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Eu geralmente fico no modo automático em finais

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Eu geralmente fico no modo automático em finais.

Não costumo enxergar nada que esteja fora das quatro linhas, não sinto nada que esteja fora das quatro linhas, não penso em nada que esteja fora das quatro linhas. Sou só eu, a rede, meus companheiros e a bola.

Faço tudo no automático quando o juiz apita o final do segundo tempo e o início da cobrança de pênaltis. Não tô pensando em nada enquanto pego a garrafa de água e molho minha boca, e só começo a focar em alguma coisa quando a gente se reune numa roda pra decidir as coisas. O Dorival nos passa algumas orientações, o David fala algumas coisas, mas eu só consigo pensar no momento em que vou pegar naquela bola e marcar o meu gol. O gol que eu perdi duas vezes hoje.

Eu geralmente fico puto quando perco alguma chance clara como aconteceu hoje, mas sempre escolho respeitar o processo e esperar. Sei que tudo acontece por algum motivo, e hoje em especial, tenho sentido isso mais forte.

A disputa começa. O Fabio Santos pega a bola, o Santos se posiciona e o nosso grupo se abraça, se tornando um só. Um só time com um só objetivo.

O Santos até vai pro lado certo mas não dá. Gol deles.

Não sei se é bom ou ruim esse modo automático, porque não consigo sentir nem ouvir nada ao meu redor. Só consigo pensar no momento em que eu vou chutar aquela bola.

É a vez do Filipinho. Sei que meus companheiros estão tranquilos porque... porra, é o Filipinho. O cara mais experiente de nós todos. Mas para o motivo do nosso choque ele faz o inesperado, e o Cássio defende.

É complicado. Perder o primeiro pênalti é complicado. Mas sei que ainda temos chance.

O autor do gol de empate é o próximo, e o Santos não tem nem chance. A bola balança a rede com força.

2x0

O silêncio entre nós é ensurdecedor enquanto o David puxa a responsabilidade pra si. Tínhamos decidido que eu cobraria o último.

A cobrança é linda e nós comemoramos quando a rede balança. É David Luiz, em 2014 você disse que ainda faria o torcedor brasileiro sorrir. Pronto, tá aí. Conseguiu o que queria.

Renato Augusto vai pra cobrança e escolhe o simples: a batida arroz e feijão no meio do gol, deslocando o goleiro e convertendo com sucesso. Do nosso lado o Leo Pereira é o próximo. Confio nele, porque pelo menos nos treinos a canhotinha dele é certeira. Assim como o jogador anterior, ele também escolhe o meio do gol e converte lindamente.

Ainda estamos em desvantagem quando chega a vez do Fagner, mas o histórico dele me deixa tranquilo. 2016 e 2018, uma cobrança na trave e um chute pra fora. Em contrapartida, foram sete pênaltis convertidos, aí dá pra colocar uns 70% de aproveitamento? Os números são desiguais e existe 20% de chance dele errar. E ele erra. A bola bate no travessão, assim como em dois mil e dezesseis.

Pregnant | GabigolOnde as histórias ganham vida. Descobre agora