A BELA DE OURO NEGRO

*Pétalas ao chão*

Lorena deixa uma lagrima rolar em seu rosto, rasga a carta e a joga no chão ela cheira a rosa a olha  despetalando-a com muita raiva, joga as pétalas ao chão e pisa-as. Deita em sua cama e chora...  Após alguns minutos se levanta e desce as escadas e vai à cozinha onde está Rosauro e Ana ela os abraça e diz:

-Ana querida! Quero bolinhos de chuva e leite morno.

- É pra já minina!

Lorena senta-se á mesa perto de Rosauro e mesmo com dificuldades ainda para falar conversa com ele e com Ana como se fossem seus pais.

A carta rasgada e a rosa despetalada apagaram do coração de Lorena todas as esperanças de que Augusto pudesse mudar de idéia e deixar a submissão que cultivava por seu pai.

Lorena percebe que é alto suficiente e que um amor por alguém tão fraco a enfraqueceria também!

*E os dias se passaram em São Gabriel e em Ouro Negro.

Seis dias passam depressa.*

O casamento se aproxima e Augusto como sempre reluta, mas não sai do compromisso, Sandra está conformada e termina o enxoval para seu triste dia.

O trabalho em Santa Lucia rendeu deveras e o barão sempre arrogante teve que dar o braço a torcer, pois os trabalhadores de Lorena deram um belo exemplo de que a liberdade é um excelente negocio.

E falou sobre o assunto na reunião da câmara.

- Tenho que dizer a todos nessa reunião que deveras os negros de Ouro Negro trabalham bem mais que meus escravos, aquela senhorita deve ser uma bruxa mesmo, não tem outra explicação!

-Ora barão, eles se sentem livres, são bem alimentados, e trabalham com boa vontade, muito ao contrario de nossos escravos que são presos á ferros e não se alimentam bem e ainda apanham.

- Estais a dizer que devemos fazer como ela fez?

- Não estou a dizer isto!

E a reunião da câmara virou uma baderna, todos falando e gesticulando

Quando chega Lorena, seus ferimentos estavam bem mais desinchados e suas feições bem mais apreciáveis, ela chega como sempre sem ser convidada e todos os homens do recinto se levantam.

- Boas tardes para todos!

Todos , sem exceções responde-lhe ao cumprimento.

-Estávamos falando da senhorita de como seus trabalhadores trabalham bem mais que os escravos.

- Já disse a vocês que a liberdade deixa o homem mais feliz e por isso com mais vontade de trabalhar, mas vocês não me dão ouvidos!

-É um caso a se pensar senhorita, mas não hoje, pois hoje todos vão embora. Amanhã é o dia do casamento de Augusto e todos nós aqui estaremos com grande ocupação, pois a festa será grande.

Lorena não moveu um músculo de seu rosto ao ouvir falar do casamento.

Apesar do amor não ter morrido em seu coração, ela como sempre se mantém altiva.