capítulo 182

781 52 0
                                    

Arthur narrando

Já fazia vários dias que não conversava com Price , teríamos brigado uma ou duas vezes por eu não ser de acordo com suas ideias mas nada muito devastador.
Antes de vir trabalhar com Bela , avisei para Victor que fazer um happy hour com as bebidas novas que chegaram , ele não respondeu no momento mas três horas depois disse que achou uma ótima ideia.
Meu celular tocou novamente, mas desta vez um número desconhecido , dizendo; "prepare suas malas , vamos viajar.". O motivo de eu não entender essa mensagem me assusta , quem teria conseguido meu número em tão fácil acesso?

Não liguei para isso , trabalhei dobrado para de certo modo recompensar Victor por tudo que eu já deixei de fazer com ele. Um dos motivos da minha discussão com Price foi isso , não iria abandonar Victor nem muito menos trapacear com ele! Neguei todas as vezes que tentou me convencer a tomar este cassino para mim, aqui foi a única família que me acolheu quando cheguei neste país , são os irmãos que deixei na Europa.

Fiquei o trabalho todo pensando em alguma forma de dizer o quanto eu errei para Victor , de uma maneira calma e que me compreendesse. Da mesma maneira como ele está ridiculamente bobo pela Bárbara, eu estava pela Bruna , fiquei cego de amor por ela , normalmente eu costumo a me apegar demais , e com ela não foi diferente.

Andei conversando com Bela contei que há trapaças rolando , agradeceu por eu a contar isso e por não me envolver. Contei sobre Max , Price vai pagar uma boa grana para ele fazer o trabalho que era destinado para eu fazer , quer muito se livrar desse país e ir para a Ásia. Não se mostrou muito indignada, meu parceiro de trabalho acabou descobrindo e contando para ela e os alvos , aparentemente está tudo bem entre eles , talvez uma possível falha no plano.

O carro preto invadiu a calçada e dois homens de médio porte me empurraram para dentro, Bela gritava pedindo socorro mas ninguém passava na rua. Ela levou um golpe com a arma de fogo na nuca , caindo desmaiada na entrada principal do cassino.
Dentro , um deles retirou uma seringa enorme de dentro de uma maleta preta e injetou no meu braço , as coisas começaram a não fazer mais sentido apartir daí, uma risada rondava minha cabeça impedindo que eu conseguisse escutar a conversa dos dois homens.
Apaguei , não lembro exatamente de nada e nem de como vim parar neste mato. Nem de como minha boca está com pedaços mal mastigados de grama.
Meu celular está sem área , muitas linhas de luzes coloridas dançavam na frente dos meus olhos e entre as árvores. Eu me divertia , se estivesse sentindo minhas pernas eu iria dançar junto.

xxx: Arthur? cara? você está me ouvindo?
Arthur: a Bruna...a Bruna ela vai...
xxx: quem é Bruna? Sabe quem eu sou? -- suas perguntas não tiveram respostas.

Um barulho irritante de vozes atrapalhavam meu sono, a grama quente sumiu e um colchão duro e fedendo apareceu. Uma mulher passava um pano frio no meu rosto , pessoas que eu não consigo me lembrar de quem são.

Horas depois...

Rodrigo: Arthur? consegue identificar minha voz? -- assenti com os olhos semi-cerrados.
Rodrigo: sente-se , por favor. Temos que conferir suas coordenações motoras.

Minhas pernas estão ali , aquecidas por um cobertor e travesseiros , o único problema é que não sei como usá-las , meu cérebro parece cansado e não aceita meus comandos.
A mesma mulher que limpava meu rosto passou a me consultar , mandando eu fazer os movimentos com os braços e pernas , disse que só preciso me alimentar e beber muita água para que eu melhore. O certo seria um hospital, mas escutei Rodrigo dizendo que agora a polícia está em peso durante a cidade toda , sem contar que Victor mandou ele me manter seguro e , no hospital poderiam me sequestrar novamente.

xxx: você se lembra de algo?
Arthur: não. Sinto que apenas dormi durante esses dias , um sono extremamente profundo.
xxxx: é normal as drogas injetadas fazerem isso , foi injetada muito mais que deveria  em um curto tempo. Poderia ter morrido. -- sua pele morena era iluminada pela entrada do sol na janela , os olhos castanhos escuros brilhavam tanto que se eu chegasse mais perto iria ver meu reflexo.
Arthur: desculpa, mas eu não me lembro do seu nome...
Aisha: nunca fomos apresentados. Sou Aisha , filha do Rodrigo , com descendência de indígena da parte materna. -- sorriu. Não imaginava que Rodrigo tem filhos , nunca disse para nós nem se quer uma mulher que já ficou.

Eu não repondi, também não tem o que complementar. Se minhas contas não estão erradas , deve ter aproximadamente dezoito anos. Sorriu parecendo ler minha mente enquanto organizava os instrumentos que usou afim de colocar em uma caixa com um "x" na frente.
Aisha: minha mãe é médica , por isso sei dessas coisas sem nem me formar. Meu pai não foi muito presente até hoje , mas apartir de diante vou morar com ele , uma nova experiência em minha adolescência. E você? meu pai contou um pouco de você , podemos jogar conversa fora até meu pai voltar com os remédios e o dinheiro das toneladas de drogas ilícitas.
Arthur: eu? bem , eu fui um completamente idiota em confiar em alguém que quer matar o meu "melhor amigo" -- no ar , fiz as aspas com o dedo. Depois de tudo que aconteceu acredito que ele não deseja mais minha amizade. Fomos conversando para distrair , é um lugar escuro essa casa e muito poucos móveis.

Rodrigo: não! não! eu quero que recarregue todas as armas até o anoitecer , entendeu ou quer que eu desenhe? foda-se se não irão usá-las! -- parecia enfurecido com a pessoa do outro lado da linha de ligação. Percebeu que eu estava acordado e bem por isso desligou o quanto antes.
Rodrigo: princesa , pode ir para casa , eu fico com ele. -- ordenou olhando para a morena , que rapidamente assentiu. -- desculpe pela demora , estava resolvendo alguns problemas. Como você está?

Arthur: acho que bem. Estou sem coordenação nas pernas , mas sua filha disse que logo passa.
Rodrigo: que bom , ela entende um pouco sobre esses assuntos. Já que era bem , preciso perguntar algumas coisas para você. -- respirou fundo. -- você lembra o que aconteceu desde o momento que saiu do cassino?
Arthur: eu não consigo me lembrar de nada , sinto-me descansado como se estivesse dormindo por todos esses dias que sumi.
Rodrigo: merda. Você não se lembra que correu dos enfermeiros e dos policiais? -- nego.
Rodrigo: você sumiu por três dias. Em um dia , os policiais descobriram que você iria embarcar com os sequestradores para Chicago , conseguiram impedir dando ordem de prisão para os homens , mas você simplesmente fugiu dos enfermeiros que queriam te ajudar. O único mistério era como deixaram você quase embarcar no avião totalmente inconsciente. -- olhei para ele tentando assimilar tudo , o meu nível de decepção não se mede.
Rodrigo: mas o que importa é que agora está bem. Amanhã minha filha vai lhe levar ao hospital.
Arthur: tudo bem. Me desculpe ter que se preocupar com isso.
Rodrigo: sem problemas , afinal , estou trabalhando com Victor e o mínimo que eu poderia fazer é ajudá-lo. Depois quando se sentir melhor , vou lhe dar seu celular para avisar Victor que está bem. Ele está preocupado.
Arthur: tudo bem.

Nunca foi sorteOnde histórias criam vida. Descubra agora