*Cabelos negros como a noite*

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E todos falaram ao mesmo tempo, confirmando as palavras de Sebastião.

- Agradeço  pela confiança de todos.

Eu e meu primo Hugo fazemos parte de uma minoria de pessoas que lutam pela abolição da escravatura no Brasil, tenho fé e esperança que muito em breve nossos governantes vejam como poucos já puderam ver, que o trabalho escravo nada mais é que uma ignorância daqueles que o praticam.

Hugo pede licença a Lorena e toma a palavra.

- Peço-te a palavra por uns instantes, prima Lorena. Vocês todos são pessoas de sorte, imagino o quanto vocês já tenham sofrido nas mãos de senhores e feitores sem escrúpulos e sem um pingo de amor e misericórdia, porem seus dias de horrores acabaram-se. Espero que sejam gratos a Deus por serem escravos do coronel Jerônimo meu tio, e agora trabalhadores de Lorena.

Ela é uma senhorita muito especial. Todos vocês façam por onde merecerem a confiança dela.  Eu sei que ela tem planos bons para todos.

Agradeço-lhes a atenção. Pode continuar prima!

- Obrigada primo Hugo!

Bom, agora vamos descansar e esperar o jantar, amanhã começa uma nova etapa de trabalho. Constâncio e Sebastião cuidarão de tudo. Agradeço à vocês. Todos tenham uma ótima tarde!

Mais uma coisa, todos vocês podem me tratar por senhorita ou patroa, vocês agora são trabalhadores não precisam ma tratar por sinhá.

- Ta bem patroinha! Diz Pitu sorrindo.

- Pitu você sempre me surpreende.

Todos desejaram uma boa tarde a Lorena e Hugo e ambos foram para a casa grande. A tarde começava a decair Lorena anda ao lado de Hugo que relata a ela o quanto está a admirando por sua exímia administração.

-Hugo, na verdade tenho muito medo de falhar, mas estou tentando e espero que possa conseguir servir de espelho para os fazendeiros desta região, e começar a semear semente por semente do abolicionismo nos corações de pedra desses homens machistas e brutos, pelo menos dos vizinhos.

Creio que não posso cogitar a idéia deles ficarem sabendo que sou abolicionista.  Eles precisam  pensar que foi um jogo de sorte de minha parte prometer liberdade aos escravos, se assim não for, serei queimada viva na praça da vila.
E dizendo isso, mais uma vez sorri.

- Verdade prima não brinque com isso, pois o assunto é sério.

- Então, não brinquemos.

E sobem as escadas, e entram para o salão.
Lorena o convida ao escritório cheio de livros e sentam-se admirados com tantos exemplares.

Quando chega à hora do jantar se sentam à mesa, conversam sobre todos os assuntos. Lorena diz a Hugo que não sente saudades da vida que levava na capital, que esta feliz em Ouro negro, mais feliz ainda por seus ideais abolicionistas estarem se encaminhando para o sucesso.

Após um leve descanso no alpendre, sobem aos quartos para repousarem,

pois na manhã seguinte iriam pessoalmente devolver os carroções de Sr; Agenor e agradecer-lhe pelo empréstimo.

A BELA DE OURO NEGRO Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu