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O jejum acabou

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O jejum acabou.

ㅡ Desgraçado, né? ㅡ meu pai olhou pra mim e estalou a língua me fazendo rir.

ㅡ Ele é muito decisivo. ㅡ neguei com a cabeça enquanto assistia sua comemoração.

Bateu no escudo, falou que estava ali e ergueu os braços como sempre. Faltou só o gesto de silêncio pra completar o combo.

Eu sabia bem o que ele tava sentindo ali. Sabia que esse tempo todo sem marcar gols estava o incomodando porque ele deixava isso claro pra mim toda vez que tinha oportunidade, e quebrar esse jejum num clássico era exatamente o estilo Gabriel Barbosa, o estilo do desgraçado do Gabigol.

ㅡ Que sorriso besta é esse aí? ㅡ o mais velho apontou o dedo pra mim antes de cruzar os braços com uma carranca no rosto. ㅡ Tá virando Flamenguista, porra?

Olhei pra ele confusa.

ㅡ Tá maluco? O meu sorriso não tem nada a ver com o jogo.

Tem a ver com o jogador.

E com esse "tem a ver com o jogador" eu quero dizer que fico feliz que ele esteja conseguindo atingir o que tanto se esforça pra fazer, não que gostei do time que ele joga ter ganhado de outro time que eu odeio. Como hoje nós temos uma amizade, é natural que eu fique feliz com as conquistas dele.

Mas como falar isso pro maior hate de Gabigol sem que ele me interprete mal? Impossível.

Por isso fiquei quieta até o jogo acabar e bom, tínhamos combinado de secar o Flamengo juntos mas não funcionou. No final, ficou 2x1, após várias e várias defesas absurdas do Hugo.

Sim, do Hugo.

Minutos após o término do jogo eu já estava no meu quarto e me perguntei porque, numa rapidez absurda, eu peguei meu celular e abri em seu chat.

Conto pra ele que fiquei até tarde secando mas que não havia adiantado e o parabenizo pelo gol. Ele agradece e pergunta se fiquei secando ou torcendo. Eu solto uma risada daqui e digo que o único momento em que eu torci foi pra que o gol dele não entrasse.

Ele manda um áudio. Eu dou play. O bebê chuta.

Quando conto isso pra ele e mando um vídeo dos chutinhos, ele me responde com um "tô indo aí."

Aí não. Ele tá louco? Já não basta aquele dia que ele apareceu aqui até com o cachorro. E também teve outro dia que ele pulou a minha janela após um jogo ruim. E também um dia que eu o chamei porque tava me sentindo sozinha...

Se ele viesse hoje, só essa semana já seria a segunda vez. E se for contar com semana passada, seria a quinta.

O celular ascende de novo.

"E vê se troca esse shortinho, não aguento mais ele desde lá de casa."

Soltei uma risada ao lembrar do quanto ele reclamava e acabei por lembrar de outras coisas também...

Pregnant | GabigolOnde as histórias ganham vida. Descobre agora