A venda do café

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Capitulo 9

- Como sempre Senhorita, tens razão!

Não posso tomar a frente de seu tutor.

-Obriga pela compreensão Constâncio.

Sem nome, por favor, cuide dos cavalos, mais tarde nos veremos aqui.

- Sim sinhá!

- Já disse, me chamem de senhorinha ou senhorita, vocês não são escravos, e sim trabalhadores.

- Sim sinhá! Disse sem nome olhando para Lorena com um breve sorriso.

Lorena balança a cabeça em sinal negativo e caminha ao lado de Constâncio e do senhor Antônio.

Muitos fazendeiros estão no armazém tentando negociar seus grãos pelo melhor preço, mas com a colheita quase toda por fazer seria quase impossível a classificação dos grãos que não foram colhidos. Lorena chega com senhor Antônio e Constâncio, todos a olham.

Um chapéu lindo com uma flor negra de lado, um colete preto bem talhado com uma blusa branca de seda e babados, que sobre saiam por sobre a gola do colete. Para o espanto de todos, calças e botas de cano longo que lhe caiam muito bem! Todos os olhares eram para ela, era a única mulher do recinto e não deu importância alguma para aqueles olhares julgadores.

- Boas tardes!

- Boas tardes!

Disse ela; poucos lhes responderam, outros se perguntavam que sinhazinha era aquela? E que vestimentas ela usava?

Barão Inácio que estava em meio aqueles homens lhe disseram:

- Senhorita Lorena, tenhas uma boa tarde! Como vai indo a senhorinha?

E em um tom meio sarcástico, imaginando que Lorena mal começara sua colheita, zombando da fragilidade da moça, pergunta lhe:

- E suas colheitas como vão indo senhorita? Está conseguindo lidar com a negaiada com tão poucos homens para segura-los?

Seu capataz está dando conta do recado?

Se ele não der, empresto o Juca para senhorita.

- Boas tardes, senhor Barão! Agradeço-lhe a preocupação. Vou bem... Minha colheita praticamente acabou! Imagine, primeiro que todos os queridos vizinhos. Tenho aqui amostras de toda a colheita (e deu um sorrisinho sarcástico respondendo ao barão da mesma forma).

O barão que não creu em suas palavras, retrucou:

- Não creio que seja verdade, me desculpe senhorinha, mas nós que somos experientes e temos o dobro de seus escravos, ainda não colhemos nem a metade dos grãos. Ai vem você e me diz que acabou...

Deveras me parece que seus negros deixaram a metade dos grãos nos pés de café, ou seu cafezal este ano não produziu nada!

Lorena olha para o barão e para todos os homens que ali estão, que se calam para ouvir o barão falar.

- Bom, vocês meus amigos verão!

Diz ela altiva.

Olha para os compradores e diz:

- Constâncio, por favor, de as amostras de nossos grãos.

Os compradores pegaram as amostras e como de costume pilaram esfregando-as com as palmas das mãos.

O café era de ótima qualidade, grãos perfeitos. Rapidamente mostraram interesse na compra o preço estava um pouco baixo, mas senhor Antônio terminou negociando os grãos por um preço justo.

- Me diga senhorita, como terminaste tão rápido suas colheitas?

Disse senhor Agenor seu vizinho.

- Trabalhando com respeito senhor Agenor, com muito respeito.

Todos ficaram intrigados com aquela resposta, não compreenderam o que seria respeito e nem imaginaram sobre o que Lorena estava falando.

Duzentas e oitenta sacas secas e empilhadas, prontas para a entrega.

-Amanhã mesmo poderemos começar a entrega disse Sr. Antônio ao comprador, que fechou rapidamente o negócio.

- Duzentas e oitenta sacas, secas e prontas?!

Admirou se o barão.

Todas as atenções se voltaram para Lorena que com um sorriso disse:

- Sim, e tenho uma proposta senhor barão e senhor Agenor também.

Tenho dois carroções se vocês me emprestarem os seus para o transporte de minha fazenda ao armazém, quando suas colheitas terminarem eu emprestarei os meus a vocês, assim ficaria tudo mais rápido para ambos, um vizinho ajuda o outro e todos nós lucramos. E não teríamos que alugar carroções e os grãos chegariam mais rápido a vila.

O barão caçando a cabeça pensou e disse:

- Sinto muito senhorita, infelizmente estou ocupando os meus carroções para o transporte da lavoura para o terreirão, não posso disponibiliza-los à você.

Me perdoe.

- Lhes emprestarei os meus, quando eu precisar você me pagará o empréstimo senhorita.

Disse o senhor Agenor com um sorriso nas faces.

- Certamente senhor Agenor, quando o senhor terminar sua colheita lhe emprestarei os meus. Assim sendo, quatro carroções levam a metade do tempo. Ambos

nos beneficiaremos.

Senhor Agenor aperta a mão de Lorena e ali nasce uma amizade entre vizinhos.

- Tudo bem senhor barão, teremos outras oportunidades de ajudar-nos, afinal de contas esta é nossa primeira colheita.

Ela dá um sorriso, cumprimenta a todos e se retira.

O café de Ouro Negro foi negociado, Lorena Senhor Antônio e Constâncio ficaram satisfeitos com a venda dos grãos e com o negócio fechado se encaminham para a carruagem, quando senhor Agenor os acompanha.

- Senhorita Lorena, sei que chegou a pouco aqui em SÃO GABRIEL, por isso quero lhe avisar, tenhas cuidado com o transporte de seus grãos não receba dinheiro em mãos coloque todo ele no banco, receba direto dos compradores La no banco. Alguém pode tentar lhe roubar na estrada...

- Agradeço-lhe pelo cuidado senhor Agenor, vou tomar providencias quanto a isto Constâncio está frente a tudo na fazenda e nos cuidaremos, obrigada!

Dizendo isso subiu na carruagem juntamente com Constâncio e Sem nome partiram para Ouro Negro.

Senhor Agenor, um homem bom muito bem conceituado na localidade suas terras férteis faziam que ano a ano suas colheitas aumentassem a produção.

Sua família muito bem quista pela sociedade local.

S.r. Agenor é pai de três filhos duas jovens senhoritas e um rapaz; sua filha mais velha chama se Sandra, a qual tinha um compromisso firmado com o filho mais velho do barão Inácio. Apesar do compromisso nem a jovem Sandra e nem o senhorzinho Augusto nutrem um pelo outro nem um tipo de sentimento.

Iara, a filha casula, menina moça, sapeca, muito sorridente e falante, gosta de montar, isso deixa o pai com os nervos em frangalhos, por ela ser do sexo feminino e ter gostos masculinos. Iara não se importa com as repreensões que recebe do pai e sempre que podia estava montada sobre os lombos de um cavalo.

Rafael o filho mais velho estuda direito na capital e muito pouco vem à casa do pai, mas, isso está para mudar, pois este é o ano de sua formatura e Rafael logo estará de volta ao lar.

S.r. Agenor a anos está viúvo isso o tornara um homem que se dedica plenamente à família, apesar de sempre estar procurando uma esposa, deixa sua necessidade e sentimentos em segundo plano, repetidamente...

A BELA DE OURO NEGRO Onde histórias criam vida. Descubra agora