Sem nome

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Capitulo 7

Com muita firmeza em sua voz repreende o mercador pela violência com que açoita a negra.

- Senhor! como quer que compremos seus escravos se os açoita o tempo todo?

Fica impossível olha-los se estão assustados e chorando!

Pergunta a ele olhando-o com ar de superioridade.

- Por que ela chora?

- Seu novo escravo é o macho dela, eles foram vendidos por um fazendeiro que perdeu toda a colheita e se desfez de vários escravos, agora é cada um para um lado se bem que vender essa nega com esses neguinhos não vai ser fácil.

- Qual é o preço deles?

- Bom, só dez contos de réis, E eles são seus!

- Dou três por ela e um por cada criança.

- Fechado! São seus.

Lorena tira cinco contos de sua bolsa de rendas e paga o mercador.

- Pode leva!

Diz o homem puxando com arrogância as correntes que ligavam as argolas nos punhos da mulher negra, ele dá à Lorena os documentos e as pontas da corrente. Constâncio diz:

- Senhorita eles não valem nem a metade do que pagastes por eles.

- Eles valem muito mais Constâncio.

Augusto vendo o que Lorena fizera pela negra e seus filhos a admirou por isso. O barão com seu jeito arrogante disse:

- Essa vai caminhando bem rápido para a falência!

Lorena olha aquele homem com sua mulher se abraçarem chorando com seus dois filhinhos com seus rostinhos inocentes banhados de lágrimas.

Ela quase os abraça também. Três homens, uma mulher e duas crianças pequenas, Constâncio respira fundo coloca os negros no carroção com as compras que fez enquanto Lorena conversava com Hélia esposa do senhor Antônio a qual a seguiu até a feira de escravos.

Eles já estão de partida para fazenda, Lorena olha e vê um mulato de belo porte preso pelos punhos, suas costas ainda sangram pelos açoites que havia levado, ela pergunta ao mercador qual o preço do mulato.

um senhor que observava Lorena aproximou-se e disse baixinho para ela.

- Olha senhorinha, se fosse você não levava esse nego, ele é fujão e faz rebelião, vive sendo capturado. Esse aí é bom pra homem de pulso firme igual ao senhor barão.

Ele olha para o barão que se apressa em dizer:

- Eu não! Nego fujão dá muito prejuízo, eles vivem apanhando ou morrem fugindo. Prefiro não me arriscar.

Lorena olha para aquele homem, olha lhe nos olhos e diz:

- Quanto?

- Oito contos de réis!

- Lhe dou quatro!

- Ele é seu, senhorita!

- Constâncio o coloca com os outros, o prende nas correntes e ele sobe no carroção. Lorena olha para o mulato e pergunta lhe o nome, ele não responde, ela torna a lhe perguntar, novamente o silêncio. Lorena então diz:

- Muito bem, já que você não tem nome vou chamá-lo de Sem nome.

Constâncio olha os documentos e diz a Lorena que o nome dele é Jordão.

- Vou chamá-lo de sem nome enquanto ele mesmo não me disser seu nome.

Ao longe, Lorena era observada por Augusto, que se despediu com um cumprimento, subiu em seu cavalo e voltou para sua fazenda.

Lorena também sobe em sua carruagem e segue para Ouro Negro.

Os passos lentos das juntas de bois fizeram com que Lorena se adiantasse e chegasse primeiro a fazenda deixando para trás Constâncio e os escravos.

*Já se fazia tardezinha em Ouro negro*

Lorena desce da carruagem e a entrega a Rosauro e adentra a casa... Nessa hora o jantar está quase pronto.

Ela sobe a seu quarto tira o vestido, coloca suas vestes do dia a dia, calças, botas e chapéu, desse e vem ao alpendre vê os trabalhadores que vêm chegando da lida, ela se encaminha para a senzala chega ao meio deles e diz:

- Boas tardes a todos!

- Boas tardes sinhá!

Dirige-se a Sebastião e pergunta sobre o trabalho, sobre o ânimo de todos e diz a eles que vão descansar, diz também que estão chegando outros trabalhadores e que todos os devem tratar bem. Sebastião concorda e Lorena volta há casa grande, neste momento o carroção está chegando. Constâncio desse os escravos, os quatro homens a mulher e as crianças, elas estão agarradas as saias de sua mãe muito assustadas olham para a nova sinhá e abaixam suas cabecinhas.

Lorena que está em pé frente a eles diz:

- Vocês agora são minha propriedade, porém, quero lhes fazer uma proposta. Conversando e andando em frente a eles disse tudo que já havia falado para os outros, eles olham para ela e sem esboçar nem uma palavra, ficam por minutos somente a ouvindo falar. Sebastião que estava ao lado de Lorena disse:

- É verdade gente, vamos trabalhar por nossa liberdade, tem comida pra vocês na senzala e lugar pra dormi não tem mais tranca na porta, a gente é livre na fazenda!

Constâncio olha para Lorena que pede a ele para tirar os cadeados das correntes que os prendia pelos pés e pelo punho.

- Solte os, por favor, Constâncio.

Eles se alegram. Quando Constâncio vai para abrir os ferros de Jordão Lorena diz a ele que o de Jordão não abrisse.

- Ele não! Leve o a cozinha, por favor.

Todos seguem para a cozinha pela porta do fundo.

Já se faz noite em Ouro Negro.

Todos os novos escravos se banham, sentam se a mesa grande e comem.

As crianças correm pela senzala e Sebastião continua explicando de seu jeito simples como será a nova vida deles em Ouro Negro.

Dentro da cozinha Lorena pede para Ana que faça emplastos para colocar nas feridas de Jordão, ela o dá um prato de comida.

- Coma, Sem nome!

Sem nome, quero lhe tirar esses ferros, porém, quero também que você saiba que aqui em minha fazenda não haverá revoltas,

Se você fugir, colocarei capitães do mato para te capturar, como já fizeram antes de você vir para cá e eu não ti darei uma segunda chance, ofereço a você liberdade, em três anos você terá sua carta de alforria e poderá partir.

Você pode olhar dentro de minhas terras não há mais grades não há mais açoites nem mais grilhões, eu quero te ajudar e preciso que você me ajude, e olhando nos olhos dele diz:

- Posso confiar em você, Sem nome?

Ele balança a cabeça em um sinal afirmativo, Constâncio abre as algemas de seus pés logo após abre as de seus punhos que caem ao chão fazendo um barulho que todos os escravos deveriam ouvir aquele som.

O som da liberdade.

Ana cuida das feridas, dá a ele roupas novas e Rosauro o leva para senzala.

Ele olha as grandes portas abertas todos sentados à mesa ele senta também e ouve tudo o que todos têm para falar.

Na casa grande, Ana diz a Lorena que tinha medo do Sem nome, Lorena diz que também sentia medo dele pede que Ana feche bem as trancas das portas.

Maria corre e tranca tudo.

Lorena estava cansada sobe para o quarto, tranca bem as janelas e a porta, senta-se em sua cama e chora!

A BELA DE OURO NEGRO Where stories live. Discover now