Cortinas novas

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Muitas prosas e sorrisos.
Já era meia noite quando Lorena diz a Sandra;
- Você e Hugo ficam comigo em Ouro Negro, temos assuntos a resolver amanhã pela manhã.
- Nossas bagagens, lá já estão!
- Deveras, prima.
Passamos por lá e deixamos as bagagens aos cuidados de Jordão.
- Senhor Hugo, minha casa é de vocês, se assim, o desejarem fiquem conosco.
- Agradeço a hospitalidade meu sogro, voltaremos em breve, tenho assuntos inacabados na capital e minha prima está a par das quantas andam meus negócios.

Dona Perpétua, se levanta e agradece o maravilhoso jantar.
- De maneira alguma posso permitir que a senhora e sua sobrinha peguem a estrada em um horário desses!
Amanhã vocês retornarão a sua fazenda, hoje pernoitam aqui, faço questão!
- Falando dessa forma, não vejo outro jeito, ficaremos.

Os jovens se alegram por ficaram mais tempos juntos.
Dionísio beija a mão de Iara e agradece a seu Agenor o belo jantar.
- Antes de sair, gostaria de pedir ao senhor se posso fazer a corte a sua filha Iara.
Confesso que ela cativou meu coração, sei que o momento talvez, não seja propício, porém minha mãe sempre me diz; não deixe para amanhã o que podes fazer agora!
O senhor me concede?
- Ora, se minha filha assim o querer, concordo com muito gosto.
Iara sorri.
- Eu aceito ser cortejada pelo senhorzinho.
Diz ela feliz da vida.
- Esse jantar está a render, senhor Agenor.
E falando em voz mais baixa, Lorena diz:
- Penso que o senhor e seu filho Rafael, não devem deixarem escapar essas tão belas mulheres que estão, também e namoradas dos dois.
- A Senhorinha acha isso?!
- Tenho absoluta certeza!
- Agradeço, irei pensar nisso.
- pois pense, e pense rápido!
O tempo e voraz.

Lorena e Augusto juntamente com Dionísio se despedem e partem para Ouro Negro, seguidos de perto por Hugo e Sandra.
Como já se faz tarde, ao chegarem Augusto monta em sultão e parte a golope para sua fazenda, e os outros, já cansados vão para seus aposentos dormirem.

O dia amanhece...
A dama de ferro levantam-se
E vai a cozinha.
- Bons dias a todos!
Teremos hóspedes para o café da manhã.
Seu filhinho predileto chegou Olga!
- Pois deixe de ser ciumenta minina!
Amo vocês igualzinho.
- Vou fingir que acredito em você, mas sei que é mentira!

Ela sorri, ao ver Olga ficar brava pela brincadeira.
Jordão chega pela porta dos fundos e saúda sua patroa.

- Bons dias para você, Jordão.
E os fujões, conseguiu acha-los?!
- Sim, eles já foram para a lida, Constâncio está de olho neles.
Acho que num vão fugi mais não.
Passaram fome e frio.
A vida de fujão não e para Qualqué um.
- Fico muito feliz por terem criado juízo, Agradeço a você , tenho certeza que você deu bons conselhos para que voltassem.
- Eu abri os olhos deles.
-Fico grata.
Hugo e Dionísio descem para tomarem o café da manhã.
- Estou feliz, atrasado.
Feliz por ser o namorado da bela Senhorita Iara, atrasado para as aulas.
- Estais a lecionar aqui, Dionísio?
- Sim, e sou o professor mais dedicado do mundo.

Diz isso e sai às pressas para a cozinha que é também a sala de aula para todas as crianças.

- Prima, ele não parece- se em nada com o Dionísio da capital.
- Realmente, sua ocupação com as aulas e seu amor por Iara estão fazendo milagres na vida de nosso tão bom amigo.
- Estou deveras feliz por ele.
Como está tudo por aqui?
- Comprei a metade da fazenda de meu futuro sogro e todos os seus escravos.
- E Ele não mandou matá-la?

Lorena sorri com a brincadeira de seu primo, sem saber que esse é o maior desejo do Barão, ver sua nora Mota e seu filho palerma, rico.

- Recebi esse telegrama de seu advogado, eu iria amanhã de manhã para a Capital resolver esse assunto, como chegastes, creio que resolveras.
- Sim, amanhã irei a capital.
- Irei contigo, imagine que falta trinta dias para meu casamento e não comprei meu vestido.
- Prima!
Amanhã então iremos.
Sandra está cansada da viagem, penso que não irei persuadi- lá a nós acompanhar.

Hugo ainda está a falar e Sandra chega na cozinha.
- Ouvi a conversa, confesso que estou exausta da viagem.
Posso ficar na casa de papai e matar as saudades.
- Claro, podes ficar com sua família.
- Estive pensando, tenho minha casa na vila, deveras grande e bonita, toda mobiliada.
Está tão vazia e solitária.
Se quiserem podem morar lá até comprarem seu lugar.
- Uma ideia estupenda!
Sua casa é exatamente o que precisamos.
- Ela é de vocês!
- Agradecemos, prima.
Você é a melhor prima irmã do mundo!
- Deixe de galanteios seu safardana.
- temos um presente para você.
- Para mim?!
Me dê logo!

Chegam ao pé da escada e Hugo grita para Olga.
- Podemos subir?
- Deixe de pressa minino!
Tá quase acabano.
Lorena curiosa pergunta:

- Não me deixem mais aflita, digam-me o que é esse presente?

- Pode vir!
Todos sobem as escadas correndo, Lorena na frente, Hugo a puxa e a coloca para trás de si.
- Pare com isso, seu muleque traquina.

Chegam em frente o quarto dela.
Ela empurra a porta, e em suas janelas estão penduradas as cortinas de cetim vermelho.
Mais lindas do que aquelas que viraram tiras na colheita do café.
- São lindas, Sandra!
Hugo seu...
Elas são maravilhosas.
Agradeço aos dois, me foi o melhor presente que poderia ganhar.

- Depois de ouvirmos tantas histórias sobre as tais cortinas vermelhas de cetim,
Sandra obrigou-me a trasê-las para minha irmãzinha querida.
Você não as merece!
- Seu ingrato!
Ela os abraça e diz que os ama.

Fazenda Santa Lucia

- Augusto, comprei um mimo para sua noiva e gostaria de levá-lo a ela essa noite.

- Papai, teras que adiar sua visita, amanhã ele partirá para a Capital.
Irá comprar o vestido de noiva.
- deixarei para visitá-la após sua chegada.
- O que compras-tes ?
- Um jogo de taças de cristais.
Um mimo para o dia do casamento, espero que ela goste.
- Com certeza, ela irá amar.
Minha noiva é uma mulher inigualável.
- Meu filho.
- Sua benção mamãe!
- Deus te abençoe.
- Já vem essa mulher se enfiar meio a nossa prosa!
- Diga-me mamãe, o que posso fazer pela senhora?
Estais melhor?
- Sim, não sinto mais nada.
- Irei a vila agora, venhas comigo Augusto.
- Não poderei papai, tenho que ajudar o Sebastião com os trabalhadores na lavoura.
- Muito bem, irei só.
Leve o vagabundo de seu irmão e o ensine a cuidar de suas obrigações.
Daqui a um mês ele será responsável por tudo o que você faz.
- Pode deixar, o levarei.

E o Barão sai resmungando alto.

- Mamãe queres me dizer algo?
Quero visitar minha futura nora, se for possível.
- Depois que ela voltar da capital, eu mesmo levarei a senhora para uma visita.

Dona Cândida, pega uma caixinha de joias que trazia consigo nas mãos.

- Este anel de esmeraldas, pertencia a minha vó.
Quero que você dê a sua noiva.
É uma herança de família, quero que fique em sua família.
- Mas, mamãe...
- Ele é pra sua noiva, não tem nenhum, mais...
- Ela vai amar, ele é lindo.

Augusto beija a mão de sua mãe.
Imaginando que, como pode seu pai ter um coração de pedras?
Como pode alguém não amar uma mulher que tem a alma de anjo, como tem dona Cândida.

María Boaventura.




A BELA DE OURO NEGRO Where stories live. Discover now