Quando Em vai ao hospital.

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"Em!" Eu ouvi uma voz familiar me chamar. Organizando os meus livros e cadernos na mochila, pronta para ir para casa, eu virei para encarar Louis, que corria em minha direção, passando pelo corredor cheio. Eu ri rapidamente da situação; se não fosse tão tosco, seria uma cena de filme. "Que bom que você não foi embora. Eu estou indo no hospital agora, se você quiser ir comigo."

Por mais que eu tivesse planos de estudar intensamente durante a tarde e compensar o meu final de semana, visitar Maggie era mais que uma prioridade.

"Claro. Seria um prazer." Eu sorri levemente e ele sorriu de volta. Nós pegamos o metrô até o hospital no qual a mãe de Louis estava hospedada, e eu tive memórias ruins imediatamente. Tudo me lembrava do primeiro câncer de Maggie, era como se nada tivesse mudado ali.

As paredes ainda eram brancas e em cores pasteis, os doentes ainda se espalhavam por todos os cantos. Idosos quase que esqueléticos eram alimentados constantemente por soros móveis, e tudo me fazia querer chorar. Eu obviamente não podia fazer isso; não só por Louis, mas também por mim. Eu era mais forte do que isso.

"Ei," Louis me chamou e eu olhei para cima. "Eu sei que é ruim. Eu também tenho as mesmas lembranças que você. Mas ela não iria querer te ver triste."

Eu assenti lentamente. "Eu sei. Não vou deixá-la me ver triste, prometo." Foi a vez de Louis assentir. Ele estendeu a mão para mim e eu hesitei, mas segurei-a enquanto ele me guiava até a recepção, e depois até o quarto onde sua mãe estava internada.

"É bem ruim. Ela não vai sair daqui tão cedo. Só pra você saber e não... Sei lá, criar falsas esperanças." Ele deu ombros e eu concordei silenciosamente. Louis abriu a porta do quarto e eu encontrei uma visão muito semelhante á que me perseguia na adolescência. O quarto era o mesmo, e Maggie era a mesma. O pai de Louis, Adam, estava sentado ao lado da cama, segurando a mão de Maggie enquanto dormia em uma posição que parecia bem longe de ser confortável.

Maggie parecia, como o esperado, fragilizada, mas ainda tentando manter a sua pose de mulher forte e imponente. Seus olhos estavam fundos e cercados por olheiras escuras. Ela estava pálida e sua boca, seca. Não era uma visão que eu queria voltar a ver.

"Em!" Ela exclamou ao me ver, abrindo um sorriso de imediato. Eu sorri de volta, andando até a beira da sua cama. O pai de Louis levantou o olhar, bocejando e sorriu para mim também. "Não esperava te ver por aqui, florzinha."

Eu sorri, segurando na mão que ela me estendeu e depositando um beijo ali. Eu sabia os procedimentos do hospital bem até demais; o mínimo de contato entre os doentes e as pessoas de fora. Nossos germes poderiam passar para eles e serem letais, já que a maioria estava tão fraca.

"Eu nunca deixaria de vir te ver, Maggie. Como você está?" Eu perguntei e ela sorriu ainda mais.

"Até que enfim Louis deu uma dentro e te trouxe até aqui. Estou falando para ele fazer isso desde sexta." Ela disse e eu ouvi Louis bufar atrás de mim. Ele tinha sentado em uma das cadeiras que ficavam encostadas na parede. "Ele precisa de mais apoio do que eu. E eu sei que só você poderia dar isso pra ele." Ela sussurrou e eu hesitei em pé, mordendo o meu lábio.

"Eu estarei aqui para o que vocês precisarem mas, infelizmente, vou me mudar em duas semanas." Eu puxei o cabelo para trás com a mão, ficando desconfortável com o tópico de mim e Louis e também o tópico da minha mudança.

"Sua mãe me disse. É uma pena, mas será um bom recomeço para você, florzinha. Você merece um recomeço depois... Depois de tudo que você passou." Maggie sorriu levemente e eu quase pude ouvir Louis engolir em seco. "Desde o seu pai até tudo que aconteceu com você e Louis, você merece um recomeço."

Foi a minha vez de engolir em seco. "O-Obrigada, Maggie."

"Pensa só, você será uma socialite lá! Vai viver como os ricos e os famosos." Ela disse e eu ri, balançando a cabeça.

"É, talvez seja legal. Mas eu vou sentir saudades de Nova York, e de vocês." Eu sorri. O pai de Louis já estava apagado no sofá, mas eu podia sentir o olhar de Louis quase queimando as minhas costas.

"Nós também vamos, Em. Você sabe que sempre será parte dessa família, não é? Não importa se você e Louis estão juntos ou não, ou se eu ainda estiver viva ou não..."

"Mãe." Louis disse, sua voz falhando no meio. Era óbvio que seu tom era carregado de lágrimas presas. Eu tive vontade de correr para ele e abraçá-lo, mas eu mantive a minha posição.

"É verdade, Lou. Em, eu sempre te amarei como uma filha." Maggie disse, lágrimas saltando dos cantos de seus olhos.

"Mags, eu não vim aqui me despedir." Eu briguei, lutando contra as minhas próprias lágrimas. Foi em vão; elas já pintavam as minhas maçãs do rosto e caíam no meu decote.

"Eu sei, meu amor. Não é uma despedida. Eu só aprendi a dizer eu te amo todos os dias, porque... Porque amanhã pode ser tarde demais."

Eu queria desmoronar e xingar Deus e o mundo por fazer isso com uma alma tão boa quanto a de Margaret. Mas nada disso mudaria o fato de que ela estava aqui, e que ela estava mais perto da morte que nunca. Mesmo no seu primeiro câncer, suas chances de sobrevivência eram sempre altas. O mínimo que ela teve foi de, aproximadamente, 35%. Agora ela tinha 12%, e isso era menos da metade do pior dia dela há três anos atrás.

Eu queria manter a esperança. Eu sabia que todos queriam. Mas quando eu me virei para encarar Louis e seus olhos mareados, eu sabia que estávamos muito longe de esperançosos.

SIX ➣ 1d fanficWhere stories live. Discover now