*ENTREGA DO CAFÉ*

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Capitulo 12

Lorena está muito feliz pela chegada de seu primo irmão.

Deita-se em sua cama sorrindo e levanta-se rapidamente, corre pelo corredor bate na porta do quarto de visitas que seu primo está. Quando ele lhe abre, dá-o um enorme abraço e diz:

- Tenhas uma ótima noite meu irmão querido!

- Uma ótima noite pra você também, minha irmãzinha linda.

Ambos sorriem e vão dormir.

O galo canta ouve-se barulho na cozinha.

O cheiro de café coado exala por toda casa grande, Lorena desce as escadas como sempre de calças e botas, pronta para o primeiro dia de transporte das sacas de café para o armazém.

- Bom dia Ana! Como está cheiroso esse café me parece que hoje ele está mais gostoso.

- Bom dia sinhá menina!

- Já disse, não sou sinhá! Todos sorriem.

- Bom dia Maria e Rosauro! Como vocês estão hoje?

- Bom dia sinhá! Tudo bom.

- Que bom, e onde está Pitu?

- Já está vindo, sinhá!

Lorena olha com um olhar doce para Rosauro.

Rosauro um velho escravo, muito judiado pelos anos com senhores

de engenho sem nem uma misericórdia com os escravos,

porém, sua luta pela sobrevivência havia quase chegado ao fim, Lorena tem planos para Rosauro que irá o alegrar por deveras.

Constâncio já havia deixado Sebastião, João e Jordão encarregados de encangar as juntas de bois aos carroções e mais quatro trabalhadores iriam levar sacas de café em burros todos estavam empenhados para que tudo saísse perfeito.

O dia tinha recém clareado e dois carroções

Vem cantando na porteira da fazenda, como tinha prometido senhor Agenor havia enviado os carroções para o transporte e mandou um pedido de desculpas, não poderia emprestar os escravos, suas colheitas estavam bem atrasadas.

Lorena o mandou um bilhete de agradecimento e Sebastião tomou conta das juntas de bois.

Às oito horas da manhã sai os carroções, as mulas e burros todos carregados com os grãos, partem rumo à vila de são Gabriel.

Porém, antes da partida Lorena vai ao quarto de seu pai e pega quatro garruchas carregadas e dá uma para Sebastião, outra para João, uma para seu primo Hugo que recusou dizendo que já estava armado.

Constâncio já tinha duas e uma cartucheira que não largava para nada. Lorena coloca uma em sua cela caminha para o lado de Jordão e diz:

- Está é para você Sem nome para que possamos proteger nosso café.

Jordão estende as mãos pega a garrucha e diz:

- Obrigada pela confiança, vou proteger seu café com a vida se for preciso.

Quando Lorena ia se afastando para montar em seu cavalo...

- Jordão!

Lorena olha para ele e ele diz novamente:

- Jordão, meu nome é Jordão!

- Muito prazer Jordão! Dizendo isso ela sorri.

E a comitiva parte para à vila. No armazém enquanto descarrega o café, seu Antônio lida com os acertos com os compradores, nem um dinheiro irá para fazenda todo ele ficará no banco. Quando terminaram seu Antônio a pedido de Lorena deu almoço para todos que logo após a refeição partiram para Ouro Negro.

Hugo estava admirado com sua prima, antes uma moça refinada, agora consegue lidar com compromissos que todos pensam ser para homens somente. E o melhor de tudo, ela estava se saindo muito bem!

A notícia de que Lorena já havia colhido e entregado seu café percorreu a vizinhança como um rastilho de pólvora, todos se negavam a acreditar que uma sinhazinha tão jovem e sem experiência, menininha da cidade deu conta primeiro que os velhos experientes com a lida do café.

Passaram se poucos dias e a entrega estava acabada, Lorena reúne á todos na senzala.

- Boas tardes a vocês! Como ontem terminamos a entrega do café no armazém hoje quero falar com vocês, primeiro agradecer a todos pelo trabalho que fizeram todos, sem exceções trabalharam com zelo e afinco.

Suas sacas de café estão no banco para que fique guardadas, para que até as outras duas colheitas não percam seu valor. Nosso trabalho não termina, agora teremos que preparar a terra para o plantio, mas Constâncio vai dizer o que se deve fazer, por favor, Constâncio.

E dizendo isso passou a palavra para ele.

- A primeira etapa foi feita, que era a colheita e entrega do café, agora começaremos lidar

com o plantio e vamos ao mesmo tempo ter o corte da cana para o açúcar. Teremos dias trabalhosos, vocês estão acostumados com trabalho...

Então, é isso.

Constâncio não era muito bom com as palavras mais todos o respeitavam.

- Sinhá?

- Sim João!

- Como pode o café ficar no banco se a gente deixou todo ele no armazém?

Lorena olha para João com um olhar de compaixão pela ignorância dele sobre os assuntos bancários, afinal de contas ele não teve nunca nem um tipo de aprendizado.

- João, quando eu digo o café quero dizer que o dinheiro do café, o que recebi por suas duas sacas de café estão depositados no banco e nas próximas colheitas se juntarão com este que ali está e com isso você terá o dinheiro de seis sacas de café.

- Está bem sinhá, então nos vai pegar o dinheiro?

- Sim! É bem melhor para vocês, se pegassem o café alguém poderia querer pagar um preço bem menor do que o café estará valendo. Vocês todos me entendem?

- Sim sinhá!

Lorena olha para aqueles seres humanos tão inocentes, teme por eles após os três anos que eles estarão na fazenda.

- Alguém de vocês sabe ler ou contar números?

Todos olham uns para os outros e balançam as cabeças em um sinal negativo.

Jordão se levanta e diz:

- Eu sei ler algumas palavras e contar um pouco.

- Isto é realmente ótimo Jordão! Onde você aprendeu a ler?

- Fui escravo de um boticário por uns tempos e ele me ensinou, mas ele morreu e eu fui vendido por minha dona.

- Nunca é tarde para o aprendizado...

Sebastião se levanta e diz:

- Sinhá Lorena, nós conversamos, e vamos ficar trabalhando com muita boa vontade e respeito, não si preocupe, até vencer nosso tempo aqui em vossa fazenda.

nós temos tudo aqui, comemos, bebemos e agora nós temos alegria e liberdade, pra nós está bem bom assim.

Vamos trabalhar muito pra sinhá, pra agradecer tudo de bom que a sinhá féis por nós.

nós vivíamos muito sofrimento antes da sinhá chega, agora é só alegria.

Só temos que agradecer.

A BELA DE OURO NEGRO Where stories live. Discover now