A BELA DE OURO NEGRO

*Mãos de fada*

Hugo e Lorena são convidados a sentarem-se na sala de estar onde lhes foi oferecido um delicioso licor.  O Barão não se contendo em comentar sobre a ida à fazenda Três Corações, iniciou a conversa.

- Senhorita hoje estive na fazenda de meu amigo Agenor e pude ver com meus olhos, como ele mesmo disse: sua estupenda ideia, senhorita como tivesse essa tão boa idéia?

- Barão, eu não me conformei com a lentidão da colheita e ao deitar-me em minha cama veio me essa boa ideia!

Quero dizer-lhe Baronesa, que essa tal ideia me custou uma cortina de cetim vermelha que meu pai mandou vir de Portugal para meu quarto.

Ela se transformou em trapos no primeiro dia.

-Ouvindo a senhorita contar é quase impossível acreditar que uma cortina de seda pudesse ser tão bem usada!

* E todos riem*

-Vejo que vocês têm um lindo piano?

-Mais um gasto perdido!
Diz o Barão.

-Ninguém sabe tocar piano Baronesa?

-Judith toca um pouco

-E toca bem mal, se diga de verdade.

-Minha prima toca maravilhosamente bem!

- Não diga isso Hugo! Poderão pensar que está á falar a verdade.

-Ora senhorita, toque para nós! Diz Otávio.

- Não toco vai para quase um ano, deveras estou enferrujada.

-Deves mesmo, pois todos á chamam de dama de ferro e o ferro enferruja.

- Otávio! Como podes zombar assim da visita.

Lorena solta uma gargalhada muito alta e todos a olham.

-Me perdoem, não sabia que me chamavam de dama de ferro.

E dizer que estou enferrujada veio mesmo a calhar!

Todos riem e a noite é apenas uma criança, mais coisas iriam acontecer durante este jantar que começa com elogios e piadas.

-Vamos senhorita toque para nós. Pede a baronesa.

-Tens óleo para untar minhas mãos?

- Claro que sim! Anastácia! Chama a Baronesa.

-Desculpe-me Baronesa, estou á brincar. O óleo seria para tirar a ferrugem dos dedos, mas com óleo ou sem óleo tocarei um pouco para vocês.

Não sou culpada pelos ouvidos de todos ficarem a doer.

Lorena estava descontraída como nunca mais tinha estado depois que chegou a São Gabriel, ela vai até o piano puxa a banqueta estrala os dedos e toca algumas notas, vê que o piano apesar de não ser tocado está afinado e tem um som que parece um coro angelical.

Ela começa a tocar e todos ficam arrepiados com sua exímia habilidade em tocar. Augusto chega e Lorena está de costas tocando como nunca ali alguém havia ouvido, todos maravilhados e os dedos de Lorena eram como se realmente um anjo estivesse tocando.