Falsa liberdade.

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Em Santa Lucia

Ao acordar Augusto soube do desmaio de sua mãe,
Segue rapidamente para o quarto dela
Beija lhe a testa como sempre o faz.
O amor por sua mãe é imensurável e a bondade que há em seu coração é herança provinda de sua progenitora.

- A sua benção, mamãe!
- Deus o abençoe meu filho.
- O que houve com a senhora? Estais bem?
- Não tenhas preocupações para comigo meu filho, estou deveras bem melhor.
Foi um mal passageiro.
- Vou à vila buscar o doutor, não sei o porque não foram na mesma hora?!
- Fui eu quem pediu para que não fossem, estou bem, deveras!

O rosto da baronesa não condiz com suas palavras, no seu íntimo a preocupação e o medo tomam conta de todo o seu ser.
Ao lembrar-se das palavras de Rita, seu coração sangra.
Ela conhece muito bem as maldades de seu marido, e sabe tudo o que ele é capaz de fazer.
E ela teme...
Olha para o rosto daquele jovem que está assentado a beira de sua cama com um olhar de preocupação, ela afaga seus cabelos e agradece a Deus por ter um filho extremamente o oposto de seu pai.

Rita chega ao quarto com uma sopa e uma xícara de chá para a baronesa.
Augusto beija sua mãe novamente, e se retira.
A Baronesa Cândida pergunta à Rita se ela já se acostumou em Santa Lucia.
Rita que desde o ocorrido anda séria e temerosa, responde com um sorriso forçado.

- Sim Sinhá!
Já tô me acostumano bem.
A Sinhá Lorena mi disse que dispois do casamento eu vorto pra Oro nego.
- Deveras.
Rita você?!

E Cândida se cala, sente medo de que alguém a ousa argumentar sobre o que ela ouviu em relação a sua futura nora.

O senhor Barão está assentado em sua cadeira predileta no alpendre da casa grande, vê ao longe Onofre que vem se aproximando com a charrete da fazenda.
- Bons dias, senhor Barão!
- Bons dias, Onofre.
- A encomenda chegou e está aqui, tomei o devido cuidado para que não quebrasse nenhuma das taças.
O Barão diminui seu tom de voz e se aproxima de Onofre, temendo que a conversa fosse ouvida por alguém, ele diz:
- Fico lhe agradecido, minha nora a de gostar do mimo que comprei para ela, ela a de morrer de amores pelo meu presente.

Os olhares de ambos faíscam
De maldade, os corações de pedra daqueles crápulas saltam de alegrias ao pensarem no objetivo daquele presente.

Jordão volta para Ouro Negro com seu coração desassossegado, pois de agora em diante, ele que reinventar várias estratégias para que, juntamente com o sargento possam pegar o Barão e o Onofre na teia que eles mesmos estão a tecer.
Tudo terá que ser bem orquestrado, se não poderá culminar com a morte de sua patroa e amiga.
Enquanto seu cavalo caminha lentamente, seus pensamentos borbulham.

- Eu não nasci pra dar murro em ponta de faca, jamais vou dexa que alguma coisa venha a acontece com a senhorita Lorena.
Mesmo sabendo que ela nunca Olhou pra mim como eu queria que ela tivesse olhado, só uma vez que fosse.
Ela é a única pessoa que me vê feito gente, que mi trata como amigo, e um amigo de verdade da sua vida pelos amigos.
Esse maldito Barão, vai tê o que merece! E aquele Onofre!
Aquele feitor, assassino de negros.
Ele vai pagá tudo o que fez contra minha raça!
Maldito demônio!
Os dois vão pagá, ah se vão!
Cutuca a anca de seu cavalo, que acelera os passos e chega bem rápido a Ouro Negro.

- Senhorita Lorena, aqui está o telegrama.
- Agradeço, Jordão.
Ela abre o telegrama e diz:
- Realmente, terei que ir à capital resolver a venda dos bens de meu primo Hugo.
Ausentar- me-ei por alguns dias, aproveitarei para comprar o meu
Vestido de noiva.
- Não se preocupe Senhorita, cuidaremos muito bem da sua fazenda.

Lorena sorri...
- Disto eu tenho a mais absoluta certeza, meu amigo.
Minha confiança em todos é certeira.
- Obrigada Sinhá! Mi desculpa, Sinhá sai sem que eu quisesse.

A BELA DE OURO NEGRO Where stories live. Discover now