*Paixão avassaladora*

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- Com todo prazer! Sandra peça um café para as visitas.

- Sim papai!

E dizendo isso, adentra à  cozinha para dar ordens a uma escrava, que ajeite o café rapidamente.
Hugo a segue com os olhos até ela desaparecer por detrás de uma grande porta.

- Quantos escravos têm o senhor? Pergunta-lhe Hugo.

- Tenho trinta e cinco escravos, um feitor, três capangas. Ainda tenho que ajudar, são muitas responsabilidades para deixar sobre os ombros meus empregados, além de tudo, meus escravos são preguiçosos e me dão muito trabalho, vivo a beira de um colapso nervoso.

- Seus cafezais produzirão bem este ano?

- Não posso reclamar meu jovem, espero umas trezentos sacas de café.
  E sua colheita senhorita, rendeu-lhe bem?

- Duzentos e noventa, ou talvez um pouquinho menos.

-E  já terminou tudo?

-Tudo colhido e entregue!

-Me diga senhorita, quantos escravos você possui?

- Dezesseis homens, cinco mulheres e três crianças.

- O que? E como já terminastes sua colheita?

Ouvi dizer que dispensou seu único capanga e só ficou com o feitor, isso é verdade?

-Sim!

E enquanto Lorena ainda falava chegou o café.

Café com bolo de mandioca.

Após o café todos montam seus cavalos e seguem para a lavoura.

Lorena vê escravos magros e maltratados, não com tanta violência quanto em outras fazendas, mas com cicatrizes e hematomas, significando que eram açoitados de quando em vez.

Peneiras e balaios, eles apanham o café que cai ao chão.
O feitor grita.

- Vamos lá! Trabalhem, parece que nunca viram gente!

O chicote canta no ar e Lorena se assusta com o estalo que zune perto de seu cavalo.

- Como vê senhorita, aqui como em todos os anos
passados é a mesma coisa, a colheita demora em ter o seu término.

- Senhor Agenor, quero lhe fazer um convite, venha no domingo próximo à minha fazenda para o almoço, o senhor e suas filhas, é claro. ficarei imensamente lisonjeada com a presença de vocês e lhe explicarei como tenho feito para que o trabalho em minha fazenda renda tanto.
O senhor me dará esta honra?
Não aceitarei um não como resposta!

- Mas é claro que sim! Eu estou honrado com o convite e terei juntamente com minhas filhas, imenso prazer em almoçar com a senhorita e seu primo.

- O prazer será todo nosso!

Já quase é chegada a hora do almoço...
Lorena e Hugo após conhecer um pouco da fazenda Três Corações se despendem sobre protestos de seu Agenor que os queria presentes para o almoço.

- Nos desculpe senhor Agenor, com certeza uma próxima vez aceitaremos seu convite é que preciso estar presente em minha fazenda até o almoço.

Quero lhe agradecer mais uma vez pelos seus carros de bois, os meus estão as suas ordens. Tenha um ótimo dia!

-Senhor, passe bem!
Disse Hugo fazendo um cumprimento com a aba de seu chapéu.
Ambos saem galopando rumo a OURO NEGRO.

Senhor Agenor ficou olhando com admiração aquela jovem menina e seu primo sumirem no horizonte, sua filha Sandra que estava ao seu lado disse lhe;

- Papai essa jovem senhorita é diferente de todas que já vi, e também de todas que tenho lido em romances, realmente não pensei que pudesse existir tal jovem em nossa época! Suas vestes são tão diferentes, ela age como se fosse um senhorzinho de fazenda.

Estou perplexa!

- Ora filha, não se admire tanto. A vida está moldando essa jovem senhorita, ela chegou como uma princesa e vendo tudo que havia herdado tomou as rédeas de sua fazenda.

E o fez muito bem! Está de longe conduzindo os negócios de seu pai melhor que todos nós homens experientes no negocio do café.

-O almoço está servido papai!

-Vamos almoçar então.

E adentraram à casa, ainda falando sobre Lorena e seus feitos.

Ao chegarem a Ouro Negro,

Hugo deitou-se em uma rede no alpendre. Lorena olha para ele e observa que seus pensamentos estão longe a pairar pelo ar.

- Ai, ai, ai! Pude ver seus olhares para senhorita Sandra.
Tome cuidado meu primo, ela está noiva de Augusto Munhoz nosso vizinho, filho do barão Inácio Munhoz o pai é muito rude e ostenta fama de ser muito severo. então primo, pense bem antes de se enamorar de sua futura nora, isso pode colocar você em maus lençóis!

Não cutuque onça com vara curta.

E dizendo isso, rosnou como uma onça e ambos caem na risada.

- Querida prima, não tenho medo de títulos duques, barões, reis para mim são meras palavras, a mim basta ela me amar o resto...

- Primo...

Dizendo isso, suspirou fundo.

- Estou exausta, vou me deitar um pouco, quando for hora do almoço descerei para almoçarmos juntos. Fique ai com seus pensamentos em senhorita Sandra, mas, não pense muito ela é comprometida.

- Vou ficar a sonhar com aquela deusa de cabelos negros, com o mais lindos olhos que já vi!  Enfrentaria até esse barão com capangas e senhores do mato se aquela deusa me dissesse que está enamorada de mim, mesmo que fosse somente por um olhar.

Balançou-se na rede e suspirou mais uma vez demonstrando assim, a paixão avassaladora que transpassou seu coração.

A BELA DE OURO NEGRO Donde viven las historias. Descúbrelo ahora