Despedidas

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Não há explicação plausível para um ser que acaba de ganhar o céu,
Tendo em suas mãos a felicidade suprema.
No mesmo instante esse céu lhe é arrancado de suas mãos, vindo lhe o inferno acompanhado de uma infelicidade sem igual.

Para a Bela de Ouro Negro,
Isso literalmente aconteceu.
O dia mais feliz de sua vida transformou-se em um dia de trevas, onde o branco de seu vestido tornou-se em negro luto.

Como sempre a dama de ferro, a Fênix renovada levantam-se das cinzas, respira fundo, engole o seu choro e toma as rédeas de sua fazenda.

Lorena sobe ao seu quarto ao abrir a porta, vê sua cama coberta de pétalas de flores, um mimo de suas amigas da fazenda.
Ela limpa os olhos cheios de lágrimas, o rosto de Jordão não lhe sai da memória.
Ela pensa em seu sogro e seu coração arde em brasas:
- Como ele pode fazer isso?
Ele não pensou em Augusto, em mim!
Pobre Jordão, sempre me protegendo...

Batem à porta.

- Precisa de ajuda, Lorena?!

Diz Sandra.

- Entre, por favor, ajude-me com o vestido.

Sandra a ajuda a desabotoar e Lorena soluça, mesmo tentando ser forte são muitas emoções para um só coração.

- Não chores, minha amiga.
Tudo vai dar certo.
O tempo vai se encarregar de curar essas feridas.
- Espero que sim, pois está deveras doendo muito.

Elas se abraçam e ambas choram.
Lorena veste um vestido simples e desce as escadas.
Augusto está a aguardando.
- Meu amor!
Os dois se abraçam e choram
Juntos, cada qual tem seu próprio motivo para as lágrimas que descem sem parar.

- Irei para casa de mamãe arrumar tudo para o velório do Barão Inácio Munhoz.
- Eu ficarei e prepararei o velório de Jordão.
- Você ficará bem?!
- Sim, vá com sua família.
Sua mãe e seus irmãos precisam de você.

Augusto beija- lhe a testa e parte para Santa Lucia.

- Senhora Lorena, precisa s de alguma ajuda para preparação do velório de seu funcionário?
- Não se preocupe seu Antônio, nós prepararemos tudo, Agradeço por sua preocupação.

E assim, Lorena recebeu várias ofertas de ajuda, que foram recusadas, pois todos de Ouro Negro eram uma família unida e Constâncio e Sebastião já estavam cuidando de tudo.

O sargento partiu para a vila levando Onofre, que foi enterrado sem nem um tipo de cerimônia, ninguém reclamou o corpo, ninguém chorou por ele.
Apenas uma cova a mais no cemitério.
O Barão é velado na sua fazenda, com todas as pompas fúnebres que eram dispensadas a um homem de seu cacife social.
Apesar de seu velório estar cheio da nata da sociedade de São Gabriel, apenas duas pessoas choraram por ele.

Otávio e Judith.

Muitos não compareceram no velório do Barão, grande parte por ficarem indignados com o plano de assassinato contra Lorena, pois ela vem conquistando a administração de muitos.

O casamento mal fadado, a alegria torna-se em tristeza e nas duas fazendas o caixão e as velas acesas marcam o triste fim de dois homens.
Um viveu sempre fugindo do seu opressor, procurando a liberdade.
Sua morte é lamentada e chorada por todos aqueles que fizeram parte de sua trajetória.
Do outro lado, aquele que sempre teve tudo, arrogante e soberbo.
Poucas lágrimas lamentaram sua morte.

A Baronesa acalma sua prole
E acalenta seu primogênito Augusto, que em nenhum momento mereceu sofrer tão grande decepção.

- Porque ele fez tal coisa, mamãe?
Eu sempre lhe tive grande respeito, sempre fui um filho extremamente obediente.
Porque matar a mulher que tanto amo?
Ele não pensou em mim, nas consequências.
Não consigo acreditar.
- O Barão Inácio Munhoz, com sua empáfia e arrogância, pensava tão somente em si próprio!
Mas já acabou, podes ser feliz com sua esposa.
Forme uma família com ela,
E sempre seja o contrário do que foi seu pai.
Seja feliz meu filho.
- Espero que Lorena possa perdoa-lo por ter arrancado dela o dia que seria o dia mais feliz de sua vida.
O transformando nesse dia horrendo de dor e sofrimento.
Ela quase perde a vida e ainda se torna suspeita de assassinato de seu assassino.
Eu deveria estar com ela!
- Pois vá meu filho!
Seu pai está morto, deixe que os mortos enterrem seus mortos.
Ela está viva e com um amigo morto.
Vai Consolar sua esposa, ela precisa de você.
Vá!
Seu pai já absorveu tudo que podia de você e de toda nossa família.

Augusto ouve sua mãe e parte para Ouro Negro, onde encontra sua amada próximo ao caixão de Jordão, seus olhos estão vermelhos de muito chorar.
Quando ela vê Augusto adentrar o recinto seu coração salta em seu peito e entre sorrisos e lágrimas ela abraça seu amado marido e os soluços são incontroláveis.

Lorena adormece  em uma poltrona nós braços de Augusto.

Seu Agenor e família, Dona Perpétua e Estela, Hugo e Sandra e seu Antônio e dona Hélia passaram a noite com Lorena.

O dia vem clareando devagar, o café da manhã é servido na cozinha o silêncio  é quebrado de quando em vez com os soluços de alguns dos amigos de Jordão lamentando sua partida.

Lorena pede a João e Dário que cavem a sepultura em cima do morro, onde a fazenda vista de lá é belíssima.
Ali meio a despedidas e lágrimas Jordão descansa em paz.
Lorena mandou fazer
uma lápide para o túmulo de Jordão, a qual dizia:

Um amigo
Da a vida
Pelos amigos.
Descanse em paz
Amigo.

Todos descem para a casa grande e sentam-se no terreiro e cantam músicas de lamento em homenagem ao amigo herói.

- Meu amor, agora vou para casa, preciso estar com a mamãe para o enterro do papai.
- Eu irei com você, não me
Ausentarei do enterro de seu pai.
- Você não precisa ir, ele não merece nenhuma atenção de sua parte.
- Deveras, porém sua família é minha família.
Eu irei estar com sua mãe e seus irmãos.
- Nós todos iremos.
- Agradeço Senhor Agenor!
Dona Perpétua, e a você  Hugo meu amigo.
Dionísio, Agradeço.
- Ora, todos iremos com você
Afinal, você é nosso amigo.

E todos saem rumo a fazenda Santa Lucia.

Quando a Baronesa vê que Lorena e todos vieram ela abraça sua nora e chora de alegria.

María Boaventura.

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