*Orgulho e castigo*

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E saem do quarto, trancam a porta e deixam aquela pessoa ingrata e malina

só em seu quarto, com suas dores.

Tereza chora feito uma criança a qual sabe que será ainda mais castigada pela mãe.

Acabaram-se para ela as mordomias e o sonho de ser sinhá fica para trás,

restando-lhe a vergonha de ser castigada por simples mulheres; que apesar de não terem aprendido a ler, aprenderam que o respeito , amor e amizade valem bem mais que a leitura.

O sargento e Constâncio ouvem os gritos de Tereza pensam em ir lá ver o acontecido, porém Pitu chega e lhes conta que as mulheres estão dando uma surra em Tereza . Eles acham que ela merece uma surra antes de ir para prisão, não movem uma palha para à acudirem.

Logo o sargento manda um soldado buscar o negro e Tereza para irem para a prisão na vila, quando o soldado abre a porta Tereza fica encolhida em um canto chorando, o soldado a pega pelo braço, amarra suas duas mãos com uma corda,  ela grita.
Olha para todas as mulheres que acabaram de lhe dar uma surra ela pede clemência, porém elas olham para ela com um olhar de ódio por tudo que ela fez contra Lorena. Assim ela vê que em sua curta vida não obteve nem um só amigo que a pudesse defender,  o que ganhou foi a indiferença daquelas negras que tudo fazem por sua sinhá; que apesar de branca, dona de tudo aquilo ali, era amável e simples, ao contrario dela que somente por ter aprendido a ler era um poço de arrogância.

O corpo chega e o sargento e o doutor partem para vila, levam Tereza e o negro para a prisão.

Eles vão amarrados em uma corda pelos punhos Tereza está com hematomas pelo corpo, não iguais aos de Lorena, apesar da raiva, as mulheres de Ouro Negro tiveram compaixão daquela mulata que pensava que um dia chegaria a ser sinhá.

Ela com seu vestido rasgado, com seus cabelos todos esgandaiados,

olha para trás e vê a casa grande ficando ao longe.

Chora ao recordar de suas tardes no quarto de Lorena vestindo seus vestidos, sonhando em ser sinhá.

Agora arrastada pelas estradas de poeira que levavam até a prisão e mais tarde, talvez até á forca.

*Fazenda santa Lucia *

Augusto chega a galope pela frente da casa grande e encontra seu pai logo na chegada.

-Precisei de ti Augusto! Você me some,

onde estavas que não o encontrei?!

- Venho de Ouro Negro e lá aconteceu algo horrível com a senhorita Lorena.

- O que aconteceu com a senhorita?

E logo agora que ela iria mandar seus homens para nos ajudar?!

-Papai, por favor, está a pensar em trabalho! Aconteceu algo horrível, eu disse!

- Digas! O que ocorreu que você esta aflito assim?!

- Juca tentou violentar a senhorita Lorena e sua intenção era de matá-la,

Ele a esmurrou e ela está deveras muito ferida.

-Que é isto que me dizes? Ele bateu nela?

Temos que pega-lo e o enfocar!

Como o tal de Juca pode fazer tal coisa?

- Papai tem mais! Foi ele quem ateou fogo em nossas sacas de café.

- Eu o matarei! Eu tirarei sua pele e a colocarei para secar em estacas!

Aquele maldito! Sacripantas! Eu o matarei, eu juro!

-Não poderás fazê-lo papai.

-Augusto não há neste mundo inteiro quem me faça não  matar,

e estripar esse miserável!

- Sinto papai em lhe informar que a senhorita Lorena não permitirá que o senhor o mate.

-Se ela pensar que eu não o matarei, ela está enganada...

- Papai, Escute-me! Ela mesma o matou!

-O que?!

- Sim! Ela deu-lhe um tiro na cabeça que seus miolos espalharam-se pelo chão.

- Sendo assim, não o matarei!

Aquela senhorita é mesmo meio homem...

Me diga se qualquer outra mulher teria coragem de estourar a cabeça de um pulha, feito este Juca?

- Ele bateu nela e tentou violentá-la, ela está ferida e vai demorar a sarar.

-Ele conseguiu violá-la?

- Não papai, não conseguiu!

-E como sabes?

-Eu fui quem a encontrou lá em cima no morro alto, ele bateu e...

Foi assim!

-Irei mais tarde lá saber noticias.

-Eu irei com o senhor.

- Como pode? Esse Juca ficou a vigiar a fazenda da senhorita?

-Ele teve ajuda papai, de um negro fujão amigo daquela mulata que ela comprou no leilão.

Foi ela quem disse para Juca aonde a senhorita ia quase todas as tardes para cavalgar. Juca a seguiu e tentou cometer o tal ato, que não conseguiu, pois não esperava que a senhorita andasse armada.

-Hoje mesmo de manhã ela me disse que aquela escrava não valeu o dinheiro gasto,

agora saber que ela juntou-se com o Juca para matá-la vai ser um grande

desgosto para a senhorita.

Aquela negrinha merece mesmo a forca junto com o negro fujão que ajudou o Juca.

Esse eu mesmo faço questão de enforcar!


Maria Boaventura.

A BELA DE OURO NEGRO Where stories live. Discover now