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Já tinha alguns anos que eu não chorava

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Já tinha alguns anos que eu não chorava.

Desde a libertadores de 2019, para ser mais específico. E todas as vezes em que eu me emocionava, o futebol estava envolvido. Mas hoje? Hoje o que me desmontou foi um serzinho de 48 centímetros. Gordinha, brava e linda.

Não sei descrever o que eu senti quando peguei aquele pacotinho rosa pela primeira vez, mas parecia que eu sabia exatamente o que fazer. Parecia que eu sabia o que era ser pai. E eu sabia também que a partir daquele momento, eu faria de tudo por ela. Qualquer coisa.

Por sempre ter tido vontade de ser pai, achei que sabia exatamente como ia me sentir quando isso acontecesse, mas agora vejo que eu não tinha nem um por cento da noção. É muito mais forte do que qualquer outra coisa que eu já pude sentir. Ao ponto de eu me sentir vazio quando a médica a levou pra pesar, medir e colocar a roupinha que ela está vestindo agora.

Esse pingo de gente me tem na palma pequena da mãozinha dela. E eu só espero que ela demore um pouco pra descobrir isso...

Eu me inclino mais um pouco sobre o bercinho transparente e apoio meu rosto em cima dos braços, conseguindo ter uma visão melhor dela.

A chupeta balançava na boquinha dela e eu só estava esperando a Mariana terminar o banho pra abrir a cortina do quarto e apresentar minha filha para as pessoas mais importantes da minha vida. Queria que todos eles pudessem ver o quanto ela é linda, e o quanto eu estou feliz.

Não consigo tirar meus olhos dela. E é louco que ela tenha os traços de como sempre a imaginei. Uma cópia da Mariana misturada comigo. As covinhas da Mariana que eu sempre disse que ela ia ter. A curvinha do nariz que a gente sabia que ela ia ter. A sobrancelha grossa, com pelinhos finos que se espalhavam pelo rosto e se misturava com o montão de cabelo que ela tinha. A boquinha desenhada igual a minha, o olhar extremamente parecido com o meu. As bochechas grandes... era simplesmente o conjunto das coisas mais lindas que eu já tinha visto em toda a minha vida.

Não resisto ao impulso de esticar minha mão e encontrar a sua. Ela tá dormindo desde que terminou de mamar, o sono parece pesado, e quando meu polegar encosta as costas da mãozinha dela, o corpinho pequeno treme um pouco pelo susto.

ㅡ Desculpa. ㅡ sussurro.

A mão dela envolve meu dedo rapidamente, e sei lá... embora ela tenha nascido há pouco mais de uma hora, tenho a sensação de que já nos conhecemos há muito tempo.

Ouço a porta do banheiro se abrir e transfiro meu olhar pra lá, vendo a Mariana sair. Me assusto um pouco ao ver que não tem mais um barrigão dentro da camisola que ela está vestida, eu nem lembrava mais de como ela era sem a barriga, mas abro um sorriso porque ela continua linda.

O cabelo tá molhado, caindo sobre os ombros dela, e agora a cara de dor sumiu. Ela não tá mais pálida, tá serena. E me parece perfeita.

ㅡ Gabriel, pasme, se você sair daí ela não vai sair correndo. ㅡ ela brinca, me fazendo rir.

Pregnant | GabigolWhere stories live. Discover now