de descobrir o que havia acontecido nos segundos em que seu cérebro simplesmente travou e desligou de horror. Ela não imaginou ser assim a sensação de tomar um tiro. Toni passou a mão pelo peito coberto pelo colete e soltou um suspiro aliviado, procurou o buraco da bala ou algum resquício de ferimento, mas o grito alto e agoniante de Darla a atraiu. Pietra desceu olhar até o chão vendo Bernardo segurando Lise em seus braços.

O olhar atribulado e longínquo de Toni vagou do rosto sem reação de Bernardo até o peito esquerdo da moça no chão, onde a regata branca e com detalhes em strass manchou de vermelho sangue com uma velocidade absurda.

Pietra imediatamente se abaixou e levou as mãos até o sangramento pressionando o ferimento na tentativa de estancar-lo. Toni pressionou gritando ardentemente por um médico, no quarto todos corriam buscando ajuda. E Erick foi às pressas até Chloe segurando-a para impedir que a garota criasse um desastre maior.

_ Cadê a merda do médico?- ela gritou sentindo as cordas vocais arderem pela força dos gritos. Ao lado Bernardo ainda em estado de choque tentava ajudar a pressionar a saída do sangue mas nada estava adiantando. Os olhos amendoados lentamente foram fechados fazendo Pietra gritar mais alto na busca desesperada por alguém que os ajudasse. A expressão atrevida e ao mesmo tempo angelical de Lise desapareceu trazendo uma palidez estranha e assustadora.

_ O-obrigad-a por t-udo, eu am-o-o vocês....- a voz fraca e quase se esvaindo fez Pietra desabar sobre a moça se esgoelando entre o choro e os gritos de socorro. Enquanto esteve com o rosto grudado ao de Lise, Toni pode sentir o último suspiro do ar frio bater em seu pescoço antes de um silêncio tomar o corpo da garota.

_ Não, não. Por favor, Lise! Não faz isso com a gente!- Ben gritou chorando também agarrado ao corpo da moça, que agora serena e sem vida não pode mais ouvir as lamentações deles.

De supetão e impulsiva Pietra se levantou e correu até Chloe que assistia tudo com atenção, Toni se jogou sobre ela desferindo tapas e socos furiosos enquanto a outra gritava por ajuda. Porém ninguém se moveu, apenas continuaram olhando surpresos a aterrorizados a cena, o primeiro a surtir com uma atitude foi Erick. O supervisor aproximou puxando a Agente que agredia sem dó a garota, Toni continuou se debatendo ferozmente na tentativa de se soltar dos braços do rapaz e voltar a descontar o vazio e irã que sentia na culpada daquilo tudo.

_ Pietra, para!- Erick gritou pedindo para que a moça parasse de espernear e chorar compulsivamente. O cansaço mental e físico não tardou a chegar, e aos poucos ela parou os movimentos caindo no chão frio do quarto. Pietra chorou desolado e aos soluços com o rosto deitado no piso de madeira tentou se livrar daquela dor insuportável que afligia o peito, e lhe dava ânsias de vômito a cada segundo.

A metros dela Darla, Steve e o filho do casal choravam desesperados ao lado do corpo da sobrinha. O clima tenebroso e fúnebre tomou todo o casarão e fez jus ao retorno do silêncio dos companheiros de trabalho de Pietra.

Erick tentou tirar a Agente do chão e levá-la para um dos carros, mas ela se recusou a sair de dali.

_ Pietra!- ele murmurou triste e segurou o rosto dela retirando os fios de cabelos molhados dos olhos da Agente- Nós não sabemos o que ainda tem nessa casa, eu preciso que me ajuda a tirar todos daqui, agora!- ele ordenou de forma suave e foi rapidamente acatado.

Os policiais tiveram dificuldade para levar Bernardo, já que o rapaz se desfazia em lágrimas colado ao corpo frio e falecido da prima. E em certo momento ele começou a hiperventilar, e dar indícios de uma crise da síndrome de wolff parkinson white.

Antes de alcançar o primeiro degrau da escadaria, Pietra olhou para trás e avistou o rosto pálido de Lise. A ficha de que ela realmente estava morta ainda não havia caído, e talvez levasse dias para cair. Assim que Toni saiu do casarão e encontrou o inverno rígido e sinistro da madrugada de Chicago, ela saiu às pressas procurando por Bernardo na multidão, que se formava atordoando os sentidos dela.

Ela temia que no meio de todo o enorme tumulto os sintomas da síndrome do rapaz tivesse piorado, e causado algo pior.

O frio havia drasticamente aumentado, e na tentativa de bloqueá-lo Pietra abraçou seu corpo observando a fumaça branca que saiu de seus lábios devido a baixa temperaturas de Ohio. Os pais de Bernardo estavam sentados na ambulância que recentemente havia chegado ao local , e os enfermeiros atendiam o casal que permanecia em um estado crítico de horror e amargura.

_ oi- ouviu a voz fraca de Bernardo logo atrás e se virou rapidamente.

Impetuosa foi até ele e o abraçou o mais forte que o resto das energias que lhe proporcionaram. Depositou todas as suas forças nos braços, como se sua vida dependesse daquilo. E a sensação da reciprocidade da intensidade do CEO aqueceu o coração assustado e inquieto dela.

_ Ben, promete que não vai me abandonar. Não importa o que aconteça, esteja comigo- ela sussurrou recebendo um beijo demorado dele nos cabelos.

_ Eu prometo... o CEO murmurou tremendo os lábios de frio e pavor.

Os dois mantiveram-se em silêncio apenas na tentativa de compreender toda a situação em que se encontravam. Entretanto, apenas de estar próximo a ele, o sofrimento diminui. Ainda que ela conseguia sentir a dor e a mágoa assolar seu coração, Toni tentou impedir que esses sentimentos de a consumirem, distraindo-se com o cheiro familiar de Bernardo.

Ele notou os arrepios friorentos que corriam pelo corpo dela toda vez que os vento gélido passou por eles, e abriu a jaqueta envolvendo-a. As batidas calmas e serenas que ela conseguiu ouvir vindas do peito de Bernardo lhe deu a certeza que não queria estar em outro lugar que não nos braços dele.

O som incomum vindo da porta da casa fez com os dois virarem devagar para observar o que acontecia. Os Agentes saíam sendo seguidos pelos legistas e o barulho das rodinhas da maca, onde Lise estava, passando pelos cascalhos. Um pano branco cobriu todo o comprimento evitando a exposição a aglomerado de repórteres.

O sentimento de culpa a atingiu trazendo o retorno das lágrimas, e rápidas fisgada no peito que aumentaram seus batimentos. Pietra quis pensar e acreditar que não tinha envolvimento direto com a morte de Lise, porém todos os seus pensamentos diziam ao contrário. Ela não conseguiria carregar o peso de ter influência no assassinato de uma das pessoas que mais gostou na vida.

Por momento ela tentou não pensar nisso. Os olhos focaram nas luzes da sirene que alternam as cores, e Toni aconchegou no peito do CEO agradecendo egoistamente por não tê-lo perdido também. Pois ainda que sentia uma enorme culpa por Lise, uma parte de seu coração estava aliviado por Bernardo estar bem.

Ver a morte de perto te mostra as verdades que seu coração quer esconder. E a sensação de uma quase morte deu a Pietra a verdade escancarada e irrefutável de que seu coração era de Bernardo, e seria dele não importava o que acontecesse. Estava fadada a amá-lo pelos restos de seus dias.

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Reta Final [...] <3

Como Seduzir Um MafiosoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora