3 - Sophia / Luke

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Ele voltou cedo naquele dia, comeu a lasanha enquanto eu esperava na sala, longe de sua visão.
Eu estava me sentindo febril e meu machucado parecia estar inflamado, mas ainda assim não disse nada para ele sobre isso. Por algum motivo eu não queria incomodá-lo, o que era bizarro já que ele estava me mantendo presa.
Ouvi o som de louça sendo lavada, ele costuma limpar tudo que suja, então eu não tenho muito o que fazer nessa casa. Em menos de dois dias li quase todo o livro que ele me emprestou, eu já havia lido esse livro antes, fantasia é o meu gênero favorito, então estava satisfeita de ler novamente. Por motivo nenhum decidi olhar a parte de trás do livro e havia uma dedicatória:

Para Luke, que nossas aventuras sejam tão mágicas quanto essa. Assinado: Marcela

Será que era sua namorada? Hum, tanto faz.

- Pode lavar as roupas que estão nesse saco? - Me sobressaltei ao ouvir a voz dele. Ele estava segurando um grande saco preto.

- Claro. - Respondi largando o livro e pegando o saco das mãos dele. Levei para lavanderia e as coloquei na máquina de lavar. Percebi que estavam sujas de sangue e engoli em seco... de quem era esse sangue?
Liguei o ciclo da máquina e ao me virar vi que ele me observava como fez na cozinha.

- Sobre o sangue... - Começou ele mas eu o interrompi.

- Não é da minha conta. - Falei e ele ergueu as sobrancelhas.

- Não mesmo. - Respondeu com rispidez e saiu. O que diabos foi isso?

Alguns dias se passaram mais ou menos iguais, ele não saiu mais, porém eu quase não o via a não ser na hora das refeições ou quando ele me entregava roupas para lavar. Ele também colocou alguns livros ao lado da televisão para que eu não precisasse pedir.

As vezes ao cruzar comigo por acidente ele parecia ficar bastante irritado, então eu rapidinho saía do seu caminho.
Estava me sentindo sozinha e com tanta saudade da minha família que chegava a doer, sempre chorava durante a noite ou nos banhos para que ele não me ouvisse.

Depois de cinco dias ele finalmente saiu. Eu estava me sentindo tão mal que nem me levantei do sofá para comer, meu machucado estava muito inflamado e eu estava com febre. Passada algumas horas decidi que deveria tomar um banho para abaixar a febre, mas ao chegar no banheiro e tirar a camisa eu simplesmente desmaiei.

*****

Luke

Passei a semana bem irritado em dividir um teto com alguém, principalmente essa garota que se tremia de medo ao me ver, e olha que ela nem havia me visto sem máscara ainda. Eu poderia me livrar dela, então por que ainda não fiz? Poderia simplesmente libertá-la, ela não tem nada que possa me incriminar.

Estou sentado numa praça observando um fodido que não tira os olhos das meninas que brincam no escorregador. Quando os pais das crianças as levam embora acabando com a brincadeira ele se afasta e vai em outra direção. Eu iria seguí-lo, pegar aquele cretino não seria trabalho nenhum. Já faz semanas que o vejo observar as meninas no parque, e já até tentou falar com algumas, mas não me sinto muito animado hoje.

Uma mulher ruiva passou perto de mim com um sorvete e falando ao telefone, de repente sorriu e jogou os cabelos para trás.
Os cabelos da Sophia são mais bonitos, pensei. Mas que merda?

Acho que tenho tratado essa garota com muita frieza, eu não a sequestrei afinal de contas, eu a salvei daqueles cretinos... e a mantive presa. Bom, eu paguei por ela, não é? Aqueles caras me deviam milhões de reais, e eu abri mão para tirar ela das garras deles. Ela era minha agora.

PrisioneiraWhere stories live. Discover now