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Era dia 13 de dezembro, o dia que ficaria marcado pelo meu encontro com o homem que em tempos foi o grande amor da minha avó. 

Eram por volta das 10:30 e decidi tomar rapidamente o pequeno-almoço, nada muito elaborado pois teria de apanhar o comboio das 11:10 para conseguir chegar à localidade vizinha de Varsóvia, Wolomin, onde morava Heinz Brauer. Assim que pude fui para a estação de comboios para não perder o mesmo, o cansaço era visível em mim, não tinha dormido nada na noite passada e apenas observava com atenção a fotografia que trouxe da minha avó quando esta tinha chegado aos Estados Unidos conseguindo ver as semelhanças entre mim e ela.

Por fim, o comboio chegou e entrei no mesmo sentando-me na janela para ser capaz de apreciar as vistas, imaginava na minha cabeça como poderia ser este dia e os nervos aumentavam a cada minuto que passava, a viagem não seria muito longa e fui a mesma a ler novamente aquela carta que a minha avó me entregara naquele dia no hospital, não demorou muito até chegar à paragem de Wolomin, cerca de 15 minutos nem isso, mas assim que sai do comboio fiquei perdida por momentos acabando por ser ajudada por um taxista que se ofereceu para me levar onde eu quisesse, entrei no táxi dando-lhe a morada seguindo logo o seu caminho por entre as ruas daquela localidade até que por fim parou, paguei-lhe saindo do veículo ficando a observar a rua onde me encontrava seguindo pelas escadas até à porta que procurava, hesitei por momentos a bater na porta acabando por o fazer esperando algum tempo ficando a observar a rua onde me encontrca

-Quem é? (o que estiver em itálico neste momento é aquilo que supostamente é dito em polaco)

-O meu nome é Madison, Madison Anderson e procuro um Heinz Brauer. Ele vive aqui?- disse ouvindo a porta por fim abrir-se dando a ver um homem com uns olhos azuis profundos que acabara de vestir uma simples t-shirt branca e que me observava de cima a baixo.

-O que precisa?

-Preciso de falar com ele, é possível? Diga-lhe que é sobre Eleanor Smith....quer dizer...Eleanor Freud. Por favor, preciso de falar com ele e eu não vim desde Nova Iorque para ouvir um não como resposta.

-Avô? Você conhece alguém chamado Eleanor Freud?- o mesmo homem que se encontrava à minha frente gritou para dentro daquela casa não demorando a receber resposta a qual não percebi.- Isto é sobre o quê?

-Posso entrar Mr....?

-Sebastian, Sebastian Brauer. Entre por favor. O meu avô encontra-se ali ao fundo. Eu já volto.- o tal de Sebastian Brauer disse deixando-me sozinha e segui por um pequeno corredor até à sala no fim do mesmo vendo um senhor já de idade avançada sentado à frente da fogueira, aproximei-me do mesmo para o cumprimentar e este quando me viu ficou parado, como se tivesse congelado no tempo até que o seu neto entrou tirando a sua atenção.- Esta é a Madison Anderson. Ela diz que precisa de falar consigo. Não te preocupes, ele fala inglês.- Sebastian disse-me sentando-se no sofá do outro lado da lareira e sentei-me junto do senhor que agora tinha toda a sua atenção em mim.

-Eu...Eu sou neta de Eleanor Freud e....

-Ela está bem?- a esperança na sua voz fez-me sentir insegura da minha resposta desviando o olhar para a lareira, já não tinha a certeza se devia fazer isto.

-Adoraria dizer que sim mas infelizmente faleceu há cerca de um mês atrás e pediu-me para lhe trazer algo...- ia a continuar a frase quando fui interrompida pela voz rouca e cansada de Heinz que perguntava sobre tudo o que aconteceu à minha avó depois da guerra.

-Ela foi feliz na América? Ela foi feliz depois de tudo o que passou?- ouvi-o perguntar e olhei para o mesmo vendo algumas lágrimas se formarem nos seus olhos.

O segredo de BełżecOnde histórias criam vida. Descubra agora