Espinhos na alma

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Uma dor imensurável é colocada no coração de Lorena, seu amigo fiel, partiu para sempre...

Um imenso alvoroço se faz,
Todos deixam suas mesas e rumam  onde Jordão jaz caído ao chão.
Somente o senhor Barão não consegue deixar o seu lugar.
A taça de cristal vermelho cai de sua mão, seu corpo não mais lhe obedece.
Com os olhos arregalados ele cai ao chão, tal como a taça estilhaçada, sua mente se desfaz em mil pedaços.
Os pensamentos fongem- lhe
à razão, e mil facas caminham em seu estômago.

A senhora Baronesa, que não saiu de seu lado, abaixa-se e pega lhe a mão, olha dentro de seus olhos e vê a morte o abraçar, sem nenhum remorcio...

O Barão começa a sofrer fortes espasmos, a Baronesa grita pedindo socorro.

O doutor muito depressa, vem socorre-lo.

Um grandioso alvoroço se forma na festa.
Jordão morre nos braços de Lorena e Augusto a ampara em seus braços, pois ele sabe que o coração de sua amada está partido pela perda de seu amigo.
Não há ciúmes nessa hora, o beijo que sua mulher deu no moribundo amigo, foi o melhor presente que ele levou para a eternidade.

- O Barão morreu!
Grita um dos convidados.
Nessa mesma hora pode-se ver a separação racial, os ricos e brancos correm para onde se encontra o falecido.
Os negros amigos de Jordão permanecem ao lado de Lorena lamentando e chorando a morte de seu amigo.
Rita chora debruçada sobre o corpo e é consolada por Ana e Sara.
Ao ouvir sobre a morte do Barão, Augusto sai correndo para ver o ocorrido.
Seu pai, o imponente Barão Inácio Munhoz está caído ao chão com seus olhos arregalados e o rosto repleto de vômito.
O doutor após o examinar e vem os sintomas diz:
- Parece-me não se tratar de um mal súbito.

Ela abaixa-se, pega um caco da taça que está caída ao chão, cheira e logo suas suspeitas se confimam.

- É veneno! Ele foi envenenado.

Enquanto isso...

O sargento com alguns soldados montam seus cavalos e partem no encauço
de Onofre.

Onofre chicoteia o cavalo e balança freneticamente as rédeas, gritando como um louco, fazendo o pobre animal acelerar seu galope.
Os soldados esporeiam seu cavalos e em pouco tempo se aproximam  da charrete em que está Onofre.

O desespero toma conta daquele homem.
A estrada toda esburacada faz com que, grandes solavancos  desestabilizem
A charrete e o cavalo.

Quando os soldados o estavam alcançando, ele chicoteia mais ainda, grandes pedras e uma curva sinuosa na estrada, fazem o   cavalo escorregar e a charrete cai no despenhadeiro.
Onofre é arrastado morro abaixo, sendo esfregado contra as pedras...
Quando a queda termina ele está moribundo, suas entranhas estão para o lado de fora de seu corpo.
Em um esforço descomunal
Tenta- se levantar segurando suas tripas, seus olhos vidrados não conseguem acreditar que tudo acaba-se ali.
Ele solta uma enorme gargalhada, zombando de sua própria desgraça.

O sargento chega ao fundo do precipício o meliante ainda estribucha, logo após, morre.

A desfortuna é inigualável.

Três homens mortos.
Um Barão, sínico e mau.
Tentou usurpar a vida do amor de seu próprio filho.

Um feitor, bruto, ganancioso e extremamente mau.

Um escravo. Honesto, amoroso e de caráter irrepreensível.

O céu estava em festa.
O inferno também!

Muito choro, desespero e lamento.
A desgraça foi tatuada no coração de Ouro Negro.
O dia mais feliz na vida da dama de ferro, tornou-se
Fatídico cheirando a morte.

Seu vestido cheio do sangue vermelho de seu tão fraterno amigo.
Seu sogro morto envenenado.
E chega o sargento com a notícia de mais uma morte.
Quando ele soube da morte de Jordão, ele ficou consternado e lamentou.
O Barão morto e envenenado?!
Mas como?
Se o sargento havia pegado o frasco de veneno das mãos de Anastácia e o trocado por água.

Alguém havia envenenado o Barão, mas quem?!
Após uma meia hora de espanto e choro que estava consumindo a todos.

O sargento sobe nas escadarias do alpendre e toma a palavra.

- Quero que todos os que aqui estão, ousam o que tenho para falar!

O  buchicho e a conversação eram grandes, então ele gritou.

- Façam silêncio!!
Eu estou aqui para esclarecer algo que está deveras obscuro nessas mortes que aqui ocorreram.
Lamento pelos familiares e amigos.
Lamento também pela senhora Lorena.
Eu estava hoje aqui incumbido de impedir o assassinato da senhora.

- O que?!
Todos ficam espantados com as palavras do sargento.
Augusto que estava com os olhos merejados por seu falecido pai, fica atônito.
Lorena toda desfigurada, com seu vestido puro sangue
e com o coração aos pedaços,
Veste-se de sua face de dama de ferro, da alguns passos a frente e questiona o sargento.

- Como pode ser isso sargento?
O dia do meu casamento tornou-se em uma carneficina
Agora vem o senhor e diz que hoje seria o dia de minha morte.
- Sinto em dizer que sim!
A vários dias Jordão e eu estávamos tentando pegar o assassino que queria a sua morte.
- Mas quem é esse crápula, infame?

Pergunta, Augusto injuriado.

- Algum tempo atrás, Jordão me procurou com uma história que à princípio não pude acreditar, mas na mesma

Hora tive a comprovação que as suspeitas eram verdadeiras.

Rita ouviu o senhor Barão e Onofre combinando de matar a senhora Lorena logo após o casamento.

Todos se levantam alvoroçados!
Não conseguem acreditar nas palavras do sargento.

- Não pode ser!
Fazendeiros e amigos do Barão ficam indignados
E protestam.

- Calem-se e deixem o sargento terminar sua prosa!

Grita o delegado da comarca, que também era amigo do Barão.
Ele estava no casamento a pedido do superintendente e veio verificar pessoalmente a veracidade do comunicado que fez o sargento, sobre o intuito de o Barão estar planejando o assassinato de sua nora.

- Posso continuar?
Pois bem!
O Barão e Onofre compraram cicuta a qual iriam colocar na taça da Senhora Lorena.
Após o casamento, para que ela morresse e o senhor Augusto herdar toda a fortuna de sua recém esposa.
- Isto é uma enorme mentira!
Papai era um crápula, mas jamais teria a coragem de matar a mulher que eu amo.
- Sinto muito Senhor Augusto, mas é a mais pura verdade. Também custei a acreditar.
No mesmo dia que Jordão me contou chegou o jogo de taças e foi aí que comecei a investigação.
Achei o Boticário que vendeu a cicuta para o Onofre.
Seu pai e o Onofre infiltraram Anastácia aqui na casa da senhora Lorena, para que ela colocasse o veneno na taça de sua mulher.
Não tem erro, tudo foi muito bem investigado e comprovado.

Maria Boaventura.

A BELA DE OURO NEGRO Kde žijí příběhy. Začni objevovat