Capitulo 6
O galo canta, e novamente o cheiro de café fresco invade a casa grande.
Lorena levanta-se veste um vestido muito bonito, um chapéu com flores do lado, calça sapatos bem engraxados e desce as escadas.
Ana lhe oferece um cafezinho bem quentinho. Lorena agradece.
-Rosauro já trouxe o leite Ana?
- Sim sinhá menina!
- Chame-o para mim.
Lorena sorri por ser chamada de sinhá menina e não pode deixar de notar que os empregados lhe têm respeito e está crescendo um afeto carinhoso principalmente pela parte de Ana e Rosauro.
Rosauro chega rápido e logo em seguida chega Constâncio pela porta dos fundos, como de costume ele fazia suas refeições na cozinha.
-Bom dia Constâncio, já lhe ia mandar chamar para que me acompanhe até à vila.
- Bons dias senhorinha. Claro, podemos ir.
Já dispensei Juca, ele não ficou muito satisfeito com a demissão e disse que hoje mesmo deixará à fazenda, porém!
- Diga Constâncio, o que lhe aflige?
- O que faremos com os escravos?
Mas, antes que ele terminasse de falar Lorena o retrucou.
- Eles não são escravos, são trabalhadores!
- Me desculpe senhorinha, vou levar um tempo para me acostumar com esta nova posição a qual lhes pertence. Senhorita Lorena, o que faremos com a lavoura e com todos eles sem uma administração?
- Chame Sebastião para mim.
Acredito que ele tem um dom próprio para conduzir seus irmãos de cor.Todos na senzala estão de pé como era de costume.
Sebastião vem apressado e Lorena lhe fala:- Sebastião, vejo que você é um líder nato de seu povo. Quero que você leve os trabalhadores para o eito e que você cuide para que todo o serviço saia bem feito na lavoura, se recordando que quanto melhor, mais depressa terminaremos.
E por sua liderança e dedicação a cada colheita lhe acrescentarei mais uma saca de café.
Combinado Sebastião? Sebastião abre um grande sorriso e diz:
- Não precisa preocupa sinhá, cuido de tudo nos vamos trabalhar muito e cuidamos de tudo.
- Obrigada Sebastião, você não deve estar sabendo ainda, mas o Juca não trabalha mais para mim. Quero que você cuide na lavoura dos trabalhadores sob a supervisão do Constâncio, que vai conduzi-los e direciona-los para todas as obrigações...
Sebastião parte rumo à senzala todo faceiro e os trabalhadores vão para o eito do serviço.
Lorena tem absoluta certeza que tudo caminhará bem e que o serviço irá render na lavoura.
Rosauro trela os cavalos à carruagem, Lorena e Constâncio seguem para a vila.
Como Ouro Negro era próximo à vila questão de uma hora ou menos de cavalgada, eles chegam rápido à vila de São Gabriel. Lorena se encaminha para o único banco da cidade, conversa com o gerente vê seus saldos e é recebida muito bem, pois ela é uma sócia majoritária e tem recebido como herança de seu pai uma soma razoável que está aplicada naquele banco.
Após a breve visita ao banco Lorena dirige-se a casa que herdou de seu pai,
Abre a porta e entra...
Realmente, uma bela casa...
Lorena esta certa de que Ouro Negro é seu verdadeiro lar.
Senhor Antônio Tavares que lhes acompanhara ao banco oferece lhes almoço em sua casa, sua casa é modesta, porem aconchegante.Sua esposa lhes oferece um delicioso almoço, toda sorridente não para de falar sobre a amizade que o pai de Lorena cultivava pelo senhor Antônio.
Hélia, uma senhora encantadora.
Lorena os convida para passarem um domingo com ela na fazenda, agradece o almoço se despede e acompanhada de Constâncio seguem para a praça onde são negociados os escravos.
Por onde Lorena passa provoca olhares de todos, por sua forma elegante de se vestir, mas principalmente por sua beleza. Barão Inácio e seus filhos estão no mercado de escravos negociando algumas peças, vários outros fazendeiros que não conhecem Lorena também admiram- se por sua beleza.
- Ora, ora! Bons ventos a tragam senhorita, devo dizer-lhe que hoje está deveras linda. Falando assim, tirou o chapéu da cabeça e curvou-se.
- Muito agradecida, barão!
O barão apresenta Otávio a Lorena, Otávio admira a beleza daquela senhorita e a salda.
- Boas tardes senhorita! Diz Otávio.
- Boas tardes! senhorzinho Otávio me é um prazer conhece-lo
- Muitas boas tardes senhorita!
Também disse Augusto, que mais parecia ter visto um anjo.
Lorena retribui os cumprimentos e se coloca rapidamente a olhar para os escravos que estão sendo negociados.
Os mercadores oferecem para todos e os que pagassem mais esses levariam as "peças"como eram chamados os escravos que estavam sendo negociados.
- Veja barão, tenho este lote de cinco escravos, três homens e uma mulher e também esse moleque que daqui a pouco já estará no eito, com certeza. Os negos são fortes, a nega é cozinheira das boas e o neguinho, está crescendo!
- Quanto?
- Dez réis.
- Não valem nem cinco!
Enquanto o barão discute o preço com o vendedor, Lorena se afasta e caminha lentamente com o coração sangrando, o desejo de seu coração é dar liberdade a todas aquelas pessoas presas pelos pés e mãos como se fossem animais raivosos.
- Constâncio, escolha por favor, os homens para o trabalho da fazenda, levaremos os que você escolher.
- Está bem senhorita!
Caminhando um pouco mais Lorena vê uma negra agarrada a duas crianças pequenas, ela chora pelo medo de separar-se de seus filhos o choro e o desespero é tal que Lorena afasta-se para não chorar frente aqueles homens com seus corações endurecidos.
- Senhorita!
Ela olha e vê de seu lado Augusto com um lenço branco em suas mãos
Ele oferece-o a ela que o pega e enxuga as lagrimas que teimam em rolar por seu belo rosto.
- Sei que é deveras difícil para uma senhorinha ver algo assim.
- Senhorzinho Augusto, isto se deve por eu ser mulher, somos mais comovidas com a dor, principalmente dor de uma mãe e de um filho, ou dois como estou vendo.
- Realmente...
Ele não terminara de falar, chega Constâncio com três escravos jovens e fortes que seriam de grande valia para a colheita que se aproximava.
Lorena devolve o lenço e lhe agradece pelo cuidado.
- Adquiri estes senhorita, são fortes para o trabalho.
- Muito bem! Precisamos de mais algum?
Enquanto ela conversa com Constâncio um dos escravos que ele comprou estava preso em ferros, e chorava e olhava para a negra com as crianças dizendo:
- Ema, Ema!
Ele gritava e estendia as mãos para o lado da negra que também gritava e chorava chamando por ele:
- João, João!
E também estendia as mãos. Lorena caminha para o lado do mercador que bate nas mãos da escrava e açoitando -a com violência grita!
- Cala a boca negra fedida! Cale essa boca logo negra!
- Pare com isso!
Diz ela: Ele prontamente para.
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A BELA DE OURO NEGRO
RomanceUma jovem, Uma herança, Um sonho... Nada pode deter uma mulher repleta de sonhos e cheia de vida. Lorena irá mudar pensamentos, conseguir um amor impossível. Conseguirá conquistar vários aliados para vencer uma guerra, A cor da pele será o estopim...