65 - Luke

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A dor da bala dentro do meu braço e a perda de sangue estavam quase me fazendo perder a consciência.

- Sophia, sei que é longe mas precisamos ir até o hospital que você ficou internada. - Falei.

Aparentemente ela pilotava moto muito melhor do que dirigia... ou talvez fosse o nervosismo.

- Longe. - respondeu ela sem me olhar. - Gustavo já está com os lábios roxos, acha que ele aguenta chegar lá?

Olhei para Gustavo, seus olhos estavam semicerrados e ele fazia caretas de dor.

- É isso, vamos ser presos. - conclui, encostando minha cabeça no banco e fechando os olhos, mas os abri rapidamente quando Sophia me deu um tapa na testa.

-Melhor presos do que mortos. E não durma e não deixe o Gustavo dormir. - mandou.

- Sim senhora... - Respondi me virando com dificuldade para cutucar a geleia que era Gustavo no momento.

Depois apertei o ferimento em meu braço e olhei de soslaio para Sophia. Ela estava descabelada, roupas rasgadas e tinha vários arranhões pelo corpo. Porém sua aura era puro estresse.

- Está zangada conosco? - perguntei. - Porque tipo... acabamos de levar um tiro cada só pra te resgatar e tal.

- Sete meses... e eu precisei ser sequestrada DE NOVO pra que um de vocês aparecesse?

Levantei as sobrancelhas.

- Haam... era justamente isso que queríamos evitar quando não fomos até você.

- E funcionou? - perguntou ela desviando assustadoramente em cima da hora de um idoso em uma bicicleta.

- Olha, vamos falar disso depois... quando você for nos visitar na cadeia.

- Vocês não vão ser presos, idiota. E eu não iria visitar você se fossem.

Eu estava pronto pra retrucar, mas Gustavo mesmo desfalecendo acenava negativamente pra mim. Bufei e voltei a me recostar no banco. Admirei Sophia, observando ela dirigir. Depois de tanto tempo sem estar perto dela tudo que eu queria no momento era poder abraçá-la, mas no seu estado de humor atual provavelmente eu acabaria sem braços se o fizesse.

Uma lágrima escorreu por sua face, observei ela deslizar e cair em sua roupa. As palavras de Ângelo voltaram a tona em minha mente e senti meu estômago revirar.

- Sophia... Ângelo tocou em você? - perguntei não me importando com sua reação... eu precisava saber.

- Luke... não. - Ela olhou para Gustavo pelo retrovisor. - Agora não, ok? Conversamos depois.

Engoli em seco e fiquei em silêncio o resto do caminho, que não foi longo pois Sophia dirigia rápido, ignorando sinais de trânsito e possíveis acidentes.

- Me lembre de nunca mais andar de carona com você. - Falei enjoado ao sair do carro. Abri a porta traseira para pegar Gustavo mas Sophia me impediu. Rapidamente ela fez sinal para funcionários do hospital, que vieram rápido com uma maca e o tiraram do carro. Observei levarem ele, agora desacordado... agora esse filho da mãe tinha crédito comigo por mais umas dez vidas.

- Vem. - Disse Sophia me puxando para dentro.

- Sophia, que hospital é esse? - perguntei observando o lugar. Era com certeza um local particular. - Puta merda, eu vou mesmo ser preso.

- Cala a boca, Luke. - Respondeu ela revirando os olhos. Se dirigiu até uma recepção e pediu por atendimento para mim. Vieram calmamente e ao perceberem que era um tiro me arrastaram para uma sala de cirurgia.

- Pera aí. - Falei me desvencilhando de um enfermeiro que tentava me fazer sentar em uma cadeira de rodas e olhei para Sophia. - Quando sair daquela sala vou te encontrar ainda aqui? - perguntei. Sophia me olhou com uma expressão indecifrável.

- Vai. - Respondeu.

°°°°°°

Acordei com alguns enfermeiros ao meu redor, que ao me verem de olhos abertos se apressaram a me examinar e fazer perguntas. Eu estava grogue no começo, mas consegui entender que retiraram a bala e meu braço não sofreria danos além de estéticos.

- Meu amigo... - perguntei me concentrando para não errar as palavras. - O outro rapaz baleado, está bem?

- Ainda não temos a informação, senhor. - Respondeu uma enfermeira jovem. Após anotar em algumas coisas e mexerem em mim mais um pouco todos se retiraram. Fiquei ali por mais tantas horas, em que vez ou outra alguém entrava para conferir minha recuperação da anestesia. Quando um rapaz entrou pela quarta vez segurei seu braço e perguntei que horas eram.

- Já anoiteceu. - Respondeu ele e saiu em seguida. Revirei os olhos e me pus de pé, arranquei o acesso do meu braço, e saí. O corredor estava vazio, segui por ele e abri a porta ao final, dei de cara com Sophia sentada ao lado de uma mulher. Ambas me olharam com espanto, Sophia se pôs de pé.

- Por que saiu do quarto? - perguntou me segurando pelo braço.

- Tédio. - Respondi.

- Ham-ham. - tossiu a senhora que estava com ela para chamar atenção. A olhei com mais atenção com a impressão de já tê-la visto.

- Ah... - Sophia olhava da mulher para mim. - Luke, essa é minha mãe. O hospital é dela.

Nota da autora: Estou postando mais de um capitulo por dia, confira se leu o anterior para não se perder na história. 🥰

Já vou postar o próximo

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