14 - Luke / Sophia

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Luke

Estava a caminho de casa, agora em meu próprio carro quando o meu celular tocou.

- Olá?

- Senhor Mike, me desculpa. Aconteceram alguns imprevistos no prédio. - Era a voz do proprietário e soava um pouco nervosa.

Imprevistos no prédio?

- Fala logo!

- Alguns homens entraram durante a noite e mataram o recepcionista, então subiram de andar em andar perguntando por um tal de Luke e atiraram em alguns dos nossos queridos moradores. Quando chegaram ao seu apartamento levaram aquela garota. Não se importaram com as câmeras.

Porra. Sophia...
Dei um soco no painel do carro.

- Eles deixaram um recado. - Avisou ele depois do meu silêncio. - Irei te mandar uma foto. E saiba que estamos dispostos a arcar com qualquer despesa para reparo dos danos, contamos com sua descrição para...

- Cala a porra da boca e me mostra essa merda. - Falei e desliguei. Menos de cinco segundos depois chegou uma foto para mim do meu apartamento. A porta estava estraçalhada e havia um recado no chão escrito com sangue. Porra.
Era um endereço. Eu conheço esse endereço... aquela filha da puta.

Sem pensar direito eu simplesmente mudei minha rota.
Por que fui inventar de manter Sophia comigo?

Dirigi a toda velocidade com a cabeça a mil. O que será que já fizeram com ela? Se acontecer de novo.... se acontecer de novo eu mato tudo e todos.

*****
Sophia

Três dias se passaram, minha carcereira fazia questão de me deixar ciente. Ao menos duas vezes por dia ela aparecia no quarto acompanhada por um cara mudo e mascarado, exalando um perfume exagerado e dizendo que Luke ainda não veio me salvar, que era uma pena, que talvez eu não fosse tão importante. Estava me dando nos nervos e eu gostaria de socar a cara dela. O que não seria possível, pois meus braços estavam extremamente doloridos.
Eles me soltavam uma vez por dia para ir ao banheiro e para comer. Sempre pão e um único copo d'água. Eu estava desidratada e fraca.

No quarto dia, quando ela entrou no quarto com seu amiguinho mudo e estava se preparando para começar o seu blá-blá-blá ouve um grande estrondo fora do quarto e sons de tiros começaram.
Ela se sobressaltou por um segundo, mas então tirou um canivete do bolso e se aproximou de mim, encostando a pequena lâmina gelada na minha garganta. O cara que estava com ela apontou uma arma para a porta e esperamos... cerca de dez minutos depois, que pareceram horas Luke escancarou a porta com uma arma na mão. A primeira coisa que reparei foi no sangue, seu rosto estava coberto de sangue e sua habitual roupa preta estava rasgada em várias partes, mostrando sua pele machucada.

- Oi, Sophia! - Disse olhando da arma apontada para ele até o canivete em meu pescoço.

- Deveria falar com a dona da casa primeiro, amor! - Interveio a mulher fazendo um beicinho.

- O que você quer, Bianca? - Perguntou Luke.

- Matou meus homens? - Perguntou ela.

Luke deu de ombros.

- Haviam poucos, matei dois jogando meu carro na casa e atirei nos outros três. Você continua descuidada.

- Eu descuidada? Você está em completa desvantagem, e ainda fez o favor de se ferir sozinho.

- O que você quer, caralho? - gritou ele dando um passo pra frente e ela apertou o canivete em minha garganta, senti o sangue quente escorrer.

- Gosta dela não é? Ou não se daria o trabalho de vir até aqui. Isso significa que eu posso me vingar de você finalmente.

- Isso tudo é porque eu te comi e não gostei? Supera, querida. - Debochou ele. Mexeu levemente os dedos na arma e Bianca puxou meu cabelos para trás.

- Não se atreva. Se você se mexer eu mato ela. Você sabe que eu faço.

Então ela começou a chorar. É sério? Essa mulher tá quase fatiando minha pele e está chorando?

- Vi vocês no baile, mandei seguirem o carro que te levou para casa. Mandei vigiarem o prédio até que você saísse por um longo período e então mandei pegarem a garota.

Luke não respondeu.

- Gostou de rever essa casa? - perguntou ela. - Nos divertimos aqui, não?

- Bianca...

- Ela já sabe quem você é, Luke? Sabe as coisas que você fez? Ela está disposta a viver com isso como eu estava?

Luke suspirou.

- Não. - respondeu

Olhei para ele procurando seu olhar, mas ele evitava meus olhos. Acabei de ouvir ele falar calmamente que matou cinco homens, mas foi para me salvar, não é?

- Sabe, querida... - Ela falou se dirigindo a mim. - Seu namoradinho costumava matar por esporte. Qualquer pessoa, qualquer um que tivesse o azar de cruzar seu caminho num dia ruim. Ficou tão bom nisso que começou a ser pago para o serviço.

Olhei para Luke incrédula. Eu já o vi coberto de sangue, já lavei suas roupas ensanguentadas... mas matar pessoas inocentes? Ele era mesmo capaz disso?

- Luke? - chamei e ele não respondeu.

- Sim, querida. Nós namoramos um tempinho, sabe? Chegamos a morar nessa casa, no meio do nada. Abri mão da minha vida de luxo.
Eu sabia o que ele fazia e sabia que ele precisava viver recluso. Eu estava disposta a tudo por ele. Ele não é um charme mesmo com essas cicatrizes?

- Bianca... - Chamou ele mais um vez.

- Então ele matou meus pais. Estava comigo apenas para ter acesso a eles, acredita? Recebeu uma fortuna pela morte deles, não é, Luke? Pessoas ricas costumam ter muitos inimigos. - Continuou ela. - Foi seu trabalho mais valioso, não é, Luke? Ainda tem o dinheiro?

Ela estava histérica. Cuspia as palavras entre lágrimas.

- Você podia ter só matado eles, seu desgraçado. Eles não precisavam ter sofrido, seu filho da puta psicopata. - Ela estava tão descontrolada que suas mãos tremiam me cortando mais. Luke deu mais um passo.

- SE VOCÊ SE MEXER EU CORTO A GARGANTA DELA!

Luke então olhou para mim, meus olhos cheios de lágrimas mal podiam enxergá-lo.

- Desculpa, Sophia! - Disse ele em voz baixa, e atirou no homem ao meu lado enquanto Bianca deslizava o canivete em meu pescoço.

PrisioneiraWhere stories live. Discover now