Quando Zayn não desiste.

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A nossa próxima parada foi um tanto diferente da anterior. Na verdade, era muito diferente.

Fomos comer churros.

É, churros.

E, o que pareceu chocar Zayn demais... Eu nunca tinha comido churros antes. Aparentemente, era um crime morar na Big Apple e nunca ter comido churros antes. 

"Você é cheia de mistérios." Ele disse enquanto deslizava uma nota de vinte dólares para o senhor na barraca de churros.

"Você devia me deixar pagar por algo, Zayn." Eu disse enquanto cruzava os braços devido ao frio. O homem do churros era barbudo e eu me questionei quanto à segurança sanitária daquele alimento.

"Não mesmo, Em." Ele imitou meu tom de voz. Eu ri e balancei a cabeça.

O homem da barraca devolveu dois churros para Zayn e eu encarei o alimento, torcendo para que fosse bom. Olhando no meu relógio, era exatamente meia noite. Minha mãe não me deu uma hora para voltar, mas eu imagino que seria logo.

"Vai Em, prova. Quero ver sua reação." Zayn sorriu e eu mordi o meu lábio. O negócio parecia, sim, gostoso. E gorduroso, mas desde quando eu ligo para isso?

Me preparei e mordi um pedaço da massa recheada, provavelmente me sujando com o açúcar que caiu dela. Mas eu não podia negar: eu amei churros. Não sei como passei a minha vida toda sem comer isso. Se eu ainda estava um pouco bêbada, o açúcar cortou o álcool no meu sangue e o substituiu com pura serotonina, ou, como é mais conhecida, o hormônio da felicidade. 

"E aí? O que você achou?" Ele perguntou.

"Zayn... Isso é maravilhoso." Eu afirmei enquanto comia mais um pedaço. "Parece que eu estou descobrindo um mundo novo hoje. Boates, Bloody Mary, churros..."

Ele riu. "Fico feliz de estar presente mas suas primeiras vezes."

Eu revirei os olhos e empurrei ele, rindo. Decidimos logo que seria melhor voltar para casa. Quando terminamos de comer três churros, já era meia noite e quarenta, mais do que na hora de eu estar em casa.

A caminhada de volta para o meu prédio não foi longa; Zayn planejou todo o nosso encontro de modo que, no nosso terceiro ponto - o churros -, ficássemos à apenas duas ruas de distância do meu apartamento. Apesar de estar tarde, as ruas de Nova York ainda estavam movimentadas e o nosso caminho foi tranquilo.

"Então, que filme você vai querer assistir semana que vem?" Ele perguntou e eu balancei a cabeça, rindo.

"Não começa." Avisei-o. Lá ia ele voltar com esse assunto... Achei que tinha deixado claras as minhas intenções.

"Fala sério, Em, você acha que eu vou deixar de te levar em outro encontro só porque você vai se mudar daqui há um mês?" Ele perguntou e eu olhei para baixo. É, exatamente isso, Zayn.

"É o que eu esperava que você fizesse, mas obviamente não é o que você quer fazer." Nós nos aproximávamos mais e mais do meu prédio.

"Você se preocupa demais com o futuro." Zayn comentou, falando baixo. Eu senti meus olhos encherem de lágrimas, mas mordi meu lábio para evitar que elas caíssem. As palavras de Zayn trouxeram lembranças que me doíam profundamente.

"Você não seria a primeira pessoa a me dizer isso." Minha voz refletia as minhas quase lágrimas, mas Zayn não percebeu o meu tom.

"Do que você tem medo? Que eu esteja te usando e que vai tudo acabar quando você se mudar? Em--"

"Zayn, por favor, não vamos falar disso." Eu mantive meu olhar baixo e nós chegamos na frente do meu prédio. Algumas luzes ainda estavam ligadas nos apartamentos, mas a minha não. Agradeci mentalmente, pois algo me dizia que eu iria chegar lá em cima em prantos.

"Em--" Ele começou, mas eu interrompi-o.

"Não, Zayn." Eu disse, olhando para todos os lugares menos para ele. "Do que eu tenho medo? De me apegar. Eu vou me mudar para o outro lado do país em quatro semanas e não, não quero ter mais uma razão para me lamentar por isso. Desculpa, Zayn, mas eu não posso fazer isso."

Ele não disse nada, só olhou para baixo lentamente e balançou a cabeça.

"Obrigada pelo encontro. Eu namorei o mesmo cara por dois anos e você conseguiu superar todos os meus encontros com ele em apenas um. Hoje talvez tenha sido a melhor noite da minha vida." Eu disse e ele assentiu lentamente, ainda olhando para o chão. Não consegui evitar que uma lágrima deslizasse pelo meu rosto lentamente antes de me virar para entrar no prédio. "Você merece alguém melhor, Zayn. E você vai encontrá-la." Eu tentei sorrir e ele levantou o rosto para me encarar.

"Tentar se diminuir não vai melhorar em nada... Acho difícil que exista alguém melhor do que você." A voz dele era magoada. Ele caminhou até mim com um olhar rígido e determinado. Tão determinado que eu comecei a recuar até que bati em uma parede atrás de mim. Zayn parou na minha frente, seu rosto tão perto de mim que eu podia sentir sua respiração colidir com a minha. "Eu ainda não desisti, Em."

Ele vai me beijar.

Ai meu Deus, ele vai me beijar.

É isso que ele quer dizer; ainda não desistiu do plano de me beijar no final da noite. Tem que ser isso. Ele está quase que me imitando quando provoquei-o na boate. "Você desistiu?"

Parte de mim queria desejá-lo boa noite e sair correndo para dentro do prédio; beijá-lo só ia tornar as coisas piores.

Porém, não sei a quem culpar quando meus pés ficaram plantados no chão e meus olhos grudaram nos de Zayn. Talvez os hormônios. Quando senti seu rosto se aproximar mais ainda, eu fechei meus olhos, me preparando para o beijo que estava por vir.

Meu coração corria e minhas mãos suavam. E, finalmente, Zayn pressionou seus macios lábios contra... A minha testa.

Ele beijou a minha testa.

Que porra é essa?

Confusa, eu abri meus olhos assim que Zayn tirou seus lábios da minha pele e recuou um pouco, olhando nos meus olhos novamente. O castanho claro da sua íris estava escurecido, e nenhum rastro de risos passados apareciam em suas feições. Seus olhos divergiram entre os meus castanhos e a minha boca. Zayn recuou mais e saiu andando pelas ruas de Nova York, mas não antes que pudesse olhar dentro da minha alma e dizer:

"Eu nunca vou desistir de nós dois."

SIX ➣ 1d fanficWhere stories live. Discover now