capítulo 56

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Bárbara narrando

B

abi: eu criei , mas não amor. Todas as vezes que nos vimos ele me tratou bem , nunca demonstrou fazer algo negativo em relação a mim. Eu acabei criando um afeto , uma pessoa que senti a liberdade de tocar e ser tocada.

No fundo eu não estava confortável dizendo isso a ele , mas desde sempre nossos segredos são compartilhados. Assim como ele me disse quando perdeu a virgindade, eu não vou esconder sobre as coisas que aconteceram comigo.

Não senti a necessidade de contar todos os detalhes para ele , não neste momento. Quando fui me mover para pegar o balde de pipoca ele viu as manchas avermelhadas ainda das mãos de meu pai.
Me indagou a contar o motivo desta mancha , disse que novamente foi o Márcio.

A noite caiu , e com ela veio o chuvisco fraco e gelado. O filme de ação já terminava quando meu celular tocou.

ー alô?
ー Babi? você está bem? -- Matheus disse com um tom apavorado.
ー eu estou , me desculpe acabei esquecendo de te ligar.
ー sem problemas , quer vir em casa? -- mesmo sentindo um rubor em minhas bochechas apenas de imaginar olhar em seus olhos , eu disse que sim.

Expliquei ao meu amigo meus planos e o que queria conversar com meu namorado, ele entendeu e me desejou boa sorte.

Chegando a pequena casa onde ele mora , vejo uma sombra em frente à porta. Ele já estava me esperando.
Matheus: você está bem? sumiu o dia todo. -- me abraça.
Babi: estou bem. Podemos conversar?
Matheus: claro , vamos sentar no sofá. -- com a mão em minhas costas me guia até o sofá.

Na verdade eu queria dizer que esse relacionamento tem que acabar , nem sabemos ao certo porque fingimos estar juntos ainda.

Babi: acho melhor acabarmos com esse relacionamento. -- fui firme e direta. O mesmo me olhou com os olhos arregalados , sua mão perto da minha se afastou.
Babi: vai ser melhor assim , nem agimos como devemos.
Matheus: mas porquê deveríamos agir assim? cada casal age de uma maneira diferente. Mesmo não sendo amor de namorados eu amo você. -- esse era meu maior medo , o magoar por não sentir a mesma coisa.

Matheus: eu vou abrir mão de ter você apenas para mim , sei que sente vontade bocas mais profundas, mas por favor eu quero ter você.
Babi: eu não sei se quero isso , não me sinto bem beijando outras bocas e sabendo que sou sua namorada. -- eu beijei várias bocas desde que estamos "juntos" mas sempre ficava com a insegurança que tenho com o Victor.

Eu sinto minhas vistas fraquejarem , meus braços ficarem fracos ao ponto de nem levantar o pequeno dedo da mão. Meu estômago está oprimido , as poucas pipocas não serviram para matar minha fome.

Matheus: eu vou confessar , ao certo não sei se sou capaz de me deitar com uma mulher. Se é que me entende. -- mesmo sempre negando eu já suspeitava disso , sempre tremia quando eu o tocava de maneira intensa.
Babi: tudo bem , não vou te forçar a deitar comigo. Em algum momento eu já suspeitava disso , pode contar comigo para desabafar. -- assim que toco na sua mão sinto um arder no estômago.

Matheus: eu gosto de você, assim como de outras mulheres , mas talvez eu sinta atração no outro sexo também.
Babi: você precisa pensar sobre isso , tem que ter absoluta certeza sobre o que faz sua felicidade. -- isso não é o melhor momento, mas delicadamente desliza os dedos entre minhas bochechas antes de me puxar para um beijo.

Fecho os olhos e tudo começa a girar. A extrema fome e a pressão baixa resolveram uma péssima hora para atacar.
Ainda no beijo , tudo escurece e já não lembro de mais nada.

Nunca foi sorteOnde histórias criam vida. Descubra agora