capítulo 189

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Bárbara narrando

Deu tempo de recuperar o fôlego e colocar as roupas que estávamos antes , porém logo vamos ter que retirar para tomar banho. Só colocamos para abrir a porta e escutar o que sua irmã tem a falar.

Carol: vamos jantar no El San. Comida francesa. Vocês vão? -- ele olhou para mim desejando que eu responda.
Babi: podem ir , nós combinamos de ir mais cedo para o Cassino. Vamos comer por lá e divertir um pouco.
Victor: isso!
Carol: tudo bem , é bom vocês se divertirem. Bárbara , qualquer coisa me liga , tudo bem?
Babi: ok , mas acho que não vou precisar. -- Victor disfarçava , mas sei que não está entendendo no que nos referimos. Sorriu antes de deixar nós dois sozinhos no quarto , como antes.

Depois do banho , coloquei um vestido preto com as costas aberta , o mesmo que usei uma vez para ir no Royale. Nos pés um tênis com plataforma branca , o vestido tubinho combina. Nos olhos uma camada reforçada de rímel e um lápis preto na marca d'água , uma camada fina de base para cobrir a olheira rasa e algumas imperfeições da pele do meu rosto e já estou pronta. Ah , e claro, cobri a boca com um gloss brilhoso.

Sua camiseta social com os primeiros botões abertos e as mangas dobradas um pouco a cima dos cotovelos exaltavam sua massa muscular , e , ainda na cor branca! Uma ótima noite , digamos que a melhor de todas as outras entre essas semanas , estamos sós e encantados um no outro.
Curtimos , de início , comendo as pequenas porções que nos serviram. Passei por um longo tempo jogando e matando a saudade de apostar sem ter medo de perder tudo , ele só observava de longe.

Não sei quando começamos a balançar. Victor me ninou com suavidade
de um lado para o outro embalando na música calma , que só estava tocando mesmo para não deixar que as vozes fossem o único som do salão.
A tentação esmagadora de ficar ali, com o rosto pressionado na camiseta
dele, foi que me fez recuar um passo, controlando-me. As mãos dele ficaram
pousadas de leve no meu quadril, a conexão ainda não rompida.
Babi: eu te amo.
Victor: eu sei disso , também amo você , Baker. -- precisava dizer isso e ter certeza que também me ama , talvez depois de eu contar da minha suspeita não iria tentar se fazer de forte dizendo que nunca sentiu nada.

Babi: preciso te contar a coisa que está me agonizando todos os dias. Eu estou com medo de estar grávida , muito medo. -- por cima da sua pele senti o coração acelerar, as mãos posicionadas fortemente na minha cintura. -- e se você vir dar seu show aqui e agora , pode ter certeza que quando você chegar em casa eu não vou estar mais.
Victor: não tem como , Bárbara. Não tem , eu cuidei para que isso não acontecesse.
Babi: tem, Victor. Você sabe que camisinha é um dos métodos mais indicado , mas também não quer dizer que protege cem por cento , pode ter estourado alguma vez. Sua irmã viu o quanto eu passei mal , me alertou sobre isso e induziu ao fato de eu estar inchada. -- dizia calma , segurava a vontade de gritar com ele para dentro de mim , mantinha os seus dedos na minha cintura , ia caindo na real de eu estar mesmo e me apertava mais ainda.

Victor: não tem como. Nenhuma vez estourou. Você poderia ter vomitado por ter comido algo ruim , eu vomito e nem por isso estou grávido. -- sinto meu rosto queimar por não ver nenhum senso de humor em seu rosto , estava sendo sarcástico mesmo. Ou melhor , debochando.
Babi: você não entende , eu não disse que estou grávida. Achamos apenas , mas , e se eu estivesse? aliás, não adianta dizer que está comigo só por diversão porque eu sei que você me ama , disse para mim. -- seus olhos escuros caíram sobre os meus , carregavam o misto de sentimentos que o transtornava por dentro , sabe que se colocar para fora não iria ser bom para sua reputação.
Victor: eu iria me tortura até o último segundo da minha vida por ter estragado a sua vida. Não estava nos meus planos , e nem vai estar durante vários anos. -- o sentimento predominante agora era decepção, larguei da sua camiseta e afastei um passo. É óbvio que também não estava nos meus planos , imagina engravidar da primeira pessoa que você transou...
Victor: pelo menos você fez a porra de um teste? por que se estiver, não é meu. -- arqueei uma sobrancelha e olhei bem no fundo dos seus olhos , ri , eu ri por ele estar tentando fugir de uma responsabilidade que é dele. Alguns casais ao nosso lado já olhavam , sua voz aumentou e ficou mais grossa.
Babi: e de quem mais seria?! Victor , faça-me o favor de ser menos babaca.
Victor: eu sou assim , sempre fui e vou ser. Você sabia , mudei muito de mim por você porque queria você por perto mas eu não era suficiente. Fiz de tudo por você , mas um filho eu não fiz. -- ele fez isso denovo , gritou comigo.

Sem olhar para trás eu saí do salão, liguei o mais rápido que pude para Gabriel.

No carro , não se escutava a voz de Carolina nem muito menos do Gabriel , a mulher decidiu vir junto para saber em primeira mão o que havia acontecido comigo , só que eu não conseguia falar , tentava chorar também para aliviar esse estresse dentro de mim e não conseguia.

A primeira coisa que fiz foi tirar as minhas malas do quarto dele , vou me sentir melhor se ele achar que fui embora mesmo como prometi.

Gabriel: mas , mas...Você não pode ficar aqui! ele vai me matar. -- precisava ir para o Cassino e ajudar a orientar os jogadores , porém gastava seu tempo me expulsando do seu quarto.
Babi: eu não ligo. Eu vou ficar aqui , não vou dormir com ele.
Gabriel: o que aconteceu pelo menos para ser tão grave assim? -- a vontade de chorar veio , lembrando dele dizendo e suspeitando de mim.
Babi: eu disse que talvez eu esteja grávida. Mas não é certeza. E tomara que não seja. -- eu sentia vontade de rir no meio do choro por ele simplesmente não saber o que fazer, andava em círculos pelo espaço do quarto até parar em mim , mas não me abraçava , só tocava meu ombro como se fosse um consolo.
Gabriel: eu sabia que essas brincadeiras de vocês não ia acabar bem. São novos demais e nem estão devidamente formados mentalmente para um filho. -- nele, vi a reação de minha mãe. Puxava os pequenos fios do topete.
Babi: esse não é o pior...
Gabriel: e tem como piorar?! -- assenti.
Babi: eu era virgem , ele foi o primeiro...e único até agora. -- suas mãos foram aos olhos , cobrindo todo seu rosto avermelhado e tenso.
Gabriel: calma , vai dar tudo certo. Isso é apenas uma coincidência. Tenho que ir antes dele me ligar e ver que você ainda está comigo , pode ficar aqui até eu voltar , dou um jeito de dormir no sofá. -- sequei meus olhos no seu ombro quando fui lhe abraçar.

Ele saiu e Carolina chegou. Contei para ela sobre a reação dele, ficou abismada e furiosa com ele.
Carol: vamos deixar dessa incerteza , tenho os testes ainda na minha bolsa da viagem. Não vamos fazer agora porque é indicado para a primeira urina do dia , na manhã fazemos e teremos a total certeza. Agora descansa , por todas as vias têm que pensar que está gastando energia por dois. Se não estiver , vai estar disposta como nunca. -- uma das últimas coisas que eu iria conseguir fazer agora é dormir , fiquei sozinha no quarto até altas horas,  talvez esperando chegar o Gabriel , sei que é um bom ouvinte e conselheiro. Bem melhor que Carolina.

Deborá: transou com você e mandou embora também? Carol me contou que brigaram. -- tomei um susto , estava procurando o contato do meu melhor amigo e não senti sua presença entrando pela porta. Neguei balançando a cabeça.
Babi: digamos que muito mais grave que isso. Terminei de descobrir o lado babaca dele. -- eu troquei o vestido por moletons macios de dormir , ela também usava só que um pouco mais fino.
Deborá: não querendo piorar as coisas , mas descobriu tarde. Acho que vem do sangue a falta de noção , meu irmão já foi pior que o Victor. Eu também não escapei, percebeu que não fui com sua cara e te evitei todos os dias. Eu só precisava de tempo até te conhecer e ver que toda ilusão criada na minha mente era mentira , achava que era uma das adolescentes mimadas e irritantes que viviam o cercando quando vinha para cá.
Babi: e deixou para me conhecer melhor no último dia que estou aqui? -- pensou. Esse não é o nosso último dia de viagem , temos ainda três dias imensos e entediantes. Mas dependendo do que Victor vai me dizer , eu vou embora amanhã mesmo.
Deborá: demanda tempo , Bárbara. Mas , vai embora antes de todos? -- assinto. -- vai ser pior, precisam conversar e chegar em um acordo juntos , é isso que duas pessoas fazem quando se amam e têm força de vontade para continuar.

A pessoa que eu menos esperava da casa está aqui , ao meu lado , me orientando e escutando toda a história do relacionamento conturbado. Depois disso ela me olha com outros olhos , não imaginava que já passamos por tanta coisas juntas que nem um casal de verdade já fez , deu vários exemplos da convivência de Anna e Eduard , em parte ele é igual ao Victor.
As horas passaram mais rápido ainda , Gabriel chegou e correu para o quarto , se privando do interrogatório que Victor iria fazer ao não ver minhas coisas.
Gabriel: eu durmo no chão. Sem problemas.
Babi: é claro que não , vai acabar com suas costas.
Gabriel: mas eu não posso dormir na mesma cama que você. Irei falhar na minha missão de melhor amigo do casal. -- respirei fundo.
Babi: você sente tesão por mim ou algo do tipo? -- negou. -- eu também não. Então pronto , não vejo nada de mal você dormir aqui. Só não espero achar que sou a sua amante, prima do seu melhor amigo , que frequentou seu quarto outras noites. -- espantado puxou o cobertor todo para ele , fingindo não ter entendido nada que eu disse.
Babi: você dormiu com ela que eu sei! ela mesma me contou.
Gabriel: merda. Não conte para Victor , em hipótese nenhuma. Já fiquei com tantas pessoas que ele não pode sonhar que fiquei. Lara é uma delas.

Nunca foi sorteWhere stories live. Discover now