A cada destino, uma história.

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O amigo tempo trabalha na vida de cada ser.
O presente e o passado bailam de braços dados com o destino, fazendo a cada rodopio a direção certa se tornar errada, e a cada reviravolta a direção errada tornar-se certa.
Assim, o amigo tempo muda os passos do destino que, as vezes, se perde no compasso, porém jamais deixa de bailar.

Os escravos

Após todos receberem suas terras, uma vila se formou pelas bandas dos morros da fazenda Santa Lucia.
A vila foi batizada de

A vila Sem Nome

E a cada vez que  A Vila Sem Nome era mencionada por alguém Jordão era relembrado por seu povo.
Uma vez por ano os tambores e agogôs eram tocados em sua homenagem
Por aqueles que o amaram e o admiraram em vida.

A liberdade é o bem mais precioso que o ser humano pode adquirir, quando se tem essa jóia, A paz reina nos corações.

Sebastião e Rita

Alguns meses se passaram
Sebastião e Rita resolveram dar uma oportunidade para o amor.
Tiveram filhos lindos e trabalharam pela liberdade de seus irmãos negros.

Pitu

O menino Pitu estudou e Augusto e Lorena pagaram sua faculdade, ele tornou-se um advogado excelente que sempre lutou pelas causas de sua raça.

Ana, Olga e Rosauro

Viveram em Ouro Negro com sua Sinhá menina e viram os filhos de Lorena e Augusto crescerem.

Hugo e Sandra

Logo após comprarem a fazenda do Barão, encheram os campos de pés de café e com a ajuda constantemente de Augusto e Lorena, enriqueceram muito.
Tiveram lindos filhos abolicionistas, nunca usaram mão de obra escrava, sempre praticaram a justiça com seus trabalhadores.

Otávio

Logo após a venda da fazenda ele exigiu sua parte na herança, com a desculpa de se formar em direito em Lisboa.
Augusto o aconselhou, porém não abteve sucesso.
Otávio levou uma vida regada mulheres e bebidas se tornou um doidivanas feito o Barão seu pai.
Em menos de um ano o estudo foi esquecido.
Mas isso é uma outra história...

Cândida e Judith

As duas mulheres foram morar em Ouro Negro, onde uma vida calma e pacata as seguiram.

Judith se casou com o filho do senhor Ancelmo de Godói, como ela sempre foi tímida e quieta, formou um casal perfeito com o jovem que tinha essas mesmas virtudes.

Dona Cândida sentava-se todas as manhãs no alpendre da casa grande a olhar seus netos brincando com os filhos dos trabalhadores.
Sem distinção de cor, classe social ou raça.
Crianças brincando, apenas crianças...

Dionísio e Iara

Eles casaram- se e mudaram para a casa da vila, a qual compraram de Lorena.
Ele continuou a dar aulas para todos os que quisessem aprender a ler e escrever.
O salário era deveras pequeno, mas para um herdeiro de uma família abastada da Capital, que viram na ida dele para o interior, como uma salvaguarda para a cura de sua doença.
Ao verem seu filho livre da depressão e amando, a felicidade tomou conta de todos os familiares.
Dinheiro nunca foi um problema até a terceira geração dos filhos de Dionísio e Iara.

Rafael e Estela

Rafael e Estela se casaram e ficaram em Três Corações.
Rafael se tornou um membro da câmara e sempre usava de sua formação em direito para defender ricos e pobres, brancos e negros.
Formaram um casal exemplar na sociedade de São Gabriel.

Agenor e Perpétua

Seu Agenor e dona Perpétua deixaram a solidão da viuvez, se casaram sem festas e sem convidados.
Após dona Perpétua vender sua fazenda e vir morar em Três Corações, o casal saiu em uma viagem pelo mundo
Os dois se presentearam com passagens somente de ida, sem datas para voltarem.
Até o dia de suas mortes, foram muito felizes.

Tereza

O amor tem um grande defeito, consegue fazer as pessoas se esquecerem do passado.
Dona Perpétua com a felicidade de encontrar o amor em seu Agenor.

Vendeu a fazenda São Benedito de porteiras fechadas a um coronel de outro Estado.
Viajou para o exterior e esqueceu-se completamente da mulata Tereza.

Ao tomar posse da fazenda o coronel trouxe consigo novos funcionários para cuidarem dos escravos, o feitor e seus ajudantes antigos foram dispensados.

Ao ver uma linda mulata com uma bola de ferro em sua perna e o rosto marcado, consternou-se  seu coração.
Quando perguntou para a mulata o motivo de tanta crueldade Tereza contou-lhe uma triste história:
- A minha antiga Sinhá era muito ciumenta, eu sou jovem sei ler e escrever, ela era velha e imaginou que o nhonhô fosse trocá-la por mim...
Já podem imaginar o final dessa história.

O Sargento

Durante muitos meses o sargento investigou os suspeitos do assassinato do senhor Barão.
Apesar de seus esforços, não conseguiu nenhuma prova concreta de quem era o assassino.
No seu íntimo ele tinha absoluta certeza que foi a dama de ferro que deu cabo da vida de seu sogro,
Não que o Barão não merecesse tal fim!
O sargento sempre aparecia na fazenda Ouro Negro fazendo perguntas, mas não obteve nenhuma resposta conclusiva do verdadeiro assassino.

Somente duas pessoas sabiam da verdade, o verdadeiro assassino e o padre que ouviu a confissão.

Lorena e Augusto

O sol avermelhado quase se pôs por completo, as cortinas vermelhas de cetim estão bem abertas.
Augusto acaricia a barriga enorme de sua amada, ela entrelaça os dedos nos dedos de Augusto.
- Você sentiu?
- Sim, meu amor.
Ele chutou!
Ele abraça sua esposa e o sol se põe...

Uma pequena semente foi plantada em Ouro Negro.
Essa semente germinou e brotou, um botão transformou- se em uma flor e eclodiu sua semente por todos os lados.
Ouro Negro, Santa Lucia, Três Corações...
Através do tempo a semente desabrochou e espalhou-se por campos, muitas vezes, considerados inférteis.
Os escravos açoitados e maltratados passaram a ser trabalhadores recompensados.
O tempo de choro e lágrimas ficaram no esquecimento, sua cor de pele já não guiava suas vidas.
Uma pequena semente eclodiu.

A Bela de Ouro Negro

Fim

Maria Boaventura

A BELA DE OURO NEGRO Onde histórias criam vida. Descubra agora