Vestido de noiva

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Após a noite do surpreendente jantar...
O dia amanhece em Três Corações.

A mesa do café da manhã está repleta de guloseimas, bolos e frutas.
Seu Agenor se incumbe de fazer com que, suas escravas caprichem.
Ele só tem um objetivo, agradar a senhora Perpétua.

- Bons dias, senhor Agenor.
Peço desculpas pelo incomodo que minha sobrinha e eu estamos a causar.
- Nada que possa vir da parte da senhora, pode me incomodar.
Sente-se por favor, sei que posso estar sendo inconveniente, mas sem nenhum desejo de constrange-la, posso lhe fazer uma pergunta um tanto pessoal?

Dona Perpétua, cora...

- Podes fazer-me qualquer pergunta, julgarei se a responderei, ou não.
- Claro, é uma excelente resposta essa sua.
Então, como a senhora já está a saber sou viúvo a anos, tenho me dedicado a família e a fazenda.
Porém quando a conheci, a senhora despertastes em mim um sentimento que pensei que não tinha mais o direito de te-lo.
Dona Perpétua, a senhora daria-me a honra de casar- se comigo?!
- Seu Agenor, eu , eu fico deveras lisonjeada.
É tudo tão repentino.
- Tens todo o direito de pensar no assunto...
- Sou viúva a anos, não pensei que pudesse contrair novo matrimônio.
Porém, digo lhe que, me despertastes esse desejo.
Vai a minha fazenda, conversaremos sobre seu pedido, mas digo lhe que minha resposta será favorável.
- Dona Perpétua, me fazes o homem velho mais feliz do mundo!

Ele beija lhe a mão e pega-a pelo braço e a leva para a mesa para o café da manhã.
Nesse momento, todos chegam e ele fala sobre o pedido.
- Papai, fico muito feliz! diz Iara.
- Meus parabéns aos dois!
Diz Rafael.
- Titia, é uma alegria para mim.
Fala Estela com um imenso sorriso no rosto.

Ela olha para Rafael que toma a palavra.

- Bom, já que estamos em um clima de namoros e casamentos.
Gostaria de pedir a senhora Perpétua, para cortejar sua sobrinha Estela.
Confesso que iria a sua fazenda fazer o pedido formal, mas aproveito o ensejo para declarar que estou completamente apaixonado por Estela.
Se a senhora Perpétua, me der a honra, gostaria de firmar compromisso.
- Ora, vejam só!
Pelo jeito esse jantar de ontem rendeu vários enlaces.
- Verdade, Senhora Perpétua.

E após muito diálogo, fica confirmado a visita dos homens de Três Corações,
à fazenda São Benedito para fazerem a corte às duas belas senhoras.

O dia amanhece...

Como Sandra e Hugo pernoitaram na fazenda Três Corações, Hugo parte de lá para a estação.

Lorena, após ter deixado ordens para que Constâncio cuide de tudo em sua ausência.
Vai para a vila com Jordão.
Ele está sorridente e altivo.
Lorena brinca com ele.

- Digo que hoje você amanheceu mais belo.
- Eu digo que a liberdade deixa o homem mais belo.

Ambos riem...

- Você é um grande amigo, Jordão.
- A Senhorinha é uma grande amiga.

Balança as rédeas e chegam rápido a estação, onde Augusto à espera.

- Meu amor, o trem já está para partir.
- Demorei- me um pouco.
Onde está Hugo?
- Já estou aqui, quase que perco o trem!
Não existe algo melhor do que, dormir nós braços de quem se ama,
Não queremos mais acordar.
Vocês verão!

O olhar de Augusto encontra o olhar de Lorena.
O trem apita, dizendo que é chegada a hora de partir.
- Boa viagem meu amor!
-  Fique com Deus!
Daqui alguns dias estarei de volta.

Um beijo apaixonado...
O trem parte e Augusto e Jordão ficam na estação vendo a fumaça preta cada vez mais distânte.
- Ela lhe disse sobre a carta de alforria?
- Sim, meu amigo.
Eu o parabenizo, agora és um homem livre, vais ficar?
- Ficarei, a Senhorinha ainda precisa de mim.
- Ela o tem por grande amigo.
- Eu sou, eu sou!
- Eu sei, Jordão!
Você é o melhor amigo que alguém poderia ter.
Pretendo obter sua amizade igual a que tens por Lorena.
- Já tens essa amizade, quem ama a sinhazinha, pode se considera meu amigo.
- É deveras bom, ouvir isso.
Tenhas um ótimo dia.
- Para o senhorzinho também!
Os dois se afastam, deixando um clima estranho no ar.
Augusto sente uma ponta de ciúmes, pelo carinho com que Lorena trata Jordão.
Jordão, apesar de ser um homem nobre, os sentimentos que tem por Lorena o deixam muito protetor.
Augusto tenta, mas não consegue cuidar daquela dama de ferro.
Ela mesmo cuida de si, e quando não, lá está Jordão!

- Uma pontinha de ciúmes é deveras normal...

Pensa Augusto.

Jordão passa na delegacia para ver se o sargento conseguiu investigar algo.

- Já encontrei o vendedor da cicuta.
- Ele não dirá nada ao Barão, ou a Onofre?!
- Não dirá, pois o ameacei com a prisão ou a forca!
Ele temeu, com certeza a boca dele será um túmulo, até o julgamento.
Preciso que me traga aqui a negrinha Anastácia, para que possamos previnir e ensina-la como proceder quando o Onofre lhe der o veneno.
- Quando a senhorita Lorena chegar da corte, arrumarei um jeito de trazer ela sem suspeita de ninguém.
Não podemos deixar os dois assassino perceber alguma coisa.
- Está bem, vamos manter contato sem causarmos suspeitas que estamos investigando.
O senhor Barão não é flor que se cheire.
Ele é muito esperto e sagaz, qualquer desconfiança e nosso plano vai por água a baixo.
- Isso é certo!
Ele é uma cobra véia, seu bote é certeiro.
Não dá pra brinca com ele.

Os dois terminam a prosa e voltam a seus afazeres.

Logo que chegam a capital, Lorena e Hugo vão para sua casa.
Saem para jantar e voltam para pernoitarem, pois o dia seguinte será de muitas ocupações.

O dia amanhece...
Lorena sai para a rua do comércio.
Vai onde fazem papéis para convites e encomenda belos convites para seu casamento.
Vai a várias modistas e encomenda seu vestido.
Que estará pronto em cinco dias.
Hugo resolve a venda de todos os seus bens, os negócios lhe garantem um belo quinhão.
Ele não se preocupará com falta de dinheiro por toda sua vida.

Ao chegar o quinto dia...

O lindo vestido está pronto, os convites também.
Lorena e Hugo já resolveram todos seus negócios na capital, pegam o trem e voltam para São Gabriel.

A carruagem se aproxima da porteira, os cães e Pitu vêem correndo.
Ao abrir a porteira, Pitu sorridente saúda os recém chegados.

- Boas tardes Sinhá!
Boas tardes Sinhozinho Hugo.
- Muitas boas tardes Pitu.
Como vai tudo por aí, você cuidou de tudo pra mim?
- Sim Sinhá!
Cuidei do tudinho.

Eles descem da carruagem e respiram fundo.
- Não existe melhor lugar do que nosso próprio lar.
Diz Lorena, feliz com a chegada.

Maria Boaventura.

A BELA DE OURO NEGRO Where stories live. Discover now