capítulo 134

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Bárbara narrando

Tudo aconteceu muito rápido , eu não conseguia entender o que estava acontecendo.

Quando acordei , meu corpo estava sendo pressionado por uma parte do painel do carro , o teto caído entre eu e o banco do motorista não me permitia ver Victor. Minha perna dói só de pensar e mexer , as fortes emoções me atingiram e comecei a chorar sem ter forças para tentar me controlar.

A mão avermelhada do Victor estava ainda perto da minha , consegui retirar o cinto que me segurou para não sair do carro enquanto ela capotou na ribanceira. A jaqueta na parte do braço esquerdo do Victor havia sido rasgada , um pouco abaixo do ombro escorria sangue , era a bala.
Peguei o moletom que me cobria e tentei pressionar o buraco para diminuir o fluxo de sangue , eu nunca passei por uma situação assim e não sei o que fazer além de chorar!

Babi: Victor -- segurei seu rosto delicadamente , está respirando mas parece desmaiado. Coloquei minha testa colada a sua , as lágrimas escorriam caindo no seu rosto com respingos de sangue da testa.

Repeti seus nomes várias vezes , procurei meu celular mas acabei deixando na mochila do banco de trás , impossível de pegar. Seus olhos forçaram , a boca foi abrindo lentamente buscando ar que pelas narinas não entravam. Segurei seu rosto lhe chamando.

Babi: olha pra mim , olha. -- pedi  tirando os cabelos do seu machucado.

Eu estou realmente apavorada , consegui ficar sobre sua perna sem mover muito minha perna direita , acredito que acabou sendo pressionada demais com o peso do painel.

Victor: você tá bem? -- sua voz falhava , quase não conseguiu abrir os olhos.
Babi: não liga para mim , precisamos chamar a ambulância.
Victor: Bárbara , meu braço... -- pressionei o moletom novamente , deixar ele ver o quanto sangue esta perdendo não iria ajudar.
Victor: eu vou...morrer?
Babi: claro que não , você é forte. E também acredito não ter atingido nenhum lugar comprometedor.

Victor: m-meu...meu celular está no bolso. -- rapidamente certifiquei se seu celular não havia quebrado ou algo do tipo. O primeiro contato que liguei foi Gabriel.

ー Gabriel! Gabriel por favor , nós precisamos da sua ajuda. O Victor está sangrando muito.
ー o que aconteceu com vocês? por que está chorando tanto assim?
ー eu não sei bem o que aconteceu , alguém atirou no Victor , perdeu o controle do carro e capotamos fora da pista.
ー porra! onde vocês estão? ele está acordado?
ー eu não sei onde estamos , ele está acordado mas...ele não abre muito os olhos. Você precisa vir rápido.
ー calma , liga a localização do celular dele que vou rastrear. Fica bem , tenta cobrir o buraco onde a bala perfurou. Vou ligar para a ambulância também.
ー tudo bem.

De todos os meses que nos conhecemos nunca vi sentir dor ao ponto de chorar , pelo canto dos seus olhos escorriam as lágrimas repentinamente.
Estamos longe dos olhos das pessoas que passam na pista , é quase impossível recebermos ajuda de um viajante.

Amarrei um pedaço do moletom em seu ombro , posso ver o brilho da bala dentro da sua carne , fechei os olhos abraçando seu pescoço.
Com o outro braço , ele levantou e passou por minhas costas , reclamava sussurrando em meu ouvido que estava doendo muito , depois começou a dizer que eu sou uma pessoa importante para ele. Complementou dizendo que independente do que acontecer , não é para eu me importar com ele e seguir com meus sonhos.

Escutei a sirene da ambulância.

Nunca foi sorteWhere stories live. Discover now