capítulo 164

1K 72 1
                                    

Victor narrando

Os treinos deste domingo começaram cedo , por estar acordando cedo a semana toda acabei despertando o mesmo horário. Não liguei para lhe desejar bom dia , deve estar dormindo depois de madrugar jogando cartas no cassino.

Bem , segunda feira é o dia em que embarcamos no voo. Até agora não aconteceu nada de ruim , não voltei a cidade e a única pessoa que conversei de lá foi Bárbara , ela não seria capaz de dizer a todo mundo até chegar nos maus ouvidos que vou viajar. No meio da semana senti que estava mudando de opinião , passou a dizer que não sabia se iria , diferente das outras vezes que negava de primeira.
O raio-x que fiz sexta feira ficará pronto hoje depois do almoço , terei que ir ao hospital e levar para o meu médico , o mesmo que ocupa o plantão aos finais de semana. E definitivamente vou saber se estou autorizado a viajar ou não.

Por precaução , passei a semana preparando minha mala aos poucos, serão duas semanas de muitas festas e eventos chiques. Carolina passou essa madrugada preparando a sua bagagem. Quer dizer , nos momentos em que não estava batendo sua cama freneticamente na parede.

Desci para a área livre que adaptamos para meus treinos , provei o bolo branco de nozes que Maria arrasa em fazer , bebi minha vitamina matinal para não praticar de estômago vazio. Por coincidência , nossa segunda "mãe" era fisioterapeuta de crianças com reumatismo , por isso não preciso ir a cidade já que ela me ajuda. Comecei treinando como qualquer outra pessoa , usei as pernas e o tronco.

Na outra mão tinha que apertar essa bolinha extremamente chata , serve para amenizar o estresse , mas na verdade fico extremamente puto por eu a apertar e não murchar nunca.

Bárbara enviou um pequeno e simples oi na primeira mensagem , já na outra disse para eu a avisar quando for saber os resultados no médico.

Victor: você poderia , por favor , bater em minha cabeça? pode ser no peito também. Mas com força. -- ela riu fugindo os olhos do meu braço. Eu não ri , estou dizendo sério.
Maria: o que é isso , Victor?!
Victor: um pedido. Ando não me reconhecendo , deve ser algum problema de coração. Por isso eu acho que uma boa pancada iria resolver. -- riu de novo. Sua risada é contagiante , quase não aguentei e entrei na mesma crise de riso que ela.
Maria: as coisas não funcionam assim , filho. Eu sei sua doença , é comum e todo mundo já pegou! Você só precisa de tempo , e se controle para não a enforcar. -- enquanto dizia deve ter olhado para o que eu escrevia no celular , achei que é um ótimo momento para perguntar se Bárbara decidiu ir ou não. Tive que apagar a mensagem , a senhora ao meu lado tem razão.

Victor: eu já senti isso , mas não me recordava de ficar tão babaca assim. Eu tentei concertar um erro sendo mais idiota que a primeira vez. -- sem o apoio da tipoia , ela erguia e abaixava meu braço bem devagar , depois repetia esse movimento dez vezes. Contei o essencial para ela entender essa curva mirabolante da minha vida que Bárbara faz parte, ria sem conseguir parar.

Tirando o foco da nossa conversa , o portão grande principal se abriu , Jordan permitiu a passagem e Gabriel entrou com seu carro prateado.
Primeiramente veio me cumprimentar, abraçou Maria e pegou o pedaço de bolo que ela mesma guardou para ele , sabendo que poderia chegar antes do almoço.
Maria: Victor , você vai furar a bolinha com essa força. Para de falar da garota por que você vai ficar nervoso. -- repreendeu. Sempre diz que a culpa para eu ter esses pequenos surtos de raiva são por eu ser nervoso demais , mas garanto a mim mesmo que não.

Victor: depois desse mês repousando , pode me levar diretamente a uma clínica. Meu cérebro já não pensa mais como antes , sem contar que preciso do álcool correndo nas minhas veias. Gabriel , poderia utilizar sua força para bater em mim? uma pancada iria resolver tudo. -- me olhou espantado , sua expressão permaneceu até eu assentir dizendo que estava falando sério.
Gabriel: tem certeza que ele não trocou os remédios da manhã? -- perguntou a Maria. Como sempre, ela ria.

Eu não estou me reconhecendo, esse não sou eu , necessito que o meu antigo eu egocêntrico volte.

Chegamos ao hospital antes da noite cair , sentamos nas poltronas para esperar a recepcionista achar o envelope do meu exame.

Gabriel: conversou com Bela sobre o dinheiro que vai retirar da sua conta bancária para viajar? além do mais , você precisa dizer a ela se está disponível para supervisionar o cassino junto com Arthur. -- acabei me esquecendo de tudo isso na semana. Esfreguei meu cabelo com os dedos.

Victor: vou ver isso com ela hoje a noite , antes que veja a minha conta e veja que está faltando. Sobre o comando do Royale, acha que eu deveria colocar Arthur? Eu confio demais nele , sabe que vocês dois foram sempre os irmãos que eu não tive , mas Bárbara me contou algumas coisas que me tirou o foco. -- como eu não esperava , ele concordou como se soubesse do que eu me referia , passei a o olhar com os olhos estreitos.

Victor: como você sabe do que eu me refiro?
Gabriel: b-bem, eu não sei exatamente a que diz , mas Bárbara me contou sobre algo que intrigou. -- balancei a cabeça concordando , mas não estou convencido cem por cento.
Victor: pensei que , Arthur poderia de alguma forma passar informações para a garota que ele sai. Sabe que eu odeio que saibam do meu trabalho. Mas, não posso levar esse pensamento a sério , eu confio nele e me deu a sua lealdade.
Gabriel: deixe que Bela decida se vai ficar ou Arthur. Ela sabe muito bem das decisões que deve tomar , a sua mãe já passou por várias decisões assim quando seu pai comandava.
Victor: tudo bem. Vou tentar relaxar diante isso.

A porta branca se abriu , a mesma enfermeira trouxe o exame e também indicou onde o doutor estava. Ele recepcionou-me com um sorriso , de imediato só lhe entreguei o papel. Ele analisou bem cada detalhe daquele papel transparente com as fotos , leu os resultados dos exames de sangue e checou os pontos para depois me dizer o feedback.

Doutor: a sua viagem é mesmo de extrema importância?
Victor: sim , não teria uma possiblidade de adiar. -- suspirou. Certamente vai me dizer péssimas notícias.
Doutor: como eu já esperava , você ainda não tem boas condições para uma viagem , mas é possível viajar. Nada está alterado no seu sangue , sua pressão oscila dentro do normal. Em momentos de extremo uso da força , você não deve fazer com o braço esquerdo , a tipoia já não vai ajudar tanto, já que falta muito pouco para estar em seu devido lugar. Depois que voltar da viagem , tente entrar em contato comigo. Entendeu corretamente?
Victor: o mais claro possível! Muito obrigado, doutor. Até a próxima consulta.

Sai da sala com um lindo e enorme sorriso no rosto. Agradeci a recepcionista que foi cuidadosa e rápida em procurar meu histórico , sem contar que atendeu muito bem.
Gabriel comia um lanche de fast food e ao seu lado estava um pacote com batatas fritas , acenei para dizer que podemos ir embora.
Gabriel: e então?
Victor: pode fazer suas malas , cara! estou livre desse inferno. -- acho que acabei me empolgando um pouco com a tipoia , retirei e joguei no banco do carro. Ele comemorou com os braços abertos para cima, quase deixou cair as batatas.
Gabriel: vamos passar em algum lugar para comemorar? podemos pegar bebidas no mercado e um lanche para você.
Victor: prefiro as bebidas , estou farto de comer. Mas , não vou para casa. Minhas malas estão prontas e tudo deixei sobre minha cama. -- desviou a atenção do estacionamento e me olhou curioso para saber o restante da minha fala. Sorri , dando um intervalo.
Gabriel: vai dormir em uma casa de prostituição?
Victor: é claro que não. Pode virar a esquerda. Bárbara vai odiar me ver , só tenho à lamentar. -- disse sendo sarcástico , não vou perder a oportunidade de a perturbar um dia antes da minha viagem.

Bati na porta com as costas dos dedos o mais rápido que podia , ela abriu com uma cara furiosa. Mas esse rosto fechado sumiu, ficou espantada com os braços abertos para receber meu abraço.
Babi: não sabia que viria.
Victor: e você acha mesmo que eu iria perder o meu último dia antes da viagem dentro de casa vendo filme?
Babi: então quer dizer que....
Victor: que eu estou bem! olha , nem preciso daquela coisa horrenda. -- ela sorriu me olhando com as pupilas enormes. Retribui seu sorriso da mesma forma.
Victor: queria saber se posso me hospedar na sua casa por essa noite. Se não estiver com outra pessoa , é claro.
Babi: que pena , o dormitório onde poderia dormir está ocupado. -- balancei a cabeça tentando decifrar se estava brincando ou se realmente é verdade. No final ela riu , confirmando que disse apenas para ver minha cara.

Nunca foi sorteNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ