2 - Luke

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Por que diabos fui pegar essa garota?
Deixei a faca que usei para cortar a mordaça perto dela, e a porta do meu quarto aberta quando fui dormir, justamente para ver ser ela tentaria algo, mas ela está tão assustada que mal consegue falar.

Ter ela aqui será útil, é o que repito para tentar me convencer, mas a verdade é que provavelmente ela vai me atrapalhar bastante.

Acordei cedo para resolver um "negócio" e vejo ela apagada no sofá, com uma das mãos em cima de uma mancha de sangue na camisa. Ela provavelmente está ferida, quando estiver mais calma a faço me contar o que aqueles dois cretinos fizeram.

Eu só não os matei ainda pois me deviam muita grana, porém agora a dívida estava paga, me pagaram com a garota... não havia mais nada que os prendessem à vida.

Odeio estupradores!

Esperei que ela acordasse e lhe dei algumas regras para que não fique em meu caminho e me seja razoavelmente útil, lhe emprestei algumas roupas pois as dela estavam imundas e não queria que sujasse meu sofá.

Saí para resolver meu assunto pendente e a tranquei para que não tentasse fugir. Eu poderia libertá-la, mas ela me custou uma boa grana.

Peguei o elevador e passei pelo porteiro, que apenas fez um aceno com a cabeça em minha direção. Ele não sabia meu nome, eu não sabia o dele, ele também não fazia perguntas, pois essa era a condição para continuar trabalhando nesse prédio, e ser demitido significaria sua morte.

Hoje eu não pegaria meu carro, o local pra onde eu me dirigia era próximo. Um galpão abandonado onde eu mantinha minha atual vítima presa. Um homem que estuprou e matou a própria enteada.

A polícia não o pegou.... então eu o fiz.

Ao ouvir meus passos ele gemeu e arrastou as correntes que estavam lhe prendendo.

- Por favor! - Implorou.

Me pergunto quantas vezes a pobre garota de apenas dez anos pediu por favor antes que ele lhe cortasse a garganta.
O cheiro de urina e sangue invadiu minhas narinas, eu queria eliminá-lo logo, mas precisava fazer com que sofresse antes. Talvez daqui a dois ou três dias...

Tirei minha faca do bolso decidindo o que eu poderia arrancar dele agora. Mais dedos? Uma mão inteira? Bom, eu teria um longo dia para me decidir.

Quando a tarde chegou, meu colega desmaiou pela quinta vez e não voltou a acordar. Deixei os pedaços arrancados de seu corpo ao seu alcance, provavelmente esse fudido os comeria, se tivesse coragem suficiente.

Troquei as roupas sujas de sangue por roupas limpas que havia levado, não é ideal andar por aí ensanguentado, mesmo nessa cidade de merda sem segurança nenhuma.

No caminho para casa lembrei da garota. Garotas precisam de coisas de garotas, não é? Abaixei meu capuz e entrei em uma loja de variedades. Peguei absorventes, chinelos e uma calça qualquer. Sei lá o tamanho dela, isso aqui deve servir. Tomei o cuidado, como sempre, de fingir uma tosse para que não estranhassem minha máscara.

Ao chegar no prédio e apertar os botões do elevador reparei no sangue seco em minhas mãos. O atendente da loja não reparou, ou não disse nada, mas eu não queria que a garota assustada em minha casa me visse sujo de sangue. Ao entrar em casa me distraí por um segundo ao vê-la usando minha camiseta, mas voltei a mim bem rápido, joguei a bolsa com as compras ao lado dela no sofá, perguntei sobre o jantar e fui logo para o banho. Era bom que ela estivesse assustada demais para me olhar.

Depois de tomar banho e me vestir entrei na cozinha e senti um cheiro ótimo. Vi que ela estava servindo uma lasanha e fiquei razoavelmente satisfeito. Mandei que saísse para que não me visse sem máscara ao comer. Estava realmente bom. Lavei a louça e fui dormir, trancando o quarto desta vez.

Acordei algumas horas depois com cheiro de.... panquecas? Mas que diabos.
Me levantei pronto para brigar com ela por me incomodar na madrugada, mas me distraí ao vê-la em frente ao fogão, de costas para mim, com uma perna apoiada na outra. O cabelo longo e ruivo dela estava meio desgrenhado, mas era bonito.
Ela se serviu de café e se virou para a mesa, quando me viu levou um susto. Senti vontade de rir.

- Não precisa fazer essa cara toda vez que me vê. - Eu disse tomando a xícara de café da mão dela. - Não vou te machucar.

De costas para ela abaixei a máscara por um instante e bebi um gole do café dela. Ela pareceu levemente contrariada, por baixo de todo esse medo.

- Faça panquecas para mim também. - Mandei.

-Bom, acho melhor você comer essas panquecas antes que esfriem, eu fico com as próximas. - Disse ela com um certo atrevimento quando chegou ao fogão. Achei engraçado. Puxei seu prato e comi as panquecas. Abaixei a máscara tranquilamente, pois ela parecia não querer me olhar.
Garotinha assustada... coloquei minha máscara de volta quando terminei.

Sentou ao meu lado para comer suas novas panquecas e eu continuei a observando descaradamente. Ela era bonita, não era a garota mais linda do mundo, mas era bonita.

- Como você se chama? - Perguntei

- Sophia. - Ela respondeu.

Sophia... bonito. Perguntei se ela não queria saber o meu, e quando ela perguntou acabei falando meu nome de verdade. Mas que merda?
Ela porém fez cara de descrença.

- Algum problema? - Perguntei.

- Me desculpe. - Ela respondeu mais que depressa. Medrosa. - É que parece um apelido.

Comecei a perder a paciência. Perguntei se as coisas que comprei serviriam e ela disse que não teve coragem de mexer. Mandei que olhasse e fui para meu quarto, peguei roupas, algumas armas e a chave do carro. Decidi que iria eliminar logo aquele sujeito para ter a semana livre.

Ao sair do quarto vi ela vestindo a calça que comprei, ficou grande, mas comentei que havia servido pra ver se ela discordaria, e mandei que fizesse mais daquela lasanha, estava ótima. Antes que eu saisse ela me pediu um livro.
Bom... eu tenho livros. Não gosto que encostem nas minhas coisas, mas uma prisioneira entediada pode ser perigoso. Vou ao meu quarto e pego um exemplar de O Senhor dos Anéis e empresto para ela, que me agradece com um sorriso bonito, me deixando meio desconcertado. Eu heim.

No elevador ela já havia sido varrida da minha mente, pois eu tinha um trabalho meio pesado para fazer.

PrisioneiraOnde histórias criam vida. Descubra agora