O dia do sim

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Pode-se definir aquele momento, como o momento mais feliz na vida dos noivos.

Lorena e Augusto, passaram por uma enorme odisseia para que esse dia se concretizasse.

Os noivos estão radiantes, o sorriso e a felicidade emana de todos os poros.
O Padre começa a Cerimônia em um tom de brincadeira.

Estamos hoje reunidos aqui
Para celebrar a união de amor entre esses dois jovens.
Por favor, coloquem dois homens por perto do noivo, se ele tentar correr, o impeça!
Esse casamento sairá mesmo que eu mesmo tenha que amarra-lo ao altar.

Todos riem, pois a grande maioria estava no fatídico casamento do senhorzinho Augusto com a senhorita Sandra.

O senhorzinho Augusto sorri e diz ao padre:
- Não temas senhor padre, eu mesmo me amarro  ao altar para que não possa me ausentar.
Essa aqui é a mulher que me fez fugir do outro matrimônio.
Ela é o motivo de minha loucura.

Todos os convidados aplaudem, Lorena sorri com os olhos cheios de amor.

- Menos mal, prossiga-mos com o casamento.
... O amor não se corrompe, não arde em ciúmes.
Tudo suporta...
- Eu, Augusto a tomo por minha esposa, prometo ama-la e respeita-la até que a morte nos separe.

- Eu, Lorena o tomo por meu esposo, prometo ama-lo e respeita-lo até que a morte nos separe.

- As alianças, por favor!

Augusto coloca no dedo de Lorena, a aliança.
Ela também coloca a aliança no dedo de Augusto.
- Estão casados perante o Senhor nosso Deus.
Sejam felizes.
Pode beijar a noiva.
Os noivos se beijam perante todos os convidados.
Os amigos de Lorena assobiam e aplaudem.
Começa uma grande fila para dar os parabéns para o novo e lindo casal.

Onofre fica sobre seus pés próximo a mesa dos noivos.
Ele olha para Anastácia, dando a ordem para que ela coloque o líquido do vidro no copo de Lorena.
Ela aproxima- se da mesa e deposita todo o líquido na taça branca, a taça da noiva.

Onofre ao certificar-se que a negrinha cumpre o mandado, sorri...
Ele não vê que está sendo observado por Jordão e pelo sargento, que disfarçando está na fila dos parabéns.

O sargento trouxe três guardas a paizana, para ajudar na prisão e capitura, se fosse preciso.
Agora é só esperar a reação do Barão ao ver que sua nora permanecerá viva após
Ter ingerido o vinho para o brinde.

Ele está afoito com a demora dos noivos irem para a mesa.

A senhora Baronesa ocupa seu lugar à mesa, sua cadeira é do lado de seu filho e do outro lado é o arrogante Barão.

As mesas estão repletas de comidas, carnes e guloseimas.
Todos são convidados a assentarem-se para o brinde do casal.

Aos poucos cada convidado acha seu lugar.
Os noivos  assentam-se e as bebidas são servidas em cada taça e em cada copo.
Lorena fez questão que todos os convidados, todos sem distinção, tomassem do melhor vinho e do melhor licor.
Alguns convidados entortaram seus narizes ao ver os negros bem vestidos e gosando do mesmo privilégio que eles, é certo que havia uma separação entre os brancos e os negros, porém que fez essa separação foram os próprios negros.
Eles não se sentiam à vontade de estarem perto de seus algozes.
Porém a alegria de festejar junto com sua libertadora era muito mais importante, isso fez com que eles não se importassem com picuinhas de pessoas amargas e vis.

- Peço que me escutem, por favor!

Diz Hugo batendo com o talher na taça de cristal.

- Todos os amigos que aqui estão.
Ver a felicidade de minha prima e do senhor Augusto, é um bálsamo para todos nós.
Esse homem, por essa mulher.
Já descasou, já roubou a minha amada esposa e a levou para mim, já caiu do cavalo e muitas outras coisas a mais!
Essa mulher, minha amada irmã e prima, já conquistou essa vila toda com seu coração humanitário e bondoso, ela já matou, já inventou uma maneira supimpa de colher os grãos de café.
Acho que o apelido de dama de ferro, lhe cai muito bem!

Todos aplaudem e assobiam novamente.

- Ela conquistou o amor desse bom homem e ele conquistou o coração dessa grande mulher, por isso vamos brindar a esse amor avassalador!

O Barão, pensando em tirar todas as suspeitas que poderiam haver sobre ele.
Pede a palavra e da a sua benção sobre o matrimônio de seu filho e de sua nora.

- É com muita alegria que levanto esse brinde ao meu amado filho e minha também amada nora.
Que sua felicidade seja eterna, que venham muitos netos para alegrar esse velho pai aqui.

O Barão está preparado para fazer o seu teatro, após a morte de Lorena.
Ele fará o papel de um sogro surpreso e consternado com o desespero de seu filho.

Os copos se levantam e todos bebem à felicidade do casal.

Onofre, como sempre é muito sagaz.
Ele nota que está sendo observado por dois homens e por Jordão.
Enquanto todos brindam aqueles homens não tiram o olhar de sobre ele.
Um estalo vem em sua mente, ele imagina que eles sabem sobre o plano, quando a senhora Lorena morrer, ele, somente ele será o culpado.
Ele observa que o sargento e alguns homens começam a rodear a casa, vindo em sua direção.

Sem pestanejar, ele começa a correr derrubando cadeiras e empurrando as pessoas.
Jordão, quando vê que ele está fugindo, corre como o vento e se joga sobre Onofre o derrubando ao chão.

Ouve-se um estampido muito alto.
Onofre se levanta com uma garrucha em sua mão,
E parte rumo a uma charrete que está perto da porteira.

Ele grita com os cavalos, que partem em disparada sem rumo certo.

Todos os convidados se assustam com o som do tiro.
Lorena olha e vê ao longe Jordão coberto de sangue, Augusto e ela saem correndo rumo a ele.
Augusto com suas mãos tenta estancar o sangue, que jorra sem parar.
Lorena, atônita se ajoelha diante de Jordão em aos gritos implora:
- Jordão, pelo amor de Deus, por favor, não morra meu amigo!
Não morra, não!
Doutor!
Venha, pelo amor de Deus!

O médico chega e olha o ferimento e vê que não há nada que se possa fazer para salva-lo da morte certa.

Os olhos de Jordão fitam Lorena, com seu vestido branco, seus olhos cheios de lágrimas.
Ela está linda.
Lorena coloca a cabeça de Jordão sobre seu colo.
Ele murmura baixinho:

- Eu a amo, sempre amei.
Um beijo seu e posso morrer feliz.

Lorena chora, olha para Augusto que está com as duas mãos sobre o ferimento.
Ele olha para Jordão, para Lorena e balança a cabeça em um tom afirmativo.

Ela encosta seus lábios quentes nós lábios frios de Jordão.
Ele da um sorriso e esse sorriso fica imortalizado em seu rosto.
Um beijo de sua tão amada Lorena, e tudo valeu a pena,
Até mesmo a morte.

Um verdadeiro amigo, da sua vida pelos amigos.

María Boaventura.

A BELA DE OURO NEGRO Where stories live. Discover now