* O baile *

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- Estou mesmo à brincar, sei que o mais importante são nossos ideais.

Se não, com certeza haveria uma guerra entre você e seu marido, e temo que o pobre coitado sairia perdendo. Todos riem.

- Meu caro primo, estais  hoje deveras muito engraçadinho.
Não me apoquentarei com suas picuinhas, vou ocupar-me somente com o sarau.

-E eu irei à vila jogar conversa fora, a tardinha aqui estarei para o tão esperado sarau.
Tenho esperança que a mais linda criatura de olhos e cabelos negros, dance comigo.

- Tome tento primo! Já disse que ela é compromissada, não vá nos deixar mal frente às famílias dos nossos vizinhos. Estamos na linha de tiro, bem no meio das duas fazendas e não quero que essa paixão tola mate você e a mim!

- Não se preocupe, antes quem morre de amores sou eu, morro de tanto amor e paixão.
Lorena balança sua cabeça em um tom negativo.
Vê que com seu primo não há maneira de falar sério.

O dia passa bem rápido e a noite chega...

Lorena desce as escadas com um vestido azul lindo, e com um arranjo de flores no cabelo, o que a deixa mais linda ainda.
Hugo a espera ansioso, seu desejo é que o mais rápido possível fossem para o sarau na fazenda vizinha.

Sebastião vai conduzindo os cavalos.

- Vamos então Sebastião, Hugo está muito apressado para que cheguemos logo à festa.

- Você nem imagina o quanto estou apressado!

- Sim sinhá! Chegaremo rapidinho.

E partem para fazenda santa Lucia.

Ao chegarem à porteira da fazenda já podia-se ouvir a musica e ver varias charretes e carruagens que já se encontravam paradas pelos arredores da casa grande.

Vários escravos aguardavam do lado de fora, esperando seus senhores que estavam dentro da casa.

Lorena desce com a ajuda de Sebastião, ela o agradece e de braços dados com Hugo sobe as escadas e adentra a casa grande que está repleta da nata da sociedade de são Gabrielense.

As pessoas mais importantes da vila ali estão.
O padre, o medico, o juiz, seu Antônio com sua esposa e Vários senhores de escravos.

 Fazendeiros e alguns coronéis já estão em um recinto separado, onde fumam e gargalham, sobre  assuntos que para as senhoras e sinhazinhas é enfadonho e imoral demais para que participassem.

Barão Inácio e sua esposa estão à porta recebendo os convidados com um grande sorriso nas faces.
Augusto e Judith vêm cumprimentar a Hugo e Lorena.

- Senhorita Lorena, sejas bem vinda à nossa casa, sinta-se a vontade. Senhorzinho Hugo, sinta-se em casa.

- Obrigada barão! Agradecemos pelo convite, ficamos lisonjeados ao recebe-lo.

- É para nós um prazer tê-los aqui senhorinha!

Lorena curvou-se um pouco e disse:

- Baronesa é para mim uma grande satisfação conhecê-la.

- Sinhozinho Hugo, senhorinha Lorena, sejam bem vindos!

- Agradeço senhora.

- Boas noites!
Disse Augusto beijando a mão de Lorena que estremeceu ao sentir o toque dos lábios de Augusto em sua mão.

- Boas noites senhor Hugo!

- Boas noites!

- Está é minha Irmã Judith.

- Muito gosto em conhecê-la senhorita Judith!

- O gosto é todo meu!

Barão Inácio já havia falado de Lorena praticamente para todos os fazendeiros. Havia a descrito como moça homem, que não ficaria um mês na fazenda que herdou de deu pai, porém, Lorena estava o surpreendendo com seu excelente desempenho e desenvoltura em lidar com negócios que o senhor barão imaginava em sua mente machista e escravocrata, que somente homens soubessem lidar.

Afinal de contas, a colheita de café da fazenda Ouro Negro estava toda entregue aos compradores.

Barão Inácio tomou Lorena pelo braço e disse:

- Se a senhorinha me permitir, quero lhe apresentar meus amigos;

 Na verdade, uns os são outros não!

Falando baixinho sorriu.

- Com muito prazer barão!

Augusto ficou a conversar com Hugo, Judith com algumas amigas foram se assentar perto dos músicos que tocam lindas valsas.

Lorena chega de braços dados com o barão onde vários fazendeiros o delegado, o padre e mais alguns homens importantes estão reunidos, tomando licor, fumando charutos e conversando.
Lorena é um dos assuntos debatidos com eloquência, sua chegada e também seu brilhante desempenho em sua colheita.

- Meus caros amigos! Quero lhes apresentar para quem não a conhece, está é a senhorita Lorena de Nóbrega herdeira de Ouro Negro.

Todos a cumprimentam levantando se de seus assentos, desejando-lhe uma boa noite. Lorena responde a cada cumprimento com um sorriso cordial.

- Ora, ora barão! Não sabíamos que a senhorinha era tão jovem e bela;
disse o senhor Anselmo de Godói dono de fazenda e também do único açougue de toda região.

A BELA DE OURO NEGRO Onde histórias criam vida. Descubra agora