O nobre sentimento do perdão

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- Cara senhora, não agradeça-me, pois é uma honra receber tão bela dama.
E também a você Senhorita Estela.
- A honra é toda nossa.
Dizendo isso, as duas damas adrentram a sala de estar da casa.
Está tudo bem organizado, grandes castiçais ilumina o recinto, um cheiro de comida vindo da cozinha acende o apetite.
Dona Perpétua e Estela são levadas por Rafael e Iara até às aconchegantes poltronas de veludo, que rodeiam uma mesinha de centro de madeira entalhada, coberta também por um tampo de veludo, que formam um conjunto magnífico de muito bom gosto.
Descem da carruagem de Ouro Negro, Augusto, Lorena e Dionísio.
Seu Agenor cumprimenta Dionísio com um belo sorriso no rosto.
- Me é um prazer recebê-lo senhorzinho.
- O prazer é todo meu, Senhor Agenor.
- Senhorita Lorena, seja bem vinda a minha casa, como sempre, minha casa é toda sua.
- Fico deveras lisonjeada com seu convite.
- Senhorzinho Augusto, és bem vindo a minha casa.
- Senhor Agenor, eu Agradeço pelo convite.
Augusto pega na mão de seu Agenor com firmeza e diz olhando lhe nos olhos.
- Antes de entrar em sua casa, quero lhe pedir perdão pelo ocorrido.
Não somente pelo casamento, mas também pelo que ocorreu no trem.
Fui inconstante e imaturo, sei que o senhor é um cavalheiro, deveras bom.
Agradeço lhe mais uma vez.

Seu Agenor, um gentleman.
Ele devolve o aperto de mão com firmeza.
Dá um abraço em um sinal de trégua, após dois tapinhas nas costas, sob o olhar de felicidades de Lorena ele diz:

- Creia senhorzinho, aguas que se passaram não movem moinhos, de agora em diante
deixemos que elas passem, seremos vizinhos e vizinhos são uns pelos outros.
Eu particularmente tenho uma grande admiração e respeito por sua noiva, ela é uma grande mulher!
Desejo-lhes toda a felicidade do mundo.
Agora, Melhor nós adentrar-mos e tomar um belo copo de vinho.
- Agradeço! E vamos tomar o vinho.

Eles entram e se confraternizam com as outras convidadas, a noite está agradabilíssima.

Em Ouro Negro

Jordão chega com os dois negros fujões, os leva para seus quartinhos e outra vez lhes aconselha;

- Se banhem e depois peço pra trazer a janta proceis.
Espero que tudo que disse,
abra seus olhos e vejam que não existe lugar feito aqui.
Não sejam burros procurando o que não perdeu!

Deixa os dois e ruma para casa grande, vai até a cozinha e pede para Fabíola que mande Pitu levar comida para os fujões.
Quando ele está saindo ouve uma carruagem chegando.

Após os devidos cumprimentos e um dedo de prosa, os ocupantes da carruagem entram novamente e partem noite adentro em busca de algo que deixaram para trás, agora precisam recuperar
Pelo bem de suas felicidades.

Em Três Corações

A prosa e os risos são espontâneos, cheios de prazer e alegrias.

- Seu noivo é muito simpático, Senhorita Lorena.
- E belo!
- Não posso dizer o contrário Iara, ele roubou-me o coração.
- Minha irmã não teve nenhuma chance perante a senhorita!
Diz sorrindo, Iara.
- Perdoe-me o atrevimento,
Mas vossa irmã era namorada do senhorzinho?
- Digo mais, minha irmã Sandra era-lhe a noiva!
- Deixe de curiosidade Estela.
- Não se apoquente, Senhora Perpétua.
Realmente Augusto era o noivo de Sandra, um noivado sem amor, até que ela conheceu meu primo e se apaixonou por ele.
- Augusto, porém, apaixonou-se perdidamente pela Senhorita Lorena, saiu correndo do casamento, deixando o velho padre a ter um ataque epilético.
- Digo-lhes que, o amor não pode ser imposto a alguém, ele é quem escolhe o coração que quer para si, não há como fugir dele.

E olhando para Augusto diz:
- Não existiria vida em mim sem Augusto, ele deveras é o amor de minha vida.

- Eu, mesmo tendo bem mais idade creio em suas palavras.
O amor nós escolhe, não o escolhemos nós.

A prosa é deveras interessante para todas as mulheres do recinto.
Os homens falam de lavouras e faculdades, porém seus olhares estão constantemente nas belas damas do outro lado da sala.
Sem que percebam, pares são formados ao acaso.
Seu Agenor assentar-se próximo de dona Perpétua,
Dionísio perto de Iara, Rafael e Estela conversam perto da janela olhando a lua e admirando-a.
Lorena segura as mãos de Augusto.
- O que vês meu amor?
- Vejo a mais linda mulher do mundo, vejo que ela me vê, sinto o amor transpassar meu coração...
- O que vês, que está a acontecer com nossos amigos?

Augusto olha e vê aqueles três casais com seus olhares brilhantes e apaixonados.
Constata o que sua amada já havia constatado.
O amor está empregnado naquela sala.

Um barulho de cavalos se fazem ouvir no pátio da fazenda.
- Estais esperando mais alguém papai?
- Não que eu esteja a saber.

Antes que o negro que está lá fora venha dizer que chegaram visitas, Seu Agenor olha na porta e lá está, Sandra e Hugo.

Faze-se um silêncio congelante por alguns segundos...

- Podemos entrar papai?

todos se levantam lentamente, Lorena olha para os olhos dos dois e vê medo e angustia.
Porém ela permanece parada em seu lugar, como sempre, ela é deveras prudente.
Aquele momento é de Sandra e seu pai.

- Seu Agenor caminha para a porta e fica frente a sua filha, que está tremendo e com os olhos merejados D'água.
Ele olha- lhe nos olhos e a abraça com amor, pega Hugo pelos braços e o abraça também.
Sandra e Hugo choram, Lorena e Iara se destapam em lágrimas, as outras visitas, já um pouco inteiradas do assunto, se alentam
Com o acontecido.
- Minha querida irmã, como estais?
Hugo seu safardana!
- Entrem, estamos em uma reunião de família, agora com a presença de vocês, se faz completa essa reunião.
Diz; Senhor Agenor com seu coração deveras bem mais leve.
Todos se abraçam e cumprimentam os recém chegados.
Após sentarem Hugo diz:

- Senhor Agenor, Sandra e eu gostaríamos de pedir perdão por tudo que aconteceu e...
- Não digas mais nada, como já disse ao senhorzinho Augusto, águas que se passaram não movem moinhos.
Amo muitíssimo minha filha Sandra e o receberei em minha família como a um filho.
E agora vamos nos assentar a mesa e jantarmos, pois estou com uma fome de leão!

Todos riem e vão se assentar à mesa.
Agora completa, com a chegada dos filhos pródigos.

A noite e uma criança...

María Boaventura.

A BELA DE OURO NEGRO Where stories live. Discover now