53 - Sophia

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Gustavo e Luke me tiraram do hospital e me enfiaram no carro. Luke sentou no banco de trás ao meu lado e passou o braço por meu ombro enquanto esperamos Gustavo, que voltou para buscar minhas coisas e brigar mais um pouco com a equipe de enfermeiros e seguranças.

Me senti culpada pela crise que tive. Encarei meus joelhos sentindo o olhar de Luke sobre mim.

Quando Gustavo retornou e ligou o carro eu tirei suavemente a mão de Luke dos meus ombros. Ele parecia prestes a protestar mas se conteve.

Eu não falava com ele a semanas e não seria agora que iria voltar a fazê-lo. Ele disse que me ama, sim... e daí? Ele poderia ter dito isso muito antes ao invés de esperar um momento de desespero para tomar coragem.

Ele também disse que pode mudar por mim... mas não estou disposta a esperar.

Quando entramos no quintal de Luke e saímos do carro Mike apareceu na janela, colocando as patinhas no vidro e farejando agitado. Sorri sentindo os músculos da minha face doerem por falta de uso. Luke me estendeu a mão para me ajudar a andar até em casa, mas recusei e segurei nos braços de Gustavo, que riu com deboche para ele.

A primeira coisa que fiz foi pegar Mike e ir para o quarto. Antes de subir as escadas com o auxílio de Gustavo observei Luke se jogar no sofá e cobrir o rosto com as mãos.

- Ele também não tem estado muito bem... você sabe. - comentou Gustavo.

- Bom... - Respondi. - a culpa é dele mesmo, não é?

Gustavo não respondeu, apenas me ajudou a sentar na cama, pôs uma coberta sobre minhas pernas e perguntou se eu precisava de algo.

- Não, obrigada... - Respondi de repente me sentindo mal e culpada por todo o cansaço que lhe causei - Você faz tanto por mim sem nem mesmo me conhecer direito. Espero retribuir um dia.

- Ei... - Respondeu Gustavo cruzando os braços. - Me ofereci como amigo, não é? Estou fazendo o mínimo.

Mike subiu em meu colo me causando uma careta de dor, acariciei suas orelhas e suspirei... o dia mal começou e já parecia tão longo. Gustavo se sentou na beirada da cama me avaliando.

- O que foi? - perguntei.

- O que pretende, Sophia?

- Como assim?

Gustavo bateu os pés levemente no chão, buscando palavras.

- Hum... - Ele pegou em minha mão e a acariciou. - Agora que você está em casa eu vou ter que sair pra resolver algumas coisas... trabalho.

Arregalei os olhos.

- Vai me deixar sozinha com o Luke? - perguntei assustada.

- Ora, Sophia... ele não vai te fazer mal.

- Ah, não? - perguntei com sarcasmo.

- Perguntei o que pretende porque acho que assim que você ficar boa irá embora, não é?

- Lógico.

- Só não atente mais contra a sua vida, okay? - Disse ele. - me retribua desse jeito.

Sorri e concordei. Gustavo sorriu de volta mas ficou sério em seguida.

- Podemos falar sobre o Luke? - perguntou. - Não achei que seria uma boa ideia falar sobre isso, mas aí você pensou em se transformar em purê e eu acho que devemos conversar.

Eu posso negar algo a Gustavo depois do que ele fez e faz por mim?

- Claro. - concordei.

- Talvez eu seja suspeito por pedir isso... somos amigos a muitos anos. Mas por favor, tente não transformar o amor que você sente por ele em ódio.

PrisioneiraWhere stories live. Discover now