A morte está a espreitar

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- A janta tá prontinha minina.
- Vamos Augusto, vamos jantar antes que Olga e Ana nós levem pelos braços, saiba meu querido que as duas passaram a tarde toda na cozinha a preparar nosso jantar.
- Imagino que tudo deve estar um manjar para os deuses, essas duas têm as mãos de fadas.
Sentam-se a mesa, Augusto muito cavalheiro puxa a cadeira para Lorena, ela agradece e ambos conversam e sorriem. Logo após o jantar vão para o alpendre, pois a noite se faz bela, uma brisa suave se torna convidativa para os pombinhos apaixonados.

- Seu pai disse lhe que conversamos mais cedo?
- Não vi papai até o momento em que retirei-me
Para cá, ele não havia chegado, imagino que após estar aqui contigo tenha ido à vila. Papai se mantém quieto ultimamente, temo ser o motivo dessa quietude.
- Imagino que seja eu a causa dos pesadelos de seu pai, meu querido.
- Papai nunca foi modelo a ser seguido, o senhor barão Inácio de Munhoz não tem o costume de ser contrariado. Sua vida desregrada vem lhe cobrando o preço, que deveras tem sido caro.
Ele sempre foi arrogante e a pobre mamãe sempre sofreu as consequências...
Lorena, meu pai está a viver seu pior pesadelo, a banca rotas, irá desestruturar minha família, temo por mamãe e Judith.
- Augusto meu querido, propus a seu pai comprar lhe a metade de sua fazenda pelo dobro do preço.
- Ele recusou-se a vender lhe?
- Disse-me que irá pensar, dei lhe uma semana, porém Até domingo próximo me dará a resposta.
Tem mais Augusto, eu lhe disse que pagaria o dobro se ele desse a liberdade a todos os escravos e...
Temo que minha proposta o tenha ofendido, mexido com seus brios ele partiu com cara de poucos amigos.
- Irei ter um dedo de prosa com ele, espero piamente que ele aceite sua proposta ela é a única saída viável no momento.
Agora deixemos os negócios e dê-me um beijo minha doce dama de ferro!
- Estava a pensar que enferrujaria-me aguardando seu beijo.
Os dois corpos se unem, os lábios se entregam a um beijo longo e apaixonado. Sob a luz do luar os vagalumes e pirilampos acendem suas luzes juntando-se assim, as estrelas no céu que cintilantes brindam ao amor.
Do lado de fora Jordão os observa, seu coração dói, porém ele é um homem afável e se resigna a escolha do coração de Lorena. Pensa em Rita uma mulher sofrida que o ama. De agora em diante seus pensamentos e olhares serão para ela.
Pega sua arma e vai deitar-se se sentindo em paz.
Após uma hora namorando  Augusto se despede com um ardente beijo, monta sultão e volta para Santa Lucia.

Amanhece em Ouro Negro

Após o café da manhã Lorena sai ao alpendre e vê ao longe uma carruagem que vem chegando a Ouro Negro. Um escravo desce, abre a portinhola e ajuda uma senhora a descer ela está toda vestida de preto, trás em sua face um olhar carrancudo. Vê Lorena ao topo da escada.
Lorena cordial  desce e se apaixona.
- Bons dias senhorita, gostaria de falar com a proprietária da fazenda.
- Bons dias! Sou a própria.
- Ora! Imaginei uma mulher com mais idade, quando me falaram sobre suas peripécias. Não imaginei ser tão, tão menina.
- Sou Lorena, e a senhora é?!
- Sou Perpétua! Imagino que irás me convidar para entrar, pois ficarmos sobre os pés aqui fora não é de bom tom.
- Mil perdões, senhora. Venha e entremos, por favor!  E dizendo isso, as duas sobem os degraus da escadaria até o alpendre.

Santa Lucia

Augusto chegou a noite e não deparou-se com o barão.
Logo ao raiar do sol o barão vai ter com Onofre.
- Onofre meu caro, a preocupação e nosso assunto de ontem não me deixaram pregar os olhos.
- Pois eu maquinei a noite toda, tive várias ideias que podem ser boas e além de tudo, não deixar nenhum rastro que possa nos incriminar.
- Diga-me o que pensantes?!
- Creio que devemos ter cuidados para não levantarmos suspeitas, a forca não é meu desejo para o futuro.
- Ora! Não digas isso! Tem que ser um plano supimpa.
Minha norinha não poderá sobreviver de modo algum, tem que ser rápido e fatal!
- Será, será! Envenenamento por cicuta é fatal! Impossível sobreviver, difícil de saber o que matou. Vai parecer que morreu de emoções do casamento.
- Será após ao casório?
- Sim, logo após. Na festa ela bebe e morre. O barão fica com tudo, as fazendas, e tudo que a sinhazinha tiver.
- Meu filho fica com tudo!
- Não será o mesmo, barão?!
- Será deveras, o palerma do meu filho estará a morrer de amores e tudo será cuidado por mim, mas como faremos isso?!
- Tenho ideias, muitas ideias!
Uma negrinha espevitada e interesseira vai vir a calhar. Ô se vai!

14/93/2021
Maria Boaventura

A BELA DE OURO NEGRO Where stories live. Discover now