Quando Em escuta algo estranho.

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Chegamos em casa tarde, mas não muito. Era uma da manhã, e após meia hora tomando banho e tirando toda aquela maquiagem do rosto, eu finalmente deitei na cama. Mas algo me impediu de dormir: fome. Quase revirei meus olhos para o meu estômago. Fiquei em um casamento cheio de comida por horas e não senti fome nenhuma, mas agora que estou em casa posso ouvir meu estômago roncando.

Já de pijama, desci as escadas silenciosamente. A casa estava completamente apagada, e eu acendi as luzes da majestosa cozinha. Sabe, eu sempre cozinhei em Nova York, mas nunca tinha tocado no fogão dessa casa. Em Nova York, minha mãe sempre estava ocupada demais para cozinhar, então eu era a responsável por isso. Já agora, ela estava sempre na cozinha, e se ela não estivesse, tinha outra pessoa cozinhando.

Resolvi fritar alguns bacons e fazer ovos mexidos. No meio do processo, eu cantarolava Addicted To Love, que tinha grudado na minha cabeça desde que a dancei no casamento com Harry.

"Nossa, você realmente gosta dessa música." Ouvi a voz de Harry, e dei um pulo de susto. Meu coração estava tão acelerado pela surpresa que eu quase deixei óleo quente cair no meu pé, mas consegui segurar a fritadeira à tempo.

"Merda, Harry, que susto!" Eu sussurrei, e ele riu.

"Desculpa."

"Eu te acordei? Desculpa", eu perguntei, e ele se sentou em cima da mesa, atrás de mim.

"Não. Bem, mais ou menos. Não estava dormindo, e aí senti cheiro de bacon." Ele disse e eu sorri levemente.

"Por sorte sua, fiz a mais." Eu disse, colocando os bacons em um prato ao lado dos ovos. Levei o prato até a mesa, e tive um deja vu de quando nos beijamos ali mesmo, mais cedo. Nossa, pareciam dias atrás.

"É, também lembrei disso." Ele murmurou, descendo da mesa para sentar em uma cadeira. Eu mordi meu lábio e sentei em outra, do lado dele. Ele não pareceu rancoroso enquanto mastigava um pedaço de bacon.

"Sobre isso... Desculpa. Eu fui bem infantil." Eu disse e ele deu ombros.

"Um pouco." Ele disse, olhando para baixo.

"Não, bastante." Reafirmei.

"Eu finjo que não aconteceu se você fingir que não aconteceu." Ele murmurou e eu assenti.

"Soa bom para mim." Eu disse e ele deu um meio sorriso.

"Por que eu tenho a impressão que daqui há cinco minutos você estará arrancando um segredo meu?" Ele perguntou e eu dei uma risada. "Deve ser porque é tarde. Sempre acabo contando algo para você quando é tarde."

"Nah... Você não está bêbado. Você só me conta coisas quando está bêbado." Eu disse, e ele riu.

"Acho que eu já te contei mais coisas do que você me contou." Ele disse, e eu dei ombros. Não quis falar, mas meu cérebro automaticamente me lembrou que ele já contou muitas mentiras também. Se pensássemos assim, eu não devia nada para ele. "Sua vez de me contar um segredo."

"O que você quer saber?" Eu perguntei, dando uma garfada no ovo e passando o garfo para ele.

"Qualquer coisa que você quiser me contar." Ele disse, pegando o garfo da minha mão e dando ele mesmo uma garfada.

"Hum..." Pensei por alguns segundos. Não sabia muito bem o que dizer. Acho que eu não tinha muitos segredos.

"Qual é a sua música favorita?" Ele perguntou, vendo que eu estava com uma óbvia dificuldade. Isso não era um segredo, mas eu não iria reclamar.

"Essa é difícil. Eu amo tantas músicas. Mas ultimamente estou amando Smile." Eu disse e ele assentiu.

"Do Mikky Ekko?"

"Sim!" Respondi animada. "Você o conhece?"

"Sim, mas só de nome. Vou procurar essa música." Ele deu um meio sorriso.

"E qual é a sua?" Eu perguntei.

"Qualquer uma do Cage The Elephant." Ele respondeu. Fui transportada para quando Harry e eu cantamos Cigarette Daydreams no carro dele.

"Ouvi dizer que eles vão tocar em Nova York em Janeiro. De repente eles vem para Los Angeles..." Eu sugeri.

"Oh meu Deus, Emma, se você quer tanto me levar para um encontro, é só pedir." Ele diz e eu reviro meus olhos, mas dou uma risada. "Posso perguntar outra coisa?"

"Pode." Eu dou ombros.

"Por que você não transou com o Zayn naquele dia?" Ele perguntou, e eu respirei fundo. "Foi por causa do que eu disse?"

"Não... Quer dizer, sim, mais ou menos", eu disse, olhando para baixo. "Eu fiquei apreensiva, sei lá, desisti na hora. Fiquei com medo que você estivesse certo, que eu realmente me arrependeria."

Um momento de silêncio se instaurou até que Harry o quebrou.

"Ah. Não achei que você fosse me dar ouvidos." Ele murmurou.

"Nem eu. Eu confio no Zayn, não pense o contrário, mas, sei lá, acho que confio em você também, por mais estranho que isso seja."

"Eu confio em você." Ele disse, seu olhar subiu para o meu. "Também não sei porquê, mas confio. Parece que eu sou uma pessoa diferente quando estou com você. Bem, pelo menos quando não estamos brigando."

Com os nossos olhos conectados, eu sentia como se pudesse enxergar a alma de Harry por ali. Tão verdes, tão brilhantes.

"Metanoia." Ele falou tão baixo, que até achei que tinha ouvido errado.

"O que?" Franzi o cenho.

"Metanoia. O ato de mudar a mente, o coração ou a atitude de alguém." Ele disse, nossos olhos ainda conectados. Seu olhar era tão intenso e significante. Harry realmente acabou de me dizer que eu mudo o jeito como ele enxerga o mundo?

Senti uma urgência repentina de terminar essa conversa. Por algum motivo, eu tinha a impressão que ela já estava indo longe demais.

Desviei meu olhar do dele, e engoli em seco. "Melhor irmos dormir. Já está tarde, temos escola aman-- hoje."

Ele limpou a garganta e assentiu, se levantando. Eu levei o prato até a pia e quando me virei de novo, Harry já tinha saído da cozinha. Não consegui evitar a vertigem que me atingiu, e me encostei contra a pia. O que estava acontecendo comigo? O que estava acontecendo com o Harry?

Eu não falava com Zayn há quase um dia e, mesmo quando nos falávamos, eu sentia como se estivesse falando com uma parede. Eu ainda o amava, mas já não tinha mais certeza se ele sentia o mesmo.

Lavei o prato, ainda sem sentir sono, e guardei ele no lugar adequado. Quando olhei no relógio, percebi que eu já estava na cozinha há meia hora desde que Harry subiu. E já eram quase duas e meia da manhã. Eu precisava ir dormir agora.

Desliguei as luzes e subi as escadas silenciosamente, andando na ponta do pé até o meu quarto, mas fui impedida por algo.

Alguém falando meu nome.

Bem, não falando. Gemendo.

A curiosidade tomou conta de mim enquanto eu divergia um pouco do meu caminho e me aproximava da porta do quarto do Harry sem fazer nenhum barulho.

"Emma..." Ouvi-o gemendo de novo e tive que cobrir minha boca. Meu nome foi seguido por alguns 'ah's e 'oh's abafados. Harry estava... Oh meu Deus, Harry estava se masturbando? E pensando em mim enquanto fazia isso?

Eu não tinha a menor ideia de como digerir isso. Ele... Ele realmente se sentia atraído por mim, então?

Eu deveria sair dali, deitar na cama, e dormir. Esquecer disso. É besteira, nem deve ter sido meu nome, devo ter ouvido errado...

"Oh, Emma", ouvi novamente e... Mais alguns barulhos. Não conseguia mover meus pés. Eu sentia meu corpo todo pegando fogo enquanto eu imaginava o que Harry estava fazendo. Por que eu estou imaginando isso? Isso é tão errado. Ok, realmente preciso ir para o meu quarto. Agora.

Finalmente me movi e deitei na minha cama, mas meu cérebro só conseguia repetir o som de Harry gemendo meu nome, e eu só conseguia imaginar ele murmurando isso contra os meus lábios.

SIX ➣ 1d fanficWhere stories live. Discover now