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4 de fevereiro de 1943

Varsóvia, Polónia

Os dias iam passando a tortura da guerra aumentava, não receber notícias da família matava-me interiormente, ter-me afastado de Eleanor matava-me psicologicamente, mantinha-me longe para diminuir as suspeitas de Adam sobre a minha relação com Eleanor e sempre que me encontrava perto dela mantinha a postura rija como era inicialmente, eu via por vezes no seu olhar que isso a entristecia, talvez ela pensasse que eu estivesse a brincar com ela, que não passava de uma simples distracção e isso destruía-me por dentro.

-Soldado Brauer, pode chegar ao meu escritório? Tu chama-me o número 3429.- disse e caminhei até o escritório do general, entrei mantendo-me de pé até que vi Eleanor entrar, o seu corpo estava encolhido, com medo e para ser sincero também estava, não sabia o porquê de estar ali.

-O que faço aqui?

-Temos uma testemunha que diz que você e esta judia andam envolvidos sendo isso contra as ordens do nosso führer, é verdade?

-Quais são as consequências das respostas?

-Se o negar ela sofrerá aqui mesmo à sua frente, ainda é nova, ainda pode trabalhar, caso contrário se afirmar você a matará...De uma maneira ou de outra ela iria acabar por morrer, não é Brauer?...Conhece-a ou não conhece Brauer?- o mesmo disse e desviei o olhar até Eleanor que se encontrava com a cabeça virada para o chão tentando não chorar e voltei a olhar para o general à minha frente.- Não a conheço.

-Muito bem... Tirem lhe a roupa.- ouvi-o dizer e vi-o desapertar o cinto tirando-o das calças e aproximando-se de Eleanor.

Este balançou o objecto na sua mão acabando por acertar em cheio nas costas da mesma que tentou disfarçar a dor, o cinto voltou a acertar-lhe e a mesma mordia o lábio para não gritar, as chicotadas continuaram por mais demorosos minutos até que este se cansou, atiraram com a roupa de Eleanor puxando-a para fora do escritório e pouco depois sai eu, segui os soldados que levavam Eleanor até que a atiraram para a sua zona como se não passasse de um animal, deixei os mesmos afastarem-se e aproximei-me da cabana onde a mesma dormia, abri a porta sussurrando o seu nome e ouvi um choro vindo de fora do local, dei a volta ao mesmo encontrando a minha pequena Eleanor encostada à parede agarrada à sua roupa, agacho-me à sua frente tocando levemente no seu braço mas a mesma afasta-se.

-Ele...

-Afasta-te!- ela gritou mas quase sem forças dando-me um aperto no coração ao vê-la assim.

-El...

-Deixa-me!

-Eu fiz aquilo para te proteger, se dissesse que sim estarias morta Eleanor! Por favor perdoa-me.

-Não...Tu fizeste aquilo para te salvar...

-A mim e a ti, pára de ser tão dura...Anda comigo.- disse levantando-me e esticando-lhe a mão que a mesma hesitou a pegar acabando por o fazer, vesti-lhe levemente a túnica levando-a até a enfermaria mais próxima, tranquei-nos dentro da mesma e coloquei-a sobre a maca procurando algo para desinfeccionar a ferida, retirei-lhe novamente a túnica colocando álcool sobre a ferida fazendo-a estremecer, tratei da mesma e quando acabei voltei a vestir-lhe a túnica ficando frente a frente com ela ficando a observá-la por algum tempo.

-Obrigada...

-Era o mínimo que podia fazer Eleanor. 

O segredo de BełżecWhere stories live. Discover now