Dia de descanso

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Capitulo 10

A noite está caindo quando chegam.

Lorena está exalta e todos estão jantando, Ana se apressa em colocar a mesa do jantar e diz a ela que Pitu tem algo para lhe contar.

Lorena pede que ele após o jantar venha falar com ela.

Pitu diz a ela o que Juca fez com ele.

Lorena se preocupa com a atitude de Juca, fica imaginando qual seriam suas intenções com aquelas perguntas que fizera a Pitu.

Muito pensativa vai até à senzala, todos estão sentados à mesa, ela chega Acompanhada de Pitu que não tira o sorriso do rosto, apesar de ter passado um grande susto com as atitudes de Juca.

- Boas noites a todos! Disse Lorena.

- Todos sabem que esses dias foram de muito trabalho agora resta-nos o transporte até à vila, podemos nos alegrar nossa colheita foi esplêndida!

Todos vocês foram guerreiros, trabalharam como nunca, agradeço a todos.

Sebastião, João, Sem nome...

Todos vocês cumpriram seus papeis nesta colheita, o trabalho não acabou; na realidade nunca acaba, mas, terão amanhã o dia de repouso, podem fazer o que vocês quiserem, um dia para descansar da lida dura que tiveram.

Um escravo jovem se levanta olha para Lorena e diz:

- Sinhazinha a gente pode pegar as sacas de café e gastar como a gente querer?

Lorena como sempre, com atenção ouve o que o jovem diz,

E lhe responde com palavras firmes:

- Como já disse e expliquei para vocês, as sacas de café serão suas no terceiro ano junto com a carta de alforria, seria inconsequente de minha parte lhes dar às sacas agora, pois quando vocês receberem sua alforria não terão como se manter, pelo menos até arrumarem algo para se sustentarem.

Se você pegasse seu café agora o que faria com ele?

Pergunta Lorena olhando no olho do jovem escravo.

- Eu ia, eu ia...

Guarda o dinheiro sinhá!

- Então Manuel, este é seu nome, não é?

Ele balança a cabeça em sinal de afirmação.

- Deixe que eu guarde no banco para você, lá você não corre o perigo de seu dinheiro sumir e você ter trabalhado em vão.

Bom, vamos descansar que já é tarde.

Amanhã será descanso, mas, depois de amanhã o trabalho será duro.

O jovem abaixou a cabeça e sentou-se.

Logo após Lorena sair da senzala ouve um bate-boca entre todos, uns concordavam em receber depois, outros queriam as sacas de café, Sebastião tentou intervir, mas os ânimos estavam exaltados,

Sem nome disse:

- Ela está certa! Todos se calaram.

- Vocês não saberão guardar o dinheiro, ela está zelando pela gente, vocês vão dormir!

Tá tarde, vão dormir!

Os ânimos se amansaram, todos tinham respeito por Sem nome, e foram dormir.

Lorena está pensativa e preocupada com os escravos querendo suas sacas de café, e com Juca. O que seria que ele estava aprontando?

Sobe as escadas entra em seu quarto e olha para as janelas sem cortinas,

Pensa...

Valeu à pena!

Deita e dorme.

O dia amanhece o café da manhã está à mesa, Lorena toma seu café segurando em sua mão um livro o qual por falta de tempo com tantos afazeres que a colheita lhe deu, não conseguiu acabar sua leitura.

Pitu sobe as escadas correndo, entra pelo salão chegando à sala de jantar onde Lorena toma seu café da manhã, todo ofegante, com seus olhos arregalados diz:

- Sinhá vem depressa é briga! É briga!

- Onde, briga onde?

- Na senzala sinhá.

- Chame o Constâncio, rápido!

- Sim sinhá!

Pitu sai às pressas escravelhando os pés atrás de Constâncio. Lorena chega rápido na

senzala e dois escravos estão rolando pelo chão.

Já estão ensanguentados. Socos, gritos e murros voam por todos os lados...

Sebastião que tentou apartar a briga havia levado um soco em seu nariz que sangrava muito, Sem nome estava sentado em um canto, observava sem se intrometer.

- O que é que está acontecendo aqui? Perguntou Constâncio ao chegar à porta da senzala e ver todo aquele rebuliço.

Sebastião que segurava seu nariz para estancar o sangue disse;

- Esses moleques tão brigando atoa!

- Por quê?

Diz Lorena sem saber o que os havia levado a brigarem.

- Tão dizendo que vão a cidade gastar o dinheiro do café.

Constâncio grita ordenando que parem, mas como não cessaram os socos tira a pistola do cinturão e dá um tiro para o alto.

Todos correm e assim conseguem apartar a briga. Sebastião pega um deles e senta de um lado da mesa e Constâncio senta o outro do outro lado da mesa, apertando o ombro do rapaz com uma considerável força, mantendo assim o jovem sentado sem se mover.

Lorena olha para os dois jovens brigões e diz:

- Vocês são burros ou são loucos? Já não disse a você Manuel, Manuel você de novo! Ontem deixei bem claro que as sacas de café serão de vocês ao termino da terceira colheita, o que mais posso fazer desenhar em um quadro negro para vocês entenderem?!

É isso que vocês farão com suas liberdades? Gastarão elas imprudentemente em um botequim da vida lá fora. Vão se matar por uma saca de café? Realmente, vocês me deixam sem saída.

Vou trocar vocês dois, por dois escravos do barão.

- Não sinhá, não sinhá!

- Pelo amor de Deus, não sinhá, não faz isso eu não quero mais café sinhá, não mi manda pra lá sinhá.

Sebastião que segura um deles intervém a favor dos dois jovens.

- Sinhá os perdoe, não vão mais brigar, tenho certeza sinhá.

- Por você Sebastião, só por você eles ficam, mas será a primeira e última vez, já disse

que tem milhares de escravos fazendas à fora que dariam um braço para ter o que vocês têm.

Se eu vir ou souberde mais uma briga, discussões ou qualquer coisa que ofenda ou machuque alguémaqui dentro da minha fazenda o autor será tirado do meio dos outros que queremser livres

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