Quando Emma faz aniversário.

4.8K 404 358
                                    

A aula passa na minha frente, mas eu pouco me importo. Não podia estar prestando menos atenção. Meu lápis desliza pela página do meu caderno, rabiscando levemente as linhas em branco.

"Em?" Cat, que está ao meu lado, me chama.

"Quê?" Eu murmuro. Ao notar que o meu tom saiu agressivo e Cat está com as sobrancelhas arqueadas, eu suspiro e viro o meu rosto para ela. "Quero dizer... O que foi?"

Cat ignora a minha má vontade em manter um diálogo com ela e dá um sorriso leve. "O que vamos fazer amanhã?"

"Hum. Acordar, vir para a escola, voltar da escola, estudar, dormir." Eu dou ombros.

"Não. Em." Ela me chama novamente, me forçando a olhar para ela. Eu arqueio uma sobrancelha e ela continua. "Seu aniversário. Amanhã."

A realização de que meu aniversário de fato é amanhã me atinge, e eu fico boquiaberta. Como pude esquecer do meu próprio aniversário? É por isso que a minha mãe disse que viria para cá hoje à noite. Ela soava tão empolgada e eu fiquei confusa, mas não cheguei a questionar porque não me importei.

Era quarta feira, e toda a história com o Harry estava muito, muito recente. Eu sabia que estava perpetuando a minha dor, mas continuei a ler e reler o último poema do caderno antes de dormir, afogando meu travesseiro em lágrimas e preenchendo minha noite de pesadelos.

"Ah. Não sei. Não estou muito no clima para comemorações", eu murmuro, e o sinal toca, anunciando o final da aula. O professor pede para que recolhamos nossos testes corrigidos e eu me surpreendo com o meu A. Antes de sair da Califórnia eu estava em uma enxurrada de notas ruins e já até tinha me desacostumado com as notas boas.

"O que aconteceu com você?" Ela pergunta. "Você estava tão feliz e está tão... acabada essa semana."

Eu dou uma risada sarcástica. "Nossa. Obrigada, Cat."

"Não quis te ofender." Ela cruza os braços enquanto caminhamos para os nossos armários.

Suspirando, eu tento passar por todos os alunos que enchem os corredores.

"Eu sei. Não aconteceu nada, só estou cansada." Eu digo. É mentira, mas não quero conversar sobre Cat sobre. Não quero conversar com ninguém. Talvez, se estivesse aqui, Bea conseguiria arrancar de mim. Sinto falta dela. Nós nos falamos por alguns dias depois que eu me mudei, mas eventualmente paramos de conversar.

"Mm-hmm." Cat diz, nem um pouco convencida, mas deixando passar. "Mesmo assim, eu insisto que a gente faça alguma coisa amanhã. Quer dizer, você poderá beber legalmente! Na Europa, não aqui, mas enfim. E poderá fumar maconha em Amsterdã. E... Bem, pelo menos é um ano mais próximo dos 21!"

"Então eu poderei continuar a fazer tudo que eu já fazia antes..."

"... Só que legalmente." Cat completa.

"Na Europa." Eu adiciono, e ela ri, dando ombros.

"É. Espera! Você já fumou?" Cat pergunta, sem nem tentar disfarçar que silenciosamente me julgava sem nem saber a minha resposta.

"Ahn... O que?"

"Tudo! Cigarro, maconha, crack?" Ao mesmo tempo que me julgava, Cat parecia animada que eu havia tido alguma experiência empolgante de vida durante meus meses na Costa Oeste.

"Definitivamente não fumei crack." Eu digo, nem um pouco no clima para ter essa conversa.

"Então o resto...?" Ela arqueia as sobrancelhas e eu dou ombros. Cat fica boquiaberta e solta um riso abafado. "Meu Deus! Que rebelde."

SIX ➣ 1d fanficWhere stories live. Discover now