Quando alguém senta no lugar de Cat.

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A minha segunda-feira começou com a aula que eu mais detestava: Espanhol. Não que eu queira me gabar, mas eu sou muito inteligente e esforçada. Se eu não entendo alguma matéria, eu estudo-a até entender. Mas eu simplesmente não conseguia fazer isso com Espanhol.

Além de ser uma disciplina que eu não gostava, era a única aula que eu e Louis ainda tínhamos juntos depois dele ter repetido de ano. Espanhol era a sua disciplina favorita.

Isso nunca fez muita diferença para mim; eu simplesmente ignorava a sua presença, ou pelo menos tentava. Ele não parecia ligar muito para mim também e o único momento que eu ficava movida por isso era quando ele aparecia com uma namorada nova e fazia questão de beijá-la na minha frente. Mas eu sabia muito bem que essa segunda seria diferente. Eu queria que fosse diferente, pelo menos. Ele não tinha explicado ainda a situação de sua mãe e eu realmente queria saber mais sobre ela.

Eu cheguei cedo na aula e ocupei o meu lugar de sempre - era a única aula na qual eu não sentava na primeira carteira, e sim na última. Coloquei a minha mochila no assento ao lado (nossas mesas eram organizadas em duplas) para reservá-la para Cat e coloquei os fones de ouvido. Fechando os olhos, acabei caindo no sono antes da aula começar.

Acordei com algumas cutucadas no braço e estava pronta para levantar e xingar Cat, mas me surpreendi quando vi que não era ela quem ocupava o lugar ao meu lado, e sim Louis. A sala já estava cheia e a professora ainda ausente, mas parecia que não era só eu que estranhava a proximidade de Louis; todos tentavam disfarçar, mas era óbvio que estavam nos encarando.

"Oi," ele cumprimentou, um sorriso pequeno no rosto. Eu sorri levemente de volta.

"Oi, Louis."

"Desculpa te acordar. Eu sei que você odeia ser acordada." Ele disse.

"Tudo bem. Obrigada, se não eu perderia a aula." Eu agradeci e ele assentiu. Sendo sincera, eu só tinha agradecido devido a nossa cordialidade. Eu realmente estava pronta para xingar Cat por ter me acordado. "Como vai a sua mãe?"

O meu tom era cauteloso, porque, até onde eu sei, o estado dela era ruim.

"Ah, na mesma. Ela... Ela finge que está bem, mas o médico disse que ela terá que operar os tumores. O câncer dela voltou, mas agora é no abdômen." Ele explicou, seu tom de voz baixo, e eu assenti lentamente. "As chances dela são baixas. Se ela sobreviver à cirurgia, vai ter que fazer quimioterapia pelos próximos anos. Mas as chances dela são muito, muito baixas. 12%, no máximo."

Eu não pude evitar apertar a mão de Louis e dar um pequeno sorriso reconfortante.

"Vai dar tudo certo, Louis. Ela é muito forte. Ela passou por isso uma vez, e sobreviveu. Ela vai conseguir." Eu disse e ele assentiu, olhando para baixo. "Posso ir visitá-la algum dia?"

"Claro. Ela adoraria te ver. Sua mãe foi lá ontem enquanto trabalhava, mas eu já estava de saída." Ele manteve seu olhar baixo. "Eu imagino que você tenha contado para ela."

Eu hesitei ao responder. "Ah, sim, mas só sobre a sua mãe."

Louis assentiu lentamente e levantou o olhar, de modo que os nossos conectaram-se.

"Em, desculpa por--"

"Abram os seus livros na página 58, agora!" A professora de Espanhol, Senhora Garcia, gritou assim que entrou na sala, interrompendo Louis. "Agora!"

Eu bufei. Sempre um ótimo jeito de começar a semana, com uma professora ignorante gritando no seu ouvido. Os olhares divergiram de mim e Louis para cumprir as ordens da professora, mas o de Cat - que agora sentava no lugar original de Louis -, ainda me perguntava o que estava acontecendo. Eu dei ombros, sem saber o que dizer. Era óbvio que Louis queria manter o câncer de Maggie um segredo, e Cat era extremamente fofoqueira. Eu não contaria isso para ela, nem para ninguém.

"Em, eu--" Louis tentou dizer, mas foi novamente interrompido pela professora, que se aproximava demais das nossas carteiras.

"Ah, chico, vejo que você e Emma voltaram. Talvez as notas dela subam novamente, agora." Ela comentou e eu me segurei apara não revirar os olhos.

"É Em." Eu murmurei.

"O que foi isso, señorita?" Ela perguntou.

"Prefiro que me chamem de Em, e eu e Louis não 'voltamos'." Eu fiz aspas com os dedos. Era óbvio que todos da sala nos encaravam agora e eu pude ver Louis mordendo o lábio em nervoso.

"Ah, señorita, você ficaria impressionada com a velocidade com que um tapa se transforma em um beijo." Sra. Garcia ecoou, virando-se de costas e andando para a frente da sala. Eu e Louis coramos intensamente e a sala virou uma erupção de cochichos. Eu puxei o meu cabelo para trás, ainda sentindo minhas bochechas queimarem em vergonha. Não sei o que era pior - o fato dela ter falado isso na frente de todo mundo, ou o fato de que o tapa já havia se transformado em beijos.

Foi a aula mais lenta da minha vida. O tempo de cinqüenta minutos se estendeu por o que parecia um século. Eu e Louis não trocamos uma palavra, mais porque sabíamos que a professora não tolerava uma palavra em sua aula. Ao passo de que fomos liberados, eu peguei os meus livros e cadernos, preparando-me para ir para o meu armário, mas Louis pegou os livros e cadernos das minhas mãos.

"Eu carrego para você." Louis disse e eu ri levemente.

"Não precisa. Você também precisa ir no seu armário." Eu disse, pegando meus livros de volta. Louis abriu a boca para dizer algo, mas logo desistiu e contentou-se em concordar.

"Te vejo no intervalo?" Ele perguntou e eu dei ombros.

"Claro." Respondi e ele sorriu, assentindo. Logo Louis sumiu pelo mar de pessoas que ocupavam o corredor e eu segui para o meu armário. Não me surpreendi quando vi Cat esperando na frente do mesmo. Ela me encarava com um sorriso recheado de expectativas e eu balancei a cabeça, rindo.

"Oi, Em. Você quer me explicar porque céus eu tive que sentar do lado do amigo muito-gato-porém-que-namora do Louis enquanto vocês dois conversavam?" Ela sussurrou enquanto eu pegava meus livros.

"A gente se acertou no final de semana, e agora ele quer que nós sejamos amigos de novo, aparentemente." Eu informei-a, sem me preocupar em dar detalhes. A boca de Cat não ficava fechada por mais de cinco minutos e eu definitivamente não queria que a escola toda soubesse sobre os acontecimentos do final de semana entre mim e Louis.

"Só amigos?" Ela arqueou uma sobrancelha.

"Espero que sim." Eu ri levemente, mesmo que eu soubesse que Louis queria mais que só uma amizade. Eu não estava disposta a dar nada mais que isso para ele.

"Hum. Como foi a viagem?"

"Péssima, como eu esperava. Já odeio a minha 'nova família'." Eu revirei os olhos ao lembrar de Harry e suas mentiras e insultos.

"Eles são irritantes?" Ela perguntou e eu assenti.

"Um dos meus 'irmãos' é a pessoa mais irritante que eu já conheci na vida." Eu reclamei e ela riu levemente.

"Qual é o nome dele?"

"Harry Styles." Eu disse e vi o rosto dela se alterar no segundo.

"Eu conheço esse nome! Minha irmã ficou com ele quando passou um semestre na UCLA." Ela riu e eu tentei segurar o meu vômito. Eu questionaria como alguém poderia se quer deixar Harry encostar no seu corpo, mas era óbvio que se ele fosse um pouco menos irritante, ele seria extremamente atraente. Até o desprezo que ele tinha sobre tudo e todos era um pouco sexy.

"Que nojo." Eu murmurei e ela riu.

"Ela quase ficou depressiva depois. Ele transou com ela e nunca mais ligou, nem nada assim. Mas ela foi idiota, é só olhar para cara dele que você sabe que não deveria confiar num cara desses. Apesar dele ser o cara mais gato da Califórnia, ele também é o mais galinha." Cat concluiu logo antes do sinal tocar. Nós caminhamos juntas para a sala da nossa próxima aula.

"Eu odeio ele. Ele faz de tudo para me perturbar, sério. Não sei como vou agüentar naquela casa, sem você, sem Nova York, sem o Zayn..." Eu divergi.

"Uhhh, Zayn!" Ela bateu palmas baixo, rindo. "As coisas estão ficando sérias entre vocês, hein?"

Eu ri e balancei a cabeça. "É, mais ou menos."

Ela sorriu maliciosamente e nós entramos na sala de Cálculo II, preparadas para sofrer em nome de um futuro melhor - que, no meu caso, era Yale.

SIX ➣ 1d fanficDonde viven las historias. Descúbrelo ahora