*Joia preciosa*

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*Ouro negro*

Já se faz noite, Ana trás uma sopa para sua sinhá menina.

Ela está com os olhos cheios de lágrimas e a boca muito inchada,

parece ser impossível comer algo,

ainda mais, quando recorda aquela sena horrível que lhe aconteceu.

O estomago embrulha-lhe e náuseas fortes a fazem sentir asco pela comida.

-A minina comi um tiquinho pra fica forti e cunsegui suportá essa dor minina.

-Leve está sopa, por favor Ana, não suporto nem o cheiro estou quase a vomitar.

A dor maior é na alma, queria ter podido evitar tudo isso,

mas como não pude agora o que me resta é conformar.

Aquele Juca! Sempre vi nele uma um monstro de má índole.

Mesmo sabendo que ele era uma má pessoa, nunca quisera eu ter que tirar lhe a vida.

Porém ele não me deixou escolha.

Como pode tentar...?

Eu...

Será impossível esquecer!

- Minina, eu sei qui ocê num sabi, mais tem coisa pio,

tem genti que a sinhá pensava qui pudia cunfiá e traiu a minina!

A Tereza foi qui falo pro Juca que a minina ia sempri pros lados do morro alto.

E ela mais um nego que fizero combinação co Juca pra matá a sinhá.

- O que estás a me dizer, Ana?!

Não posso crer que Tereza foi capaz de tal coisa!

Eu fiz tudo por ela, apenas queria que ensinasse todos aqui na fazenda a lerem.

-É sinhá! Aquela diaba ingrata.

-Mande Tereza vir aqui agora!

-Num posso minina.

- Porque Ana?

-O delegado já levou a danada da mulata presa,

e o tar nego amanti dela tumem!

Mais a minina fica tranqüila que nos muierada

juntamo e demo uma surra qui só veno na danada.

Ela foi com o coro quenti pra prisão.

-Ana! Vocês bateram nela?

-Só um tiquinho.

E Ana sorri.

-Imaginava que Tereza fosse desmiolada e que um pouco de paciência

e conselhos pudessem fazer com que ela mudasse,

A BELA DE OURO NEGRO Onde histórias criam vida. Descubra agora