A BELA DE OURO NEGRO

*Plano certeiro*

O trem parte rumo à capital, Augusto está serio sua agonia somente chegará ao fim quando ele vir sua bela e tomá-la nos braços novamente.

Em Ouro Negro tudo caminha muito bem, Constâncio e Sebastião com a ajuda de Jordão cuidam da fazenda como se fossem os proprietários, Lorena com sua bondade e zelo cativou á todos em Ouro Negro. Jordão que está conformado em perder para o senhorzinho Augusto sua tão amada Lorena, pois agora que o senhorzinho tudo deixou por amor á ela, Jordão vê suas esperanças se acabarem, afinal contra um amor tão avassalador não há como lutar e reconhecendo sua derrota ele cavalheira mente se retira da disputa que para ele sempre foi perdida. Com este choque de realidade ele passa a notar uma mulher que está ali bem do seu lado e que lhe lança olhares tímidos, porém faiscantes. Olhares apaixonados de Rita que é uma negrinha bem afeiçoada e está caída de amores por ele, que não havia notado, pois sua adoração e paixão por Lorena o cegavam. Agora com a aceitação da perda seus olhos se abrem e seu coração conformado permite que uma nova paixão entre e faça morada.

A vila de São Gabriel ainda não esqueceu o fatídico casamento não realizado, porém a vida há de seguir em frente como sempre, os comentários ainda caminham de boca em boca, mas será esquecido tão logo outro fato apareça para que o povo comente.

O Barão com tudo que ocorreu espera que a dama de ferro aceite seu filho e com ele chegue bem rápido ao enlace, sua fazenda está em ruínas ele vende alguns escravos diminuindo assim as despesas e se obriga a demitir dois de seus capangas para cortar custos, a ajuda de Lorena com os seus trabalhadores para preparar a terra para o plantio desafogou o Barão que agora se preocupa em reerguer-se do buraco em que Juca e também sua insensatez o colocaram.

O trem vai ziguezagueando pelos morros e serras do interior do rio de janeiro Augusto sempre pensativo imagina o que irá dizer para sua amada que deve estar com o coração repleto de amargura, ele pensa em todas as decepções que causou á Lorena e se arrepende de não ter declinado antes de chegar naquela igreja.
– Se  tivesse sido mais forte e se tivesse colocado Lorena em primeiro lugar não estaria nessa tão grande enrascada, e se ela não me perdoar por tanto sofrimento que lhe causei?

E se ela tiver viajado para fora dos pais? Não isso não, eu morreria.

Se ela...

Os pensamentos o estavam matando.

Ele retoma sua razão e em uma estação de uma cidadezinha do interior onde o trem fazia uma parada para a entrada de passageiros seu plano havia chegado ao momento de se concretizar. Ele desce do trem e pela já nela do terceiro vagão vê Sandra que esta de cabeça baixa e com os olhos totalmente inchados as lagrimas já não existem, apenas o soluço e o vermelho dos olhos.

Seu Agenor sentado ao seu lado continua sisudo com cara de poucos amigos.

Desce também dois sujeitos um tanto suspeitos, com a cara de capitães do mato ou algum bandido, isso não tinha realmente importância para Augusto.

O que realmente importava era que seu plano desse certo.

-Senhorzinho Augusto, pode dar as ordens que cumpriremos.

- Muito bem, quero que os dois logo que o trem...

- Está certo, nos faremos como o senhorzinho está nos dizendo.

E aqueles homens saem de perto de Augusto que se coloca a observar de longe Sandra e senhor Agenor.

Sandra que está visivelmente humilhada e subjugada por seu pai olha lhe e diz;

-Papai preciso ir à latrina.

- Ora essa, não há como aguardar?

- Por favor, papai, até isto me negas!

-Levante-se e vamos.

Sandra se levanta e seu Agenor a conduz pelo braço, na estação havia latrinas separadas para homens e mulheres, seu Agenor encaminha Sandra até a porta e a fica aguardando.

Cinco minutos para a partida, grita o bilheteiro!

Seu Agenor fica desassossegado com a demora de Sandra e a chama com rispidez;

- Apressa-te filha desnaturada, o trem já está á partir!

Mal ele acaba de pronunciar a ultima palavra é surpreendido pelos dois homens mal encarados que haviam sido contratados por Otávio á pedido de Augusto, eles cobrem a cabeça de seu Agenor com um saco ele tenta gritar, porém é contido com ameaças.

- Se o senhor abrir sua boca nós levaremos sua linda filha e ela nos servirá muito bem durante toda á noite, então se cale e venha conosco.

Seu Agenor coagido por medo de acontecer algo com Sandra.

Ele faz silêncio e é arrastado pelos dois para um beco sujo próximo a estação onde é amarrado e obrigado a ficar quieto.

Sandra sai da casinha da latrina e não vê seu pai a porta ela estranha o ocorrido,

 porém Augusto chega e diz;

-Não temas Sandra seu pai foi levado por dois amigos meus, não poderia deixá-la a mercê da maldade de seu pai em encarcerá-la em um convento, sei que como eu o que fez a senhorita agir como agiu foi o amor, eu amo a senhorita Lorena e estou indo á sua procura se quiseres a convido para vir comigo, pois ela está na casa de Hugo e se o destino for amigo para conosco tanto eu como a senhorita Sandra poderemos encontrar nossos amores e seremos felizes, é o que espero.

Sandra tem um súbito momento de choro e riso que se misturam e aqueles olhos negros que até então eram somente lagrimas iluminam-se com o brilho do amor que outrora havia sido ofuscado pelo fatídico casamento não realizado.

- Senhorzinho Augusto, suas palavras faz-me a mulher mais feliz do mundo, até este momento havia perdidos todas as esperanças, agradeço lhe.

E eles ouvem o ultimo toque da sineta do trem chamando os passageiros para adentrarem.

- Vamos aprece-se senhorita ou perderemos o trem e seu pai matará a mim e a senhorita!

Eles apreçam o passo e sobem no trem que parte deixando seu Agenor em desespero, pois não sabia o que realmente estava acontecendo.

*No trem*

A alegria de Sandra era lhe visível em todos os poros ela sorria e as lagrimas desciam parecia uma criança que recebeu o brinquedo que por um longo tempo desejará, Augusto também estava feliz por livrá-la de destino tão cruel e em cada curva que o trem fazia e em cada serra e morro que deixava para trás são Gabriel, mas o coração de Augusto e Sandra se iluminava pela proximidade de seus amores.