Prisioneira

8 - Sophia

Luke pôs sua máscara de volta e eu passei as mãos no cabelo tentando arrumá-lo, descemos do carro em frente a um grande portal de ferro e Luke me estendeu o braço, que eu segurei tentando conter o tremor em minhas mãos gerado pela ameaça que ele acabou de me fazer.

- Não fique com medo, ninguém aqui pode te fazer mal. - garantiu ele em tom descontraído julgando errado a tensão em meu corpo. Cantarolava baixinho quando tirou do bolso um cartão e entregou para um senhor de terno que estava parado ao lado do portão. O homem furou o cartão com um aparelho e devolveu, Luke enfiou no bolso e me guiou por um caminho de pedras cercado por luzes. Isso era um tipo de jardim? Ouvi música e vozes ao longe, caminhamos um pouco mais e eu pude ver a origem do som... era literalmente um mini castelo.

Entramos pela grande porta de madeira que dava para um grande salão. Era lindo. Com lustres de cristais e mesas cobertas de cetim branco e arranjos de flores vermelhas. Mal pude observar as pessoas que usavam máscaras quando um homem alto de cabelos loiros se aproximou de braços abertos.

- Mike! Que bom te ver aqui mais um ano. - Disse com um forte sotaque que eu não pude identificar dando um abraço e palmadas nos ombros de Luke, que pareceu ficar muito desconfortável. - Ainda no mesmo ramo ou já decidiu crescer? Sabe que tem um lugar pra você entre nós.

- Obrigado. - Disse Luke pegando em minha mão, fazendo com que o tal de Ângelo me notasse. - Mas gosto de um trabalho com menos cobranças.

- Tem uma acompanhante, que indelicadeza a minha. - Ângelo pegou minha outra mão sem esperar que eu a estendesse e a beijou. - Devo admitir que escolheu bem esse ano.

Luke pareceu inchar de raiva.

- Ela não é uma prostituta! - Respondeu com a voz mais calma do que seu corpo aparentava estar. - Se me der licença, vou procurar uma mesa.

- Ah, me desculpe! - Respondeu o outro aparentando surpresa, seus olhos azuis brilhavam por baixo da máscara. - Nos vemos de novo antes da festa acabar então.

Luke me puxou para longe dele respirando pesado e procurando uma mesa vazia.

- Por que ele achou que eu fosse uma prostituta? - Perguntei, quase sendo arrastada.

- Não achou, falou aquilo para me provocar. - Respondeu Luke achando uma mesa e me fazendo sentar. - Fique aqui um instante, vou buscar algo para beber.

Obedeci, confusa. Que raio de lugar é esse? Não é como se eu fosse tentar fugir daqui e Luke sabia disso. Poucos minutos se passaram quando um rapaz se aproximou de mim e se curvou estendendo a mão.

- Senhorita, te vi chegando acompanhada do Mike, onde ele está? - Perguntou após beijar minha mão. Que povo beijoqueiro, não conhecem o aperto de mão?

- Foi buscar uma bebida. - Respondi. O rapaz então me olhou de cima à baixo e deu um sorriso.

- De onde se conhecem? - Perguntou sem muitos modos. Ele parecia ser bem jovem.

- Ah... - Como responder que estou sendo sequestrada pelo cara que também estou trocando uns beijos?

- Não te interessa, não é, Matheus? - Luke chegou de repente, colocando um balde de gelo com champagne e vinho na mesa, então se virou e apertou as mãos do garoto, que estava sorrindo. - Vai sentar conosco?

- Ah, não. Não quero atrapalhar, só queria te cumprimentar. Meu pai não pôde vir esse ano, tenho que conversar com os caras no lugar dele.

- Bom, mas sente aqui um pouco. A festa nem começou. - Respondeu Luke sentando ao meu lado e servindo vinho nas taças que estavam sobre a mesa. O rapaz deu de ombros, se sentou e pegou uma das taças. Eles conversaram sobre coisas que eu não entendia, sobre transporte e encomenda de algo. Eu também não conseguia prestar atenção pois o vinho misturado com o champagne que eu já havia bebido no carro estavam me deixando meio lerda.
Era legal ver os caras máscarados com acompanhantes de corpo escultural e vestidos lindos andando de um lado a outro do salão. Garçons traziam comidas bonitas que pareciam caras, recusei a maioria com medo de vomitar. Mais dois homens se juntaram a nós na mesa, conversando animadamente. Um deles não tirava os olhos de mim e Luke pareceu perceber mas não comentou nada. Começaram a conversar sobre coisas que eu entendia, tipo filmes lançados esse ano e os melhores tipos de massa para servir em uma festa. Eu quase me senti normal.
O cara que não tirava os olhos de mim comentou sobre a sorte de só precisar lidar com "Mike" duas vezes ao ano por causa da sua bipolaridade, eu ri e Luke cerrou os olhos em minha direção.

- Vamos dançar. - Disse de repente me puxando pela mão para o centro do salão onde já havia algumas pessoas dançando. Pôs minhas mãos em seus ombros e as suas em minha cintura, puxando meu corpo para si. Ele era muito... dominante. - Está se divertindo?

- Bem... sim. - Respondi, mas sem conseguir me conter perguntei:

- Quem são essas pessoas, Luke?

Ele franziu as sobrancelhas como se estivesse pensando em como ou se deveria responder, olhou ao redor e então olhou nos meus olhos.

- Bom... vê aquele grupo sentado à sua esquerda? - Disse rodando para me deixar de frente para essas pessoas. - Exército.

Ele observou minha reação curiosa parecendo achar graça, enquanto dançavamos lentamente me virou de novo.

- E aquele grupo próximo à mesa de doces, consegue ver? - Afirmei que sim. - Máfia.

Dessa vez eu realmente fiz cara de surpresa e ele riu.

- O salão está muito cheio, não posso te apontar todos, de qualquer forma não sei todos. Mas temos polícia, políticos, assassinos, homicidas, mafiosos.... bem vinda ao submundo, querida! - Completou com uma piscadela.

- E qual desses grupo está patrocinando todo esse luxo? - Perguntei curiosa. Luke cerrou os olhos mais uma vez.

- Você faz perguntas espertinhas, não é? Mas eu não sei quem é o idiota que patrocina. Talvez alguém interessado em tudo que esses grupos podem fazer? Não há um líder, tirando as máfias que têm sua hierarquia, mas até eles sabem que é conveniente esse tipo de "convivência", afinal, ninguém pode fazer negócio consigo mesmo.

- E por que você está aqui também?

Luke apertou minha cintura com mais força. O contato do seu corpo no meu estava me deixando quente com a ajuda do álcool.

- Isso eu ainda não sei se devo te contar, medrosa.

NOTA DA AUTORA: Oii, pessoas :D Próximo capítulo terá hot, heeim.🤭

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